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Veja como criar sua melhor versão
Farshad Rezvanian
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Conhecer nossas múltiplas versões é um passo importante no caminho do bem-estar e da felicidade. Isso nos dá a preciosa oportunidade de moldar a melhor versão de nós mesmos.  


Quando comecei a namorar com o Marcelo, em 2014, ele enxergou em mim algo que eu reconhecia, mas não dava importância. Era como se eu aceitasse que aquilo fazia parte de quem eu era, e ponto. Ele, que tem um olhar, naturalmente, mais positivo e otimista diante da vida, me ajudou a jogar luz sobre o meu olhar. Naquela época, meu foco era muito mais voltado para a falta, o que precisava melhorar, a dificuldade, o problema.

Parece que eu nasci naquele grupo de pessoas que tem o tal “set point da felicidade” mais baixo. Biologicamente, em alguma medida, pareço ter mais dificuldade para enxergar as coisas boas. Mas, felizmente, quando Marcelo chegou em minha vida, me ajudou a perceber que era possível mudar essa realidade.

Nosso encontro inaugurou um período de profundo autoconhecimento. E, esse mergulho em mim me levou a fazer mudanças significativas, que tornaram minha vida mais plena. Afinal, como aponta a pesquisa da Dra. Sonja Lyubomirsky, nossa felicidade é consequência de três componentes: nossa biologia, as circunstâncias e nossas ações.

E foi exatamente nesse último pilar, das escolhas e ações, que eu pude mudar minha história. Então, larguei uma carreira bem-sucedida e decidi recomeçar por um novo caminho profissional, mais alinhado com a minha essência.

Tirei um ano sabático para viajar pelo mundo. Mudei para outro país para experimentar uma nova forma de viver a vida. Tornei-me mãe e lancei um livro. Foi trilhando esse caminho de viver cada vez mais uma vida intencional, que passei a moldar a mim mesma. E, consequentemente, as lentes pelas quais escolhi enxergar a vida.

Nossas múltiplas versões 

Acontece que, mesmo vivendo a vida que escolhi, eu enfrentava conflitos internos. Sentia dificuldade de estar mais conectada com a apreciação, a gratidão e o desfrute. Então, resolvi agir, ao invés de me resignar. E escolhi mergulhar na ciência do bem-estar e da felicidade. Sentia que parte da minha cura, passava por ali.

E estava certa! Na primeira aula da Certificação Internacional em Psicologia Positiva, Henrique Bueno (CEO do Wholebeing Institute Brasil) me acolheu, sem saber. Ele disse que não é de se admirar que o caminho para uma vida mais plena e feliz pareça confuso, afinal, “é um caminho cheio de bifurcações, conflitos e opiniões diferentes”.

Isso acontece, em parte, porque às vezes pensamos que somos um só EU, atuando nas mais diversas situações. Mas estamos enganados! O ser humano é formado por múltiplas versões de si mesmo. E isso nos torna bem complexos.

Essas partes juntas constroem, em nossas mentes, quem somos. Mas, muitas vezes, não estamos familiarizados com todos esses EUs. E isso pode dificultar a escolha de ações que contribuam com a vida que desejamos viver. De uma maneira bem simplificada, a psicologia aborda essas diferentes versões, ou modelos mentais, assim:

  • Você, no momento presente, sendo exatamente quem é e como é. Com tudo que tem de positivo e negativo. É o seu EU autêntico.
  • Quando está conectado(a) e atuando com o que já possui de melhor (características positivas e qualidades), está na sua melhor versão.
  • E, quando olha para o futuro e tem uma visão aspiracional de quem deseja se tornar, essa visão é o seu EU ideal.

Além disso, existem nossas versões possíveis. Que são ideias de caminhos que poderíamos seguir, para criar, lá na frente, uma versão nova. E, ainda, acrescentando um pouco mais de complexidade, temos as chamadas versões esperadas. São aquelas que os outros, ou nós mesmos, pensamos que “deveríamos” ser. Elas estão relacionadas com as expectativas que temos e com as normas culturais dos contextos nos quais estamos inseridos.

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Agora, vamos organizar tudo isso em nossas cabeças, usando um modelo criado por Megan McDonough (Fundadora do Wholebeing Institute). Ela conectou nossas diferentes versões à imagem de um balão de ar quente. Daqueles que as pessoas fazem passeios incríveis pela Capadócia.

Megan associou a cesta do balão ao chamado EU autêntico. “É onde você está agora vivendo sua vida cotidiana”, ela diz. O balão de ar, em si, é a sua melhor versão, aquela que te eleva. As versões esperadas são os sacos de areia e as amarras. Que podem puxar o seu balão para baixo. Já os destinos possíveis do seu passeio de balão, são como suas versões possíveis. E, dentre todas as possibilidades, o destino que você escolher como seu objetivo – destino dos sonhos – é o seu Eu ideal.

Então, sabendo que podemos moldar quem somos, tome um tempo para refletir sobre suas diversas versões e registre-as. Isso te ajudará a se familiarizar com elas. Se quiser, desenhe o seu próprio balão e conecte suas diferentes versões com as partes desse balão. Depois, pense um pouco sobre:

  • Que insights isso traz sobre você?
  • Quais pesos (expectativas) você gostaria de soltar, para que o seu balão possa se elevar ainda mais?
  • Quais ações você escolhe realizar, que aproximarão o seu EU autêntico do seu EU ideal?

Para finalizar, há pesquisas que indicam que nossos relacionamentos, o ambiente cultural e nossas escolhas, moldam quem pensamos ser. E quem achamos que podemos nos tornar. Aí está a explicação do porquê meu relacionamento com Marcelo foi tão importante para as mudanças que realizei na vida.

Então, procure cultivar relacionamentos com pessoas que impactam positivamente a sua vida. Escolher, com consciência, quem queremos que nos acompanhe no nosso “passeio de balão” pode tornar a viagem ainda melhor.

Leia todos os textos da coluna de Luana Fonseca em Vida Simples.


LUANA FONSECA (@almapelomundo) é terapeuta, autora do livro “Pode ser melhor” (Bambual Editora) e faz atendimentos à distância. Desde que começou a estudar Psicologia Positiva, passou a viver seus dias com mais apreciação e gratidão. Conduzindo o seu balão rumo ao seu EU ideal.

*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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