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Desacelere
Zach Betten
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Neste artigo:

As Coisas Que Você Só Vê Quando Desacelera é o título do precioso livro de Haemin Sunim (Sextante), escritor e monge zen-budista. Nunca tinha ouvido falar nele e, talvez por isso, quando vi a obra na livraria, com desconto, não dei muita importância. Quando passei pela segunda vez, em outro dia, peguei e folheei. O título falava diretamente para mim. Abri e estava lá: “Nós mudamos sem perceber. Estamos em meio a uma mudança neste exato momento”. Na terceira vez que o vi, faltava um pouco qualquer para decidir que o levaria comigo e estaria em um relacionamento sério com ele no fim de semana. Mais uma vez abri: “De acordo com o Talmud”, diz Haemin Sunim, “cada folha de grama tem um anjo para protegê-la. Os anjos sussurram para cada uma: ‘Cresça! Cresça!’. Se até uma folha de grama tem um anjo, será que cada um de nós também não teria? Se estiver se sentindo solitário, pense no anjo ao seu lado e fique grato por ter alguém cuidando de você”. 

As mudanças contínuas, cotidianas e existenciais, a presença dos anjos, em qualquer situação ou estágio emocional, só são possíveis de ver e sentir se desaceleramos. Assim como eu, você deve estar em contínuo estágio de mudança e movido por um desejo de desacelerar. Querer reduzir o ritmo, parar, dar um tempo, mudar de rota, tem sido uma maneira de dizer basta a um modelo de vida sem clemência e sem limite experimentado globalmente. Nos anos 1980 houve uma febre em que as pessoas queriam mais era acelerar. E aceleravam, em busca de riqueza, acreditando no acúmulo de dinheiro como único passaporte para a felicidade. Quando o século mudou, desacelerar mudou de sentido. Ainda existem aqueles movidos a acumular bens materiais. O mundo não é feito somente deles, mas é feito com eles. Agora, desacelerar é descarregar ideias, convicções, palavras de ordem e padrões que impregnam a vida, enchem a cabeça e não deixam olhar o mundo com atenção e calma. Não por acaso a palavra de ordem atual é meditação atenta, mindfulness. Embora a felicidade esteja associada a um zilhão de coisas, tem sido aceita como um estágio de desaceleração das rotinas apressadas de uma vida definida por acumulação, competição e cansaço. Pessoas exaustas da maneira como vivem em busca de seguir os padrões.

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