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No meio da terra, da chuva e do barro, cada ação faz a diferença
Foto: Vidar Nordli-Mathisen/Unsplash
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Escrever todo mês para a Vida Simples tem sido um belo exercício para vasculhar minha história de vida e encontrar propó­sito e ensinamentos em vários momentos que antes tinham passado despercebidos.

Meu bairro de infância se chama Edgar Moreira, um lugar simples e projetado, onde as ruas eram denominadas por le­tras. A minha era a “L”, no número 28.

As vias eram de terra, e só foram calçadas muitos anos depois que nós já moráva­mos lá. O muro de casa era uma cerca de bambu que meu pai reformava de tempos em tempos.

Porque, quando o clima virava, o cenário mudava para terra, chuva e bar­ro. A cerca também cedia do tanto de bola que a gente chutava. Meu pai, inclusive. A bola pesava, suja de terra, chuva e barro.

Em um dos Natais, por volta dos meus 9, 10 anos de idade, acordamos com o bar­ranco que tinha nos fundos do quintal da minha casa praticamente dentro da nossa cozinha.

Por conta das chuvas de dezembro, isso acontecia muitas vezes. Imposi­ção da natureza. Mas, poxa, logo no Natal? A chuva seguia forte durante toda a ma­nhã, e era impossível deixar aquela terra, que logo viraria barro, ali parada.

Entretanto, meu pai, proativo, corajoso e desejoso de um Natal minimamente digno para nossa família, iniciou o transporte de toda aquela terra, com carrinho de mão, pás e enxadas, para um terreno vazio que tinha ao lado.

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Eu tive bastante preguiça para começar a ajudar, confesso. Mas logo me pus a levantar, qua­se como uma brincadeira.
Terra, chuva, barro. Terra, chuva e barro… passamos praticamente o dia todo naquele trabalho em equipe e, no fim, fui recompen­sado com umas bolhas nas mãos, um quin­tal livre do barranco desmoronado e uma história de que nunca vou me esquecer.

Meu pai talvez também tenha pensado duas vezes quando acordou e viu nossa cozinha daquele jeito. Provavelmente ficou chateado, provavelmente questionou Deus e o Universo. Entretanto, ou ele fazia, ou aquilo ficaria ali como estava. Terra, chuva, barro. Terra, chuva e barro…

Naquele dia, quase que por diversão, eu aprendi que em muitos momentos na vida existem ações que precisam ser executa­das por nós, e que nenhuma pessoa poderá fazer.

E que, com frequência, não vai haver uma motivação específica, a não ser salvar o dia de alguém. Às vezes, será o seu dia mesmo. Nesses casos, não existe outra alternativa a não ser fazer. Então, faça.

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Conteúdo publicado originalmente na Edição 268 da Vida Simples

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