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Como se preocupar menos
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Após 12 horas de parto, eu tinha um bebê de quase 4 quilos em meus braços, ainda sem nome e que mamava em paz. Por que havia um tormento dentro de mim, se tudo isso era a realização de um desejo e corria bem? A verdade, confesso, é que eu mal virei mãe e já estava envergonhada: todas as mulheres cujas palavras li e ouvi durante a gestação me disseram que bastava o meu filho nascer para sentir pulsar o maior amor do mundo, o tão esperado amor incondicional. E eu, apesar dessa dádiva de gordura quentinha nos braços, só sentia meu corpo leve, satisfeito por “apenas cumprir a missão”. “Onde estão as lágrimas de amor rolando no meu rosto? Será que eu não consigo amar meu próprio filho?” — isto é, obedecer à regra de que há um instante exato para amar incondicionalmente seu filho recém-nascido? Quanto mais me prendia a essa “obrigação”, mais me culpava, mais me preocupava. E voltei para casa com um bebê no colo em busca de um conselho que acelerasse o processo de amar. O conselho veio, e quem deu foi o Ian, meu marido, quando me disse que eu não precisava ir contra a realidade; e que essa realidade, aliás, não era falta de amor, mas a expectativa que eu tanto alimentava. Olhando para trás, percebo o quanto deixei de escutar o que a vida me dizia (nessa fase tão linda que é a maternidade) para ficar me punindo por estar fora da curva, e não na média conforme a estatística que eu mesma estabelecia. 

O escritor e filósofo francês Fabrice Midal fala justamente sobre essas cobranças que nos impomos em um dos capítulos de sua obra A Arte Francesa de Mandar Tudo à MerdaChega de Bobagens e Viva a Sua Vida (Planeta). Ao relatar a preocupação de uma amiga recém-viúva por não conseguir viver seu luto, ele conta que quanto mais ela se agarrava à ideia dessa obrigação e mais freneticamente procurava transpor essa etapa, menos tinha sucesso. “Ela queria a indicação de algum exercício, um livro para ler, uma ação para executar — e ter a impressão de estar fazendo algo para sair daquela situação. Sem dúvida surpreendia respondendo que ela devia se permitir viver aquele luto”, diz ele. 

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