É tempo de recomeçar
Antes de seguir, precisamos acolher que tudo tem seu fim. Ciclos começam e terminam, e novas surpresas sempre vão se apresentar
Entre idas e vindas, vivi uma história de amor bonita, que durou quase 12 anos. Eu sempre tive a convicção de ter encontrado a pessoa certa, com quem eu passaria minha velhice em uma casa lilás, com rede na varanda e um jardim florindo o ano todo, cheio de margaridas e girassóis. Combinávamos em quase tudo: gostávamos dos mesmos lugares, tínhamos o mesmo filme preferido e sempre compartilhamos de um desejo de liberdade, de voar pelo mundo. O costume do tempo fazia as coisas parecerem mais fáceis. E viver era muito mais confortável só pela certeza de existir alguém a quem eu sempre poderia recorrer quando as coisas dessem errado.
Ano passado, no entanto, isso acabou. E eu confesso que, até hoje, não entendi muito bem o porquê. Foi tudo muito rápido, e quando percebi a outra pessoa já tinha ido morar em outra história, deixando para mim a mágoa, a dúvida, a solidão e a culpa. Uma danada de uma culpa, insistindo em me dizer que, se eu tivesse feito diferente, escolhido não seguir minhas convicções, talvez as coisas não tivessem tomado o mesmo caminho. No fundo, eu sabia que tinha terminado, mas a não compreensão dos reais motivos me fez demorar um bom tempo para aceitar. E, mais do que isso, no fim das contas tudo acabou respingando em vários outros pontos da minha vida: entrei em um período longo de tristeza, não pelo rompimento em si, mas pelos tantos traumas que uma única ação despertou em mim. Como naquela história de uma só gota d’água ser suficiente para transbordar um copo já cheio.
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