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Por que comecei a meditar e o que aprendi com isso
Hristina Šatalova
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Aprender é uma das coisas que mais gosto de fazer na vida. Muitas coisas me interessam e todas as coisas podem me interessar, dependendo do professor. Se ele conseguir aguçar a minha curiosidade e criatividade para que eu perceba de que forma aquilo pode me ajudar a compreender melhor o mundo e a mim mesma, eu o ouço com alegria e atenção.

Mas como filha do Ocidente, sempre acreditei que para encontrar conhecimento precisava ir às escolas e bibliotecas. Essa crença acabou me moldando até os meus trinta e pouco anos. A forma como eu via e entendia o mundo, as minhas relações e os acontecimentos da minha vida eram compreendidos a partir do paradigma da racionalidade e de uma perspectiva de tempo linear que me permitia encontrar correlações de causa e efeito.

Entretanto, por volta dos meus 33 anos, me vi em uma situação completamente inexplicável do meu ponto de vista cartesiano. Era início de 2007, tinha acabado de me divorciar, com duas crianças bem pequenas, um doutorado pela frente e sem emprego.

Aprendendo uma nova forma de aprender

Foi aí que compreendi que a minha forma de perceber a realidade não estava dando conta de responder às centenas de perguntas que se multiplicavam a respeito do passado, do futuro e também das poucas que tinha a respeito do presente.

Até aquele momento, confiava cegamente na minha mente para ajudar-me a compreender o mundo e encontrar caminhos para os desafios que enfrentava. Afinal, ela sempre tinha se mostrado muito eficaz na busca de soluções e mesmo que não soubesse a resposta, não descansava até que a encontrasse. Mas, diante daquela situação, ela não conseguia me dar resposta alguma. Isso me levou a um ciclo de ansiedade, dificuldade de dormir e a um estado de hipervigilância. Ou seja, uma bagunça total.

Naquela ocasião, estava tão atordoada e confusa, que bastava alguém me dizer que determinada coisa me ajudaria a encontrar a paz que eu tanto desejava, que eu iria experimentar. Felizmente, não precisei procurar em muitos lugares. Em pouco tempo, meu desejo por uma mente mais tranquila, alegre, confiante e produtiva encontrou refúgio na prática da meditação.

Por mais de 10 anos fui ensinada e guiada formalmente por um conjunto de amados e sábios professores que me ensinaram a aprender mais sobre o mundo que me rodeia e, acima de tudo, sobre mim mesma, através da percepção e do sentir. A partir dessa compreensão, minha maneira de ver o mundo e minha relação com o aprendizado mudaram de forma radical. Havia entendido que poderia me tornar meu melhor professor e consultor, por meio da consciência e auto-observação.

A despeito de todas as dificuldades, empecilhos e limitações que minha mente insistia em colocar, continuava meditando diuturnamente. Nesta jornada fui descobrindo formas, nuances, rincões distantes, memórias e potencialidades não desbravadas, que aumentavam minha percepção e conexão com o meu universo interior.

À medida que aprofundava esta conexão, sentia-me mais empolgada e confortável com minha mente e com o que ela me trazia. Não havia medo e nem lugares desconfortáveis ou proibidos dentro de mim.

Enquanto evoluía neste caminho, percebia a ligação direta entre os entendimentos que fazia em meditação e os eventos, relações e situações a minha volta. Foi ficando, então, cada vez mais claro, que o que acontecia dentro de mim, repercutia do lado de fora, como uma grande caixa de ressonância. Nessa observação, compreendi que existem muitas outras formas de se aprender nesta vida, além dos livros e salas de aula e da própria experiência do fazer.

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Entendi que era possível aprender comigo mesma em um estado de maior sabedoria, entrega e também com consciências mais amorosas e elevadas, sempre que me colocava humildemente em estado meditativo, com esta intenção. Com o tempo, minha mente se tornou minha grande amiga e companheira de todas as horas.

Com o passar dos anos, decidi juntar esse conhecimento que surgia e se aprofundava intuitivamente com meu background acadêmico e profissional e fui elaborando palestras, cursos e workshops que acabaram se transformando em um conjunto de conhecimento que chamo de Gestão de Si. Este programa acabou dando origem ao desenvolvimento de um curso pautado na meditação e na autoconsciência que atualmente é oferecido em empresas, instituições de ensino e também para indivíduos.

A descoberta deste caminho mudou profundamente a maneira de me posicionar no mundo e de lidar com os eventos que chegam a todo o momento. Desde que eu aprendi a meditar, tive a certeza que faria isso pelo resto da minha vida. A meditação é uma ciência milenar que não só nos ajuda a pacificar, equilibrar e harmonizar nossas dimensões mentais, emocionais, energética e física, como também, nos aproxima de nossa dimensão intuitiva e espiritual.

É uma espécie de janela em que podemos nos debruçar diariamente com o intuito de conhecermos melhor sobre nós mesmos e o mundo que nos rodeia. E que quanto mais praticamos, mais descobertas fazemos em uma espiral ascendente de compreensão e conexão com toda a realidade.

Desde 2007, mais de 15 anos se passaram, e até hoje a meditação me surpreende em sua capacidade extraordinária de nutrir, renovar, transformar e curar minha vida. Apesar de uma parte de mim ainda necessitar de explicação, de desejar controlar o futuro, de criar expectativas e querer ter razão, uma parte maior já sabe sobre o compartilhar, o confiar, a entrega e o fluir. E é por causa desta parte que cresce dia após dia, que nada me deixa mais feliz do que ajudar outras pessoas a descobrir o enorme manancial de potencialidades que existe dentro delas, por meio dessa prática simples, milenar e potente.

*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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