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Aprenda a dizer não: veja como colocar limites educadamente
Priscilla Du Preez | Unsplash
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Dizer “não” de maneira educada é um desafio que, por muito tempo, parecia distante para a garota boazinha que sempre concordava. Nascida de pais separados, aprendi, aos dezenove anos e com a chegada do meu primeiro filho, que estabelecer limites é fundamental. No entanto, como comunicar as negativas sem soar arrogante ou mal-educada? A resposta está em dialogar com firmeza e honestidade. A seguir, mostro um pouco da minha jornada e os aprendizados que colhi pelo caminho.

A menina boazinha que dizia sim

Filha de pais separados, cresci como a boa menina que dizia sim. Sempre na estrada, entre uma cidade e outra, uma família e outra. Carregava na mala o medo de não ser amada o suficiente, embora na época não compreendesse muito bem os sentimentos e as situações.

Meu estômago embrulhava só de pensar em magoar os outros. Aborrecer, atormentar. E, com isso, eu me magoava, me aborrecia, me atormentava. Antes eu do que eles, não? Não. E demorei muito a perceber isso.

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Por que impor limites é tão difícil?

A entender que ter uma boa relação com as pessoas, com a vida e com nós mesmos está diretamente relacionado a aprender a dizer não. A deixar claros os nossos limites. O que nos afeta. Nos importa. Nos motiva. Ou não.

Mostrar que somos uma pessoa única, com medos, desejos, fragilidades e fortalezas que nem sempre – quase nunca – correspondem às expectativas daqueles com quem compartilhamos nosso dia a dia. Em casa ou no trabalho. No ambiente público ou privado. Por escolha ou obrigação.

Dizer “não” pode doer

Eu só comecei a falar não aos dezenove anos, quando meu primeiro filho nasceu. Compreendi que não poderia fazer com ele o que havia comigo. Deixá-lo em segundo plano. Ceder naquilo que eu acreditava ser o melhor por medo de dizer não, de magoar quem quer que fosse. Foi difícil. Foi doído. Quantas vezes eu chorei na frente do outro ao me negar a fazer o que queriam? E quantas perdi o controle? Quantas ensaiei um milhão de vezes o que dizer e como dizer para causar o mínimo de sofrimento e, ainda assim, fui a causa da mágoa de alguém?

Aprender a dizer não é um percurso que traz dor. Pregar o contrário é dar caminho fácil para uma jornada sinuosa, com muitas curvas perigosas e terrenos irregulares. Mesmo assim, é extremamente libertador. É conquistar a tranquilidade de seguir em frente delimitando as fronteiras fundamentais não só para autonomia como para a constituição como indivíduo.

E só um indivíduo com suas singularidades tem condição de estabelecer bons relacionamentos, de oferecer ao outro o respeito necessário para construção de uma história em comum, ou não.

Como dizer “não” de forma educada e sem ser arrogante

Mas, como falar não sem ser arrogante? Sem passar da garota boazinha para a insensível grossa e egoísta? Essa parte é tão difícil quanto aprender a dizer não. Em geral, ficamos nervosos e falamos como se estivéssemos errados, pedindo desculpa. Ou disparamos com violência e imposição.

O melhor é, em primeiro lugar, aprender a conversar com calma, sem subir o tom, mas com firmeza e segurança. Portanto, sem pedir desculpas por não poder pegar mais uma tarefa, atravessar a cidade para buscar uma encomenda ou emprestar o cartão de crédito.

É dizer algo como:

  • “Agradeço por pensar em mim, mas não posso nesse momento”
  • “Obrigada por se preocupar, vou levar sua opinião em consideração”
  • “Entendo, mas farei de outra forma, obrigada, que bom que cada um pode ter a sua opinião”

Impor limites saudáveis é como andar de bicicleta

Por fim, falar é fácil, fazer é complicado, é verdade. Mas é como aprender a andar de bicicleta ou aprender a nadar. Ou seja, a gente leva uns tombos, engole água, mas consegue. E nunca mais esquece.

Com a prática, pega o jeito. Aprende a trocar a marcha na subida, descansar na descida, respirar para melhorar a braçada. E, assim, vamos longe, com o vento da liberdade no rosto e a fresca de um mergulho na água.

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