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As regras e a felicidade dentro das empresas
Divulgação/ Gustavo Lucena
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Neste artigo:

Muito se fala sobre a humanização das relações dentro das empresas, e que dessa forma poderemos ter ambientes de trabalho com maior bem-estar e mais felizes.

Este é um assunto que muito me interessa, pois, acredito realmente que pela quantidade de tempo e importância que dedicamos às nossas carreiras no dia de hoje, fazer desse espaço um lugar que contribua para o nossos desenvolvimento e melhoria do nosso humor é fundamental.

Com o tempo e pesquisa, percebo grandes movimentos nessa área, e também, como comentei no artigo “Bem-estar nas empresas é importante. E daí?”, algumas tentativas baseadas apenas em uma falsa crença de que a felicidade possa trazer benefícios.

Mas independente da velocidade que o assunto evoluí, alguns exemplos tem me impressionado positivamente em questão de resultados e também no esforço empregado pelas empresas para esse fim.

Visando trazer sempre para você um reflexo do que realmente está acontecendo no mercado, fui conversar com o Gustavo Lucena, que hoje é VP de Governaça, Risco e Complience da OLX Brasil e fiquei impressionado com o que vi, a ponto de trazer um pouco dessa conversa aqui para vocês.

Felicidade precisa ser um tema central nas empresas

TOCO: Lucena, antes de começarmos a falar de felicidade nas empresas, conte para nós um pouco da sua história.

LUCENA: nasci em 1973 em São Paulo. Tenho um irmão mais velho, somos filhos de um pai nordestino e uma mãe do interior de São Paulo. Sou casado com a Cristina, uma esposa incrível com quem tive um filho, Gabriel, com uma dificuldade cognitiva. Hoje aprendemos que é nas horas de descuido que encontramos a felicidade no nosso dia a dia. 

Sou formado em Ciências Econômicas, Ciências Contábeis com MBA em Banking, em Administração de Marketing e em Inovação Estratégica.

Nos últimos 27 anos, trabalhei em empresas internacionais, sendo que há 9 estou como sócio de uma dessas empresas com altos padrões de qualidade, excelência na prestação de serviços e uma exigência regulatória internacional inegociável. 

Fiz uma mudança há 2 anos para ser executivo em uma empresa líder do segmento de marketplace.

Adoro rock and roll, já fui músico e nas horas vagas faço fotografias no estilo street e de modelos. Apaixonado pelo que fiz até aqui e curioso por mais conhecimento. Sigo a filosofia budista e acredito nas relações verdadeiras humanas em que de fato, existe um interesse genuíno pelo outro.

TOCO: Como começou o seu interesse mais profundo pela Ciência da Felicidade e Bem-estar?

LUCENA: o meu interesse surgiu quando eu era sócio de uma das empresas internacionais onde trabalhei. O estilo profissional requer uma dedicação técnica impecável com entregas de alta qualidade. 

Percebia que os profissionais mais próximos tinham dúvidas sobre a felicidade no que faziam, porém seus questionamentos de satisfação não estavam nas horas de trabalho, estavam naqueles momentos em que saíam do trabalho e iam viver suas rotinas. 

Então, eu perguntava para eles: “como vocês se recarregam fora do trabalho para estarem felizes e saudáveis na vida profissional?”. 

Percebi então que eles não colocavam “ser feliz” e “estar bem comigo mesmo” na agenda.  Só colocavam na agenda seus compromissos profissionais

Aos poucos esse movimento se mostrou positivo, o trabalho entrou na vida deles e não a vida deles teve que se encaixar no trabalho.  

Passaram a produzir melhor, o turnover reduziu, houve mais positivismo nos desafios profissionais e fortaleceu o espírito de grupo.

TOCO: Você hoje ocupa a Vice Presidencia de Governança, Riscos e Compliance da OLX. Como assuntos, que por muito tempo foram tratados de forma mais normativa, passam a interagir com a Ciência da Felicidade?

LUCENA: uma pressão regulatória ou um peso de gestão normativa muito tradicional pode impactar a identidade do papel do funcionário, influenciando portanto, a psicologia da organização onde ele trabalha. 

Normalmente, as empresas focam seus esforços e diretrizes em bater metas, porém esquecem que quem bate as metas são as pessoas. Então, cuidar da felicidade e do bem-estar delas também é uma estratégia de cuidado com os caminhos da empresa.

Um programa completo nessa área deve ser mais do que as políticas e procedimentos escritos e o código de ética que uma organização implementa. Afinal, esses podem essencialmente ser apenas um documento fixo a ser mostrado para todos. Organizações que acabaram se tornando exemplos de falhas de ética, conformidade e governança corporativa elaboraram bons códigos de ética e os implementaram amplamente. 

Mas um programa completo precisa ser mais do que as leis, regras e regulamentos por trás dessas políticas e procedimentos, e precisa ser mais do que treinamento, monitoramento, testes ou relatórios. 

É, na verdade, o propósito de fazer com que as pessoas sigam essas políticas e procedimentos e ajam de maneira adequada e ética. 

Ele precisa considerar e incorporar aspectos da filosofia, criminologia, sociologia, ciência política, história, comédia e entretenimento, a ciência do comportamento social e psicologia. Para descobrir como fazer com que as pessoas estejam em conformidade, você realmente precisa entender por que as pessoas podem não estar em conformidade, porque violam leis, regras e regulamentos, por que violam políticas e procedimentos.

