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“No fun, no gain”: prazer é a chave para atividade física virar hábito
Pilip Mroz Unsplash Atividade física com prazer
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Nada mais enganoso e problemático para o nosso cérebro que o slogan: “no pain, no gain” (sem dor, sem ganho). Essa é a conclusão que os neurocientistas chegaram para entender porque, apesar de sabermos quais são os benefícios da atividade física, resistimos tanto em dar os primeiros passos na direção de uma vida mais saudável e com qualidade.

A conclusão foi apresentada na mesa-redonda As bases emocionais da atividade física durante o Congress on Brain, Behavior and Emotions 2023, realizado em Florianópolis.  Para os pesquisadores, associar a atividade física a uma obrigação ou ao sentimento de dor pode criar uma barreira.

“Não há nada mais nocivo que ler o slogan ‘no pain, no gain’, porque tem um efeito associativo muito ruim, seria muito melhor dizer algo como ‘no fun, no gain’, as atividades físicas quando realizadas com prazer vão trazer mais benefícios e vão preencher as necessidades psicológicas básicas“, avalia Felipe Barreto Schuch, professor adjunto da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Coordenador do grupo de pesquisa em exercício físico e saúde mental da UFSM. e membro da força tarefa em medicina do estilo de vida para depressão da World Federation of Societies of Biological Psychiatry e da força tarefa para nutrição e exercício físico da International Society of Bipolar Disorders.

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Pouco se fala sobre as necessidades básicas psicológicas. Thiago Matias, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e autor da teoria “The Unifying Theory of Physical Activity”, autor do Livro: Motivação, Atividade Física e Mudança de Comportamento: teoria e prática. Pesquisador nas áreas da Epidemiologia do Estilo de Vida relacionado à Saúde e Psicologia do Exercício com foco no estudo do comportamento, motivação humana, bem-estar psicológico e saúde mental, se debruçou sobre o tema em suas pesquisas e destaca que o ser humano precisa atender as seguintes necessidades básicas: autonomia, motivação e necessidade de pertencimento (vínculo).

“O movimento é inerente a vida, mas se você diz para uma pessoa que se ela não fizer exercícios vai morrer, você não está respeitando as necessidades psicológicas dela, principalmente a autonomia”, explica Matias. Na visão dele, seria muito mais interessante mostrar que atividade física vai muito além de se exercitar, mas sentir o movimento, se permitir experimentar e perceber que pode ser uma forma de conexão com o outro e com o mundo.

Como, então, convencer alguém a largar o sofá e se movimentar? “Primeiro é pensar no prazer, muitas vezes a atividade física é uma forma de lazer em família ou com amigos, mostrar quais são os benefícios, deixar a pessoa escolher aquilo que gosta respeitando sua autonomia”, explica Schuch. “Ao experimentar algo que escolheu (autonomia), percebendo que é capaz de executar (motivação) as chances de continuar são maiores.”

Qual o melhor exercício? Aquele que te conecte com você mesmo e te dê prazer. Não existe uma regra.

Atividade física e saúde mental

Hipócrates, filósofo grego considerado o pai da medicina, dizia que “caminhar é a melhor medicina para o homem”. Manter o corpo em movimento tem um impacto direto na saúde mental.

Para Andrea Camaz Deslandes, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), coordenadora do programa de pós-graduação em psiquiatria e saúde mental e coordenadora do Laboratório de Neurociência do Exercício LaNEx, a atividade física tem um impacto direto no cérebro. “Ao fazer exercícios, o corpo libera substâncias como a dopamina entre outras substâncias importantes para o funcionamento cerebral e também é comprovado que a longo prazo protegem o cérebro.”

Pessoas sedentárias têm mais chances de desenvolverem transtorno de ansiedade e depressão. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda 150 minutos de atividades por semana. “Metade desse tempo já reduz o risco de depressão, por isso, fazer alguma atividade é melhor que nada”, conclui Schuch.

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