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Conheça os benefícios dos momentos de silêncio no seu dia
Christopher Sardegna
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As notificações do celular, os ruídos do trânsito, a TV ligada ao fundo e os sons que chegam pela janela parecem estar presentes em quase todos os minutos do dia. Embora existam sons agradáveis, como a música, o mar e o canto dos pássaros (que nos trazem calma e contemplação), são outros barulhos que ocupam nosso cérebro e reduzem os momentos de silêncio e sua capacidade de serem aproveitados.

Substituímos os sons suaves pelo barulho das turbinas dos aviões, secadores de cabelo e aspiradores de pó. Por isso, mesmo em lugares sagrados, o silêncio se tornou opressivo em vez de valioso. Além disso, o tempo que costumávamos dedicar à introspecção e à reflexão agora é preenchido, com pouca resistência, pelas redes sociais e pelos dispositivos tecnológicos mais recentes.

Nos tornamos dependentes do ruído e sentimos a necessidade dele para sobreviver. Seja a música enquanto arrumamos a casa, o barulho constante da cidade ou a playlist perfeita para relaxar durante o trabalho. É estranho pensar que o silêncio, em certos momentos, pareça difícil de ser contemplado e aproveitado, especialmente porque ainda o encaramos como uma ausência, um vazio, em vez de reconhecê-lo como uma força poderosa e essencial para nossas vidas.

LEIA TAMBÉM: Como encontrar o seu silêncio

O silêncio muitas vezes nos causa desconforto, como quando estamos no elevador e buscamos iniciar conversas banais para evitar o peso do silêncio diante dos outros. Por outro lado, as pessoas que preferem o silêncio e são mais introvertidas frequentemente são mal compreendidas nos círculos sociais. Além disso, em momentos de nervosismo, tendemos a falar incessantemente.

O silêncio está em risco

Os momentos de silêncio, além de raros, parecem até mesmo impossíveis em sociedades tão frenéticas. Segundo Justin Zorn e Leigh Marz, cerca de 65% da população europeia, aproximadamente 450 milhões de pessoas, vivem com níveis de ruído considerados prejudiciais pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No livro escrito pelos autores, O silêncio vale ouro (Sextante), eles exploram a realidade barulhenta do mundo e ensinam como cultivar a quietude, viver com mais energia, clareza e conexão.

Embora a tarefa possa parecer desafiadora, encontrar momentos de silêncio e contemplação é possível. No entanto, cada pessoa terá seu próprio caminho e descobertas para determinar seu ritmo de vida. Encontrar o silêncio em uma cidade como São Paulo, por exemplo pode ser mais difícil do que em um pequeno município no interior.

No entanto, não é apenas no mundo externo, com o barulho do trânsito e das ruas, que o ruído se manifesta em nossa vida. A chamada “voz interior” também ocupa cada vez mais espaço em nossos pensamentos e momentos de reflexão. O ritmo acelerado da vida, combinado com a instantaneidade das redes sociais, intensifica a produção de pensamentos.

Ethan Kross, psicólogo da Universidade de Michigan, estima que a maioria das pessoas que vivem nos tempos modernos precisa lidar com algo equivalente a ouvir cerca de 320 discursos do Estado da União em termos de monólogos internos todos os dias.

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Introduzindo momentos de silêncio

Encontrar lugares e momentos ideais para a prática do silêncio e da contemplação pode parecer difícil. Nos Estados Unidos, por exemplo, Justin Zorn e Leigh Marz explicam que as pessoas recebem cinco vezes mais informações do que em 1986. As redes sociais funcionam 24 horas por dia e as notícias nos portais online são constantemente atualizadas. Encontrar momentos de paz em meio a tudo isso pode parecer impossível.

“O aumento do número de e-mails, mensagens de texto, comunicações instantâneas e notificações de mídia social é acompanhado pela expectativa de estarmos sempre conectados, prontos para ler, reagir e responder”, destacam os escritores no livro.

Apesar desses desafios, podemos seguir três passos principais, conforme explicam os autores:

  1. Prestar atenção nas diversas formas de interferência auditiva, informacional e interna que surgem em nossa vida e aprender a navegar por elas;
  2. Identificar os pequenos momentos de paz que existem entre todos os sons e estímulos. Buscar esses espaços, saboreá-los e mergulhar profundamente no silêncio, mesmo que seja por apenas alguns segundos;
  3. Cultivar momentos de silêncio profundo, até mesmo de um silêncio arrebatador, de tempos em tempos.

Aplicando o silêncio no cotidiano

Encontramos o silêncio na respiração, nos momentos de pausa entre inspirar e expirar, entre os pensamentos e as palavras trocadas com amigos. Ele se manifesta naquela sensação aconchegante antes do despertador tocar, quando estamos debaixo das cobertas.

Está presente nos breves intervalos de três minutos fora do ambiente de trabalho agitado, sentados em um banco ao sol. O silêncio se revela nos momentos simples em que paramos e nos permitimos ouvir: os cantos dos pássaros, a chuva, ou mesmo o próprio silêncio, conectando-nos à essência pura do ser. Podemos começar a cultivar esse espaço de tranquilidade identificando o ruído ao nosso redor e gradualmente reduzindo o volume, dia após dia.

“O silêncio mais profundo não é apenas uma ausência; é uma presença que pode nos centrar, nos curar e nos ensinar”, afirmam os autores. Praticar o silêncio pode ser tão benéfico quanto sair para uma balada ou ouvir um concerto musical. Não se trata de comparar o que é mais importante, mas sim de encontrar um equilíbrio entre essas atividades para alcançar um estado saudável de bem-estar.

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