Isto ajuda a tentar entender por que as pessoas fazem coisas ruins, ter alguma compreensão do que leva as pessoas a desrespeitar certas normas e fazer as coisas que fazem. 

Nesse sentido, os benefícios são visíveis. A ciência da felicidade é um ramo relativamente novo da psicologia, que muda a concentração do que está errado ou na dor que o indivíduo sente quando precisa dedicar esforços a fazer algo que não compreende muito bem para o avanço da prosperidade e a construção de uma vida satisfatória carregada de significado, felicidade, prazer, engajamento, relacionamento positivo e realização.

Os indivíduos mais satisfeitos e cheios de energia eram aqueles que encontraram e exploraram suas características mais introspectivas, como senso de humanidade, moderação de pensamentos ruins e persistência ao êxito. Essa visão de felicidade une a moral da ética com a atual teoria psicológica da motivação.

Um olhar mais atento para a Persona e não para o processo. E não é difícil entender o porquê: uma equipe feliz produz mais, é mais criativa e leal, divulga em primeira mão o negócio, possui melhores relações e tem menor absenteísmo, o que gera maior crescimento, lucros, conformidade e otimização do tempo.

TOCO: Quando, e de que forma, você percebeu que a felicidade era um tema que precisava ser abordado dentro do ambiente de trabalho?

LUCENA: acho que tem dois pontos que podemos destacar, um é a de que as gerações e o mercado de trabalho estão sempre em constante evolução e outro é a de que passamos boa parte do nosso tempo trabalhando.

As novas gerações levam muito em conta o bem estar e a saúde mental, mas também consideram o reconhecimento, a flexibilidade e a humanização da comunicação, e a felicidade cabe bem aqui.

Quando a gente pensa quantas horas do nosso dia são dedicadas ao trabalho, faz muito sentido que a gente queira que seja algo prazeroso e que nos traga felicidade. Principalmente depois de um momento como a pandemia de Covid-19 que nossas vidas e formas de trabalho mudaram completamente. 

Hoje muitas pessoas trabalham de casa, então é o mesmo ambiente para o trabalho, para a diversão e para o descanso. Já era difícil separar cada caixinha estando em ambientes diferentes, imagina tendo que viver tudo dentro do mesmo local?

E se a gente entende essa importância, é imprescindível que a estratégia da empresa esteja de acordo com isso. Não podemos simplesmente falar sobre o tema, precisamos nos organizar e planejar para que a felicidade no trabalho seja uma realidade.

TOCO: Em nossa conversa, você me contou a importância que a felicidade tem dentro da cultura da OLX. Como isso é trabalhado lá dentro, e de que forma esse tema influencia nas estratégias da empresa?

LUCENA: aqui na OLX Brasil, temos um valor chamado #É tudo sobre gente, e ele norteia boa parte das nossas ações, e não só as que são voltadas para o engajamento das pessoas, mas sobre como nos comportamos em diversos temas e na nossa estratégia. 

Nós acreditamos que quando as pessoas estão felizes em suas atividades o retorno é positivo para a empresa, para os clientes e principalmente para quem está aqui conosco.

A escuta ativa é fundamental para que a gente consiga manter um ambiente agradável e saudável, além de realizar pesquisas internas que permitam que as nossas pessoas opinem sobre nossa cultura e jeito de trabalhar, também optamos por, sempre que possível, trabalhar com a co-construção.

Até a nossa cultura foi co-construída, isso faz com que as pessoas se conectem mais com a cultura e o negócio da empresa, e quem não fica feliz quando se sente parte de algo, não é mesmo?

Recentemente, nós aderimos ao Movimento Mente em Foco do Pacto Global, uma forma de nos comprometermos publicamente em continuarmos fazendo algo que já vínhamos fazendo, em ter programas estruturados de saúde mental com o objetivo de melhorar a saúde e a qualidade de vida das nossas pessoas com ações efetivas.

TOCO: No final do ano passado, em minha coluna na Vida Simples, levantei um alerta com relação à atenção das empresas à felicidade e bem estar. Pesquisas recentes demonstram que a parte da atenção dada ao tema durante o período da pandemia, começa a sair da pauta de muitas empresas. De que forma você avalia esse movimento no mercado e, como exemplos de empresas como a OLX podem influenciar positivamente?

LUCENA: aqui na OLX Brasil esse tema continua sendo muito importante, nós estamos, inclusive, passando por um momento de reestruturação da nossa estratégia do time de gente, e o bem estar segue sendo uma pauta de grande importância.

No final de 2022, realizamos uma pesquisa interna para entender um pouco mais do que era importante para nossas pessoas, e esses resultados, somados a benchmarking e estudos de tendências foram norteadores para algumas mudanças internas que fizemos e estamos fazendo por aqui.

Para sermos uma empresa referência como uma boa instituição para trabalhar, precisamos dedicar não só dinheiro, mas também tempo onde realmente importa e faz a diferença para quem está conosco. E o retorno disso são pessoas engajadas e protagonistas do crescimento da OLX Brasil.

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*  Esse conteúdo tem o apoio do Happiness FIT. Uma academia de felicidade que visa, através de exercícios práticos cientificamente comprovados, trabalhar a nossa mente para uma vida mais feliz e com mais bem estar.

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*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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