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Perdoar traz benefícios para a saúde física e mental, diz estudo
Melanie Stander
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Você consegue perdoar situações ou pessoas que lhe trouxeram traumas? Ou faz parte do grupo de indivíduos que lembra exatamente o que tal pessoa fez em “uma tarde de domingo em março de 2015”? Se você precisa de bons argumentos para repensar sua atitude, a ciência tem mostrado que o perdão pode trazer benefícios para a saúde física e mental. Isso não significa que iremos relativizar ou esquecer o que aconteceu, mas podemos dar um passo adiante no assunto.

A vida é imprevisível e por ela seremos testados e submetidos a diferentes situações, seja uma traição em um relacionamento ou o fim trágico de uma amizade. Assim, um insulto feito por um colega de trabalho ou uma discussão familiar provavelmente fizeram parte da sua vida.

A grande questão é, guardaremos sempre essas situações conosco ou iremos trilhar outros caminhos a partir do perdão?

Estudos científicos mostram que rememorar situações e trazer à tona sentimentos e episódios emocionalmente desgastantes podem afetar a saúde. Isso porque há uma influência nos níveis de tristeza ou raiva, sentimentos que, em excesso, prejudicam o equilíbrio emocional. Já o ato de perdoar pode reduzir o risco de ataques cardíacos, o nível de colesterol, melhorar a qualidade do sono, além de regular os níveis de estresse, depressão e ansiedade, segundo um levantamento feito pela Johns Hopkins.

Perdoar não é esquecer

Engana-se quem acha que, para perdoar, é preciso mover um episódio que nos trouxe sofrimento emocional para a lixeira permanente do cérebro. “A questão do perdão tem mais a ver com a atitude da pessoa que recebeu a ofensa do que exatamente uma mudança de cenário para que as situações mudem e a pessoa passe a desculpar quem a ofendeu”, explica Alexandre Valverde, médico psiquiatra e mestre em Filosofia Contemporânea pela Universidade Sorbonne.

Ele explica ainda que o perdão está ligado ao ato de se desprender de um estado de ruminação que traz sofrimento mental, mas isso não significa um apagamento da situação que levou ao trauma. “Lembrar disso pode adoecer uma pessoa, no sentido de uma depressão ou estresse pós-traumático”, acrescenta Valverde.

Essa avaliação é compartilhada por Gustavo Arns, Presidente da Escola Brasileira de Ciências Holísticas e especialista em Ciência da Felicidade. Para o pesquisador, o perdão não significa tolerar um evento que trouxe sofrimento, mas ajuda a motivar uma mudança de atitude.

“Perdoar retira essa mágoa de dentro de você, é um ato de liberdade interior. Você se desprende do outro. Assim, nós até lembramos do fato, mas aquilo não nos machuca mais”, explica Arns. 

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Os benefícios do perdão

O ato de perdoar está intimamente relacionado ao equilíbrio emocional de quem foi afetado pela atitude. Isso significa que a produção de hormônios e a administração dos sentimentos gerados a partir de uma ofensa passa a ser influenciada pela maneira como lidamos com ela. “Os sintomas ligados às experiências ruins tem a ver com raiva, vergonha, sensação de tristeza e pesar. Tudo isso se soma a outras experiências que podem agravar ou precipitar um quadro de depressão ou ansiedade“, destaca Alexandre Valverde.

Sentimentos como raiva e indignação levam a uma produção exagerada de cortisol, hormônio que regula os níveis de estresse. Por isso, ao compreendermos o perdão como um ato neurofisiológico, haverá como consequência a redução na quantidade de cortisol no organismo. Isso ocorre porque passamos a interpretar um episódio a partir de outro ponto de vista. Por outro lado, há um estímulo à produção de serotonina, hormônio que nos ajuda a chegar a estados mais positivos.

“Os benefícios do perdão são muitos para a saúde emocional e física. Algumas pesquisas mostram que o perdão nos ajuda a viver mais. Auxilia na redução do estresse e nervosismo, regula a pressão arterial, cardíaca e melhora a qualidade do sono”, explica Gustavo Arns. Segundo um estudo publicado no Journal of Healt Psychology, há uma série de mudanças físicas e mentais que contribuem para melhorias na saúde.

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6 caminhos para aprender a perdoar

Perdoar não é um ato tão simples. É um processo que pode levar anos a depender da situação. Uma traição em um relacionamento pode ser visualizada com um olhar a partir do perdão depois de anos, mas talvez um xingamento de um estranho na rua ou uma briga com o filho possa ser processada com maior rapidez. Por isso, reunimos algumas sugestões de como aplicar o perdão para uma vida em maior harmonia com o equilíbrio emocional.

  1. O perdão é uma escolha pessoal e está mais relacionado à sua atitude do que às mudanças externas;
  2. Não é necessário esquecer o que aconteceu, mas sim se desprender da ruminação constante sobre a situação;
  3. Procure ativamente o perdão, pois ele modifica seus pensamentos e evita reviver estados traumáticos;
  4. Reconheça os sintomas negativos ligados a experiências ruins, como raiva, vergonha e tristeza, mas busque repensar a situação para criar um novo caminho emocional;
  5. Ao perdoar, você regula a produção do hormônio cortisol e evita respostas emocionais impulsivas e irritadas;
  6. Busque estratégias que estimulem o autoconhecimento e respostas saudáveis a episódios que geraram traumas. A psicoterapia é um exemplo.

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