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Um novo horizonte
Foto: Chris Lawton/Unsplash
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Mãe, faltam quantos fias para a nossa mudança?”, ele me pergunta, entusiasmado. “Não vejo a hora de ter novos lugares para colocar meus brinquedos”, complementa, enquanto descreve como pretende decorar seu futuro quarto. Poucos dias se passam. “Vamos mudar depois do Natal ou do Ano-Novo?”, meu filho torna a perguntar, como quem ainda está aprendendo a se situar no tempo.

É que estamos em processo de mudança, mas também de vida, partilhando uma nova rotina familiar com marido e enteado. E acho que nada faz mais sentido do que dizer que a mudança é mesmo um processo, que começa e termina para além do dia em que o caminhão do carreto chega na sua porta.

Nesse processo, descobri algo óbvio, mas essencial: o mudar, seja em qual área da vida for, acontece de pouquinho. Se inicia com um certo incômodo com a rotina atual e um desejo de que a vida seja diferente, em busca de um novo horizonte quando se olha pela janela.

Com a vontade, chegam também os receios – afinal, não há mudança sem que muito fique para trás. Sem perdas que abrem espaço aos ganhos novos. Mudar é como levar, a cada dia, uma peça do seu guarda-roupa para o novo lar. No dia seguinte, vão alguns livros. Tem dias que você queria que fosse mais depressa – mas encaixotar, ver o que vai e o que fica, dá trabalho.

Há a noite em que você dorme pela primeira vez na cama nova e estranha o colchão. Se mudar nos demanda tantas adaptações, porque é, então, que nos lançamos ao desafio? Talvez porque, do contrário, a vida pode se estreitar demais, ficando pequena para o tamanho dos nossos sonhos.

Por isso, na edição desse mês, acolhemos os percalços da jornada: há passos para frente e outros para trás, além de um bocado de paciência. Até que, depois de muita arrumação, a casa se torna lar. O quadro está na parede. E o sol desponta na janela, ainda sem cortina. O novo horizonte chegou.

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