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O que perdemos nas mudanças dos nossos filhos
Foto: Markus Spiske/Unsplash
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Há algum tempo, Lorena não aceitava facilmente doar suas roupinhas que não serviam mais. Não era um problema com doação especificamente. Ela sempre foi muito tranquila em doar brinquedos, livros, etc.

Pude perceber que a questão era com a ambivalência do crescer e das mudanças. A confusão em gostar da nova roupa que virá, enquanto se recusa a deixar para trás a roupinha que não serve mais. Portanto, sem ainda saber lidar com tudo que esse “deixar para trás” significa.

Os lutos do crescer dos filhos

O crescimento dos filhos inaugura lutos importantes e difíceis também em nós. São os sentimentos de perda: de quem eles são para nós naquela idade que passa, a perda de quem nós fomos ao olhar deles naquele tempo que passou. E sobretudo, a perda da nossa própria infância que é revivida com eles em cada idade que vem e vai.

Por outro lado, ao mesmo tempo que vemos nossos filhos ganharem autonomia, constituírem suas próprias opiniões, gostos, comporem sua personalidade, colocarem suas novas questões na mesa, também ganhamos algo. É a possibilidade de viver coisas novas, de ter novas dúvidas, novas alegrias e principalmente novas descobertas.

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Aceitar as mudanças dos filhos com amor

O olhar de pais e cuidadores que gostam de acompanhar o as mudanças e o desenvolvimento de seus filhos, apesar (e por causa) de todos os desafios, é em muitas vezes um olhar de encantamento e surpresa.

O amor incentiva que algo em nós se renove com as mudanças de corpo, de atitude, de voz, de tamanho dos nossos filhos, que já não serão tão pequenos guris e gurias.

Lorena está cada dia menos relutante em ver suas roupinhas antigas indo embora. Percebo seus olhos brilhando diante da pré-adolescência, de um corpo grande, que já ultrapassa o da sua madrinha. Um corpo transformado, e que permite que ela suba bem alto no pano do circo para brincar de ser criança grande.

Perder para ganhar é o que vamos aprendendo (e ensinando) por todo o processo de crescimento das nossas crianças, na melhor das hipóteses, sem perder o olhar de encantamento para o infantil que sempre morará em nós e neles.

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