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Como criar relacionamentos positivos?
Felix Rostig
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A primeira vez que ouvi falar de comunicação não-violenta, foi em 2015. Quando meu marido, Marcelo, e eu, começamos a nos encontrar com Fabiana Maia – uma psicóloga que iria celebrar nosso casamento. Naquela época, procurávamos alguém que pudesse conduzir a celebração do nosso ‘encontro de almas’, de uma maneira espiritualizada e significativa. Conectada com nossas crenças e valores. 

Pelas sincronicidade da vida, achamos Fabi, que nos propôs fazermos uma espécie de “terapia de casal”, antes do casamento. A ideia era que pudéssemos olhar, com cuidado e apoio, para temas que tinham potencial de gerar conflitos no futuro. Então, caso e quando os conflitos surgissem, estaríamos mais preparados para lidar com eles. Foi assim que a nossa querida “guru”, nos apresentou à famosa CNV, sistematizada pelo psicólogo americano Marshall Rosenberg. 

Naquele momento, eu nem imaginava que as contribuições de Marshall, iriam impactar minha vida para muito além do casamento. Anos depois, fiz uma significativa mudança de carreira e de vida. Passei a dar aulas e fazer atendimentos individuais, compartilhando o que havia aprendido sobre essa “nova” maneira de se comunicar. E de aprimorar os relacionamentos.  

O poder da conversa

Relacionar-se é uma necessidade psicológica básica. E nossos relacionamentos são o primeiro indicador de bem-estar. Como destaca Henrique Bueno (CEO e fundador do Wholebeing Institute Brasil):

“As pessoas mais felizes são aquelas que são mais capazes de construir relacionamentos positivos consigo mesmas e com os outros”. 

Daí a importância de cuidarmos de nossos relacionamentos com atenção! 

Henrique lembra ainda que “é muito comum que a gente viva momentos da nossa vida no piloto automático. Fazendo o que tem que ser feito. Sem muita reflexão, sem muitas ações deliberadas”. E isso é um grande perigo para os relacionamentos. Além disso, nós somos seres linguísticos. Vivemos na linguagem. O que significa dizer que a comunicação é uma ferramenta fundamental nas nossas relações. E, de acordo com Susan Scott:

“Embora uma única conversa não garanta a mudança de trajetória de uma carreira, uma empresa, um relacionamento ou uma vida – qualquer conversa tem o potencial para isso”. 

Se uma única conversa tem esse potencial transformador, é muito importante estarmos presentes e conscientes nas nossas conversas. Em alguns momentos, vale, inclusive, nos prepararmos para elas. Escolhendo nossas ações de maneira mais deliberada. Por exemplo, podemos escolher a maneira como escutamos. Podemos decidir suspender nossos julgamentos, enquanto o outro fala. Podemos cuidar daquilo que declaramos e estarmos atentos aos pedidos, ofertas e promessas que fazemos.

Nesse sentido, a proposta de Marshall Rosenberg pode nos ajudar a criar, fortalecer e reconstruir nossas conexões. Tanto conosco mesmo, quanto com os outros e com os sistemas sociais onde estamos inseridos.

Através do processo da CNV, Marshall propõe que estejamos mais presentes e atentos em nossas interações. Buscando identificar aquilo que está vivo em nós e no outro. E na nossa humanidade compartilhada – aquilo que nos conecta. 

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Aplicando na sua vida

Agora vamos trazer para a prática a proposta de Rosenberg e avaliar o impacto disso em nossas relações. Pare por um momento e pense em algum conflito recente que você experimentou em qualquer relacionamento (pessoal ou profissional). Pegue um papel e uma caneta, e escreva:

  • O que a pessoa disse ou fez que lhe causou desconforto? 

Atenção! Aqui você deve registrar puramente o que você observou. Exclua os seus julgamentos ou a sua avaliação sobre o fato. 

  • Escreva o que você sentiu em relação ao que observou. Procure nomear o sentimento.
  • Busque conectar seu sentimento às suas necessidades. Ou seja, eu senti (nome do sentimento) porque eu preciso de (…) ? Aqui entra a sua necessidade não atendida.

Nesse ponto, Megan McDonough (co-fundadora do Wholebeing Institute) levanta uma questão relevante: “se não sabemos do que precisamos, como podemos tomar ações construtivas?”. E isso faz todo sentido!

  • Por fim, elabore um pedido. Esse pedido pode ser feito para você mesmo(a) ou para outra pessoa. 

Marshall sugere que façamos pedidos em uma linguagem clara, positiva e com ações concretas. Assim, podemos revelar o que realmente queremos, com isso, fazer pedidos que enriqueçam nossas relações e, consequentemente, nossas vidas. 

Mas, o trabalho não para por aí. Como Megan pontua, “se seu objetivo for uma relação conectada e real, é necessário compreender as necessidades do outro” e procurar receber empaticamente o que vem dele. Assim, o mesmo processo descrito anteriormente, poderá nos ajudar a identificar, também, o que o outro precisa.

É também o que podemos fazer, a fim de criar as condições necessárias, para que o outro tenha suas necessidades atendidas.

Nossos relacionamentos estão sendo construídos, fortalecidos e reconstruídos dia após dia. E eles têm um enorme potencial de adicionar mais bem-estar e felicidade em nossas vidas. Por isso, precisamos cuidar deles com bastante consciência, atenção e empatia. 

Mãos à obra!

*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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