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A importância da saúde mental na relação entre mães e filhos
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“A vida não tá para brincadeira”. Esse ditado tão exaustivamente reproduzido por cada um de nós lembra da correria, dificuldades e inúmeras atividades que precisamos dar conta diariamente. Manter a saúde mental em dia e equilibrar as emoções é um verdadeiro desafio na maioria das vezes, especialmente durante a maternidade. Ser mãe e ter que arcar com o cuidado, educação e crescimento do filho – mesmo com ajuda – implica muita energia e controle emocional.

Mais importante, a saúde mental das mães impacta não só na rotina e na maternidade como também na própria experiência de maturidade dos filhos. No entanto, é importante lembrar que se culpar quando não está bem é um caminho difícil. Há fatores externos e internos que influenciam na saúde mental e no emocional, por isso, antes de tudo, acolha-se.

A maternidade sem dúvidas não é algo simples. Se pudéssemos ilustrar, poderia ser um enorme gráfico de altos e baixos com dias alegres e outros nem tanto. Algumas semanas repletas de conquistas e novos aprendizados, outras em que o estresse predomina. “O conselho que dou para todas é aceitar a dura realidade que não interessa o quanto nós fizermos não vamos conseguir fazer tudo todos os dias, e está tudo bem“, explica Helen Mavichian, psicoterapeuta especializada em crianças e adolescentes.

Sobrecarga e autocobrança

É comum que as mulheres, ao não dar conta das atividades do cotidiano, como o trabalho, tarefas domésticas e criação dos filhos, terminem ao fim do dia frustradas. “Não damos, vamos fazendo o que dá e como dá, selecionando as prioridades e jogando o que não deu conta pra debaixo do tapete”, comenta Helen. A psicoterapeuta explica que nesses dias se sente mal, um pensamento inevitável que a leva para o sentimento de insuficiência.

As mães são responsáveis pelos cuidados dos filhos, garantir que estejam seguros, saudáveis ​​e felizes. Essa responsabilidade contínua pode ser fisicamente e emocionalmente exigente.”

Ela explica que um caminho importante nesse sentido é passar a vivenciar a “maternidade real.” Compreender que haverá momentos bonitos, proveitosos e carregados de sentimentos positivos. No entanto, as frustrações, imprevistos e dias corridos sempre irão existir, mesmo que sejam a minoria. Encontrar um equilíbrio entre ambos possibilita uma relação mais saudável com as sensações de autocobrança.

Para a especialista, é importante aceitar ajuda, delegar atividades, aproveitar momentos consigo mesma e não se culpar. Feito é melhor que perfeito.

Por isso, é importante compreender que uma situação ideal nem sempre será possível e buscar isso a todo momento pode trazer ainda mais sobrecarga. “Quando buscamos essa idealização, a gente deixa de se olhar e, então, nos desconectamos de nós mesmas e da criança”, defende Mariana Wechsler, educadora parental e colunista da Vida Simples.

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Equilíbrio emocional e saúde mental

Apesar da maternidade ser um momento de cobrança e autoexigência na vida das mulheres, Mariana Wechsler deixa claro que é preciso balancear as emoções e compreender os limites pessoais. “Existe uma pressão social de fazer filhos felizes. Nessa busca, a gente esquece de se olhar, se desconecta dos prazeres e daquilo que faz com que nossos olhos brilhem e nos preencha”, enfatiza.

Ela explica que a maternidade apresenta inúmeras possibilidades, emoções positivas e negativas aos longo da criação do filho. “Possibilidade de estar, mas também de outras pessoas estarem, de querer e não querer e de existir além dessa identidade tão forte que é ser mãe”, enfatiza.

Um empecilho para que a maternidade seja vivida de forma plena e com a carga de cuidado distribuída é o peso imposto às mulheres. Embora existam avanços hoje, culturalmente ainda acredita-se que a mãe é a única responsável por prover o filho emocionalmente.

“As pessoas ainda esperam que a mãe seja a resolvedora de tudo da criança e da família. Ela é a que faz, é a que dá conta e é vista como a grande e única responsável pela criança, uma heroína e até bola de cristal!”

Saúde mental dos filhos

A sobrecarga, falta de tempo e o sentimento de correria no dia a dia acaba afetando a relação com os filhos, assim como com as demais pessoas ao redor. Nos primeiros anos de vida, Helen explica que as crianças ainda não conseguem demonstrar objetivamente ou ter conversas diretas sobre o que as incomodam, por isso é importante estar atenta a alguns sinais.

Tenho recebido muitas crianças sentindo falta das mães, isso porque as mulheres estão tão preocupadas com coisas do dia a dia que se esquecem (não conseguem) de dar atenção para os filhos“, destaca a psicoterapeuta. Momentos importantes, como desenhar junto com o filho, assistir um filme ou desenho são limitados pela rotina extensa de trabalho.

Segundo a especialista, é comum que as crianças passem a ter dificuldades em lidar bem com esses sentimentos de ausências, já que ainda não compreendem tão bem essa falta. Por isso, alguns comportamentos como birra, agressividades, problemas escolares, questões alimentares e outros fazem parte de sintomas dessa relação entre mãe e filho afetada pela ausência de tempo.

“As crianças, por exemplo, podem ter dificuldade em se concentrar na escola devido ao estresse e ansiedade causados pelos problemas de saúde mental das mães.”

A importância da rede de cuidado

Mas, calma, isso não quer dizer que toda a cobrança e responsabilidade sobre a educação dos filhos seja somente da mãe. Para isso, existe o que ficou conhecido como rede de cuidado ou rede de apoio. São parceiros, amigos, familiares, vizinhos, pessoas que tecem uma rede mútua junto ao filho.

O dia foi muito longo? Não se preocupa, o companheiro ou companheira dará o banho à noite. Não dará tempo fazer a comida? A sua vizinha ama essa receita e fará um pouco a mais para que ambas se alimentem. É um cenário ideal, nem todas as mulheres conseguem ter acesso a uma ampla rede de apoio. No entanto, esse pode ser um projeto a ser buscado enquanto sociedade.

“Para a mãe, ter uma rede de cuidado significa ter acesso a um suporte emocional importante, bem como a ajuda prática em tarefas cotidianas. Isso permite a ela ter mais tempo e energia para se concentrar no cuidado do filho e em seu próprio bem-estar”, explica Helen Mavichian.

A rede de apoio também pode ser benéfica para a saúde mental da criança, especialmente porque ela passa a ser rodeada de familiares, vizinhos e amigos da família. “Além disso, pode ajudar a promover o desenvolvimento cognitivo, emocional e social por meio de atividades adequadas à sua idade e nível de desenvolvimento”, acrescent a psicoterapeuta.

“Em resumo, uma rede de cuidado é uma fonte valiosa de apoio e suporte para mães e filhos. Isso pode ajudar a promover o bem-estar emocional e físico, a saúde e o desenvolvimento da criança, bem como aliviar o estresse e a sobrecarga da mãe.”

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