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As emoções influenciam a saúde mais do que você imagina
Count Chris
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Não é raro associarmos que situações que envolvem estresse provocam cansaço, irritação e podem até elevar a pressão arterial por alguns momentos. A relação entre problemas de saúde físicos e emocionais não é bem uma novidade. Entretanto, pouco se sabe sobre como as emoções influenciam a saúde. Muitas pessoas ainda conservam uma lógica de separação entre corpo e mente, sem considerar um contexto holístico ou até mesmo as conexões entre processos tão dinâmicos e complexos que ocorrem no organismo.

Os sintomas físicos ou emocionais constituem um aviso do corpo de que algo não anda tão bem como deveria. Pode aparecer na forma de uma irritação devido a uma alteração hormonal ou uma dor de barriga desencadeada por estresse, preocupação ou ansiedade. “Quando não damos vazão às nossas questões internas, o nosso corpo grita por ajuda. Então, o sintoma é um pedido de socorro“, explica Gabriela Hostalácio, psicóloga e psicanalista.

Ela destaca que um corpo físico doente se torna incapaz de proporcionar uma vida equilibrada. Isso porque, segundo a especialista, “o emocional é nossa ferramenta mais potente, e é a única capaz de nos proporcionar saúde e bem-estar.”

Assim, o autoconhecimento e a reflexão sobre processos internos são essenciais durante um diagnóstico e acompanhamento médico. Nesse sentido, é fundamental que o profissional de saúde também esteja atento à compreender as questões emocionais e psicológicas do paciente. “É importante que eu me comunique abertamente com meus pacientes para entender suas preocupações, emoções e estresse. Assim, eu reconheço que esses aspectos podem ter um impacto direto na saúde da pele”, explica a dermatologia Dra. Lyvia Salem.

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Visão holística do corpo humano

Ao longo do desenvolvimento médico e científico, os cuidados e tratamentos relacionados a doenças e problemas de saúde passaram a ser vistos com maior foco. Ou seja, a medicina convencional costuma tratar essas questões para encontrar uma visão resolutiva do problema local. No entanto, em alguns casos, isso pode ser desencadeado por outros fatores.

“Muitas vezes conseguimos sanar aquilo que estava nos incomodando, o que reforça a crença da facilidade”, explica Gabriela Hostalício. “O problema é que o sintoma ou aquela parte doente volta, algumas vezes da mesma forma, outras vezes com manifestações diferentes”, acrescenta a psicanalista. No ritmo intenso da vida, esquecemos que o corpo é formado por essa complexa rede física e emocional.

Por outro lado, os conhecimentos científicos já apontavam para essa relação a partir de estudos e pesquisas acadêmicas. Para Camila Ferraz, nutricionista e psicanalista, a ciência já percebeu que há uma intrínseca relação entre o estresse e alterações no corpo.

A especialista explica que, de forma recorrente, o estresse provoca uma alteração na produção de citocinas – proteínas que modulam a função de outras células -, o que pode influenciar o sistema imunológico e levar a um quadro de inflamação crônica.

“Então, a gente vai ter uma alteração de dopamina, o paciente vai se sentir mais cansado, mais desanimado, sem motivação”, justifica. A nutricionista destaca ainda que quando há uma alteração na produção de insulina, o paciente pode ter cada vez mais fome, não só pela questão emocional da busca do prazer imediato, mas devido a essa desregulação.

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Sinais e sintomas ligados às emoções

Os sintomas físicos que indicam uma alteração emocional no organismo – ou vice-versa – possuem uma profunda relação entre si. Gabriela Hostalácio explica, por exemplo, que a própria recorrência de uma doença ou alteração no corpo pode indicar que a causa precisa ser melhor investigada.

No livro Pele psicossomática, psicanálise (Sarvier), organizado por Gabriela e outros autores, há capítulos e debates importantes sobre o olhar do profissional de saúde sobre o tema. Os relatos destacam uma profunda relação entre as doenças de pele e o impacto ou influências psicológicas que elas passam a sofrer.

Ainda assim, neste momento, é importante que o profissional esteja focado em compreender essas dinâmicas e não busque culpabilizar o paciente. “Entender que a somatização não é intencional ajuda o médico e o paciente a trabalhar aspectos velados e mais profundos daquele sintoma, facilitando o caminho para a cura e bem-estar daquele que sofre”, destaca Gabriela.

Além disso, a médica dermatologista Lyvia Salem destaca que é importante encorajar os pacientes para práticas que envolvam autocuidado e hábitos saudáveis para o corpo, “não apenas para cuidar da pele externamente, mas também para promover o bem-estar emocional“, complementa. Ela lembra ainda que não basta uma “receita de bolo”, mas orientações realistas que estejam adequadas à realidade socioeconômica e comportamental do paciente.

Segundo a dermatologista, é fundamental que exista um fomento à empatia clínica dentro do consultório. Isso permite que o paciente se sinta confortável e tenha suas questões emocionais respeitadas. “Ao demonstrar empatia, o paciente se sentirá mais à vontade para compartilhar suas emoções e compreender melhor a relação entre seu estado emocional e sua saúde física”, destaca Lyvia Salem.

Como observar a influência das emoções na saúde?

Abordar as questões físicas e ligadas às emoções a partir de uma visão ampla e dinâmica do fenômeno possibilita com que tenhamos, cada vez mais, um crescimento na divulgação de conhecimentos e informações. Gabriela Hostalício destaca que é importante:

  1. Fornecer conteúdos com responsabilidade sobre o tema;
  2. Os profissionais de saúde precisam compreender que o protagonista é o paciente;
  3. O paciente deve entender que ele é parte do tratamento.

Na visão de Camila Ferraz, isso pode ser visualizado a partir de seus próprios atendimentos com os pacientes. Em um dos casos, o uso de medicamentos se tornou ineficaz no combate à insônia e ao longo das investigações foi possível identificar uma relação comportamental. As preocupações sociais e as demandas do trabalho haviam influenciado a qualidade do sono do paciente e, em certa medida, tornado ineficaz o efeito do medicamento.

“Quando ele se sentiu confortável com essa situação, o sono foi melhorando. Com o tempo a medição foi substituída por fitoterápicos, até que não precisasse de mais nenhum dos dois”, destaca Camila. Nesse sentido, não se pode descartar a relevância dos conhecimentos sobre o corpo físico, mas é importante relacioná-los com fatores psicológicos – como as emoções -, sociais e culturais em que o paciente está inserido.

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