As pequenas vitórias que nos ajudam a evoluir como pais
Nosso papel de pais, na criação dos filhos, é praticar os valores em que acreditamos, pois os pequenos se miram no exemplo que damos a eles
Na minha infância, era normal, no início de cada mês, meu pai receber o salário e, na mesma noite, sentar-se com minha mãe à mesa da cozinha para fazer contas. E assim, meus pais separavam o que era para pagar a luz, a água, a mercearia do bairro, e o que era para a compra mensal.
Era uma semana especial. Os armários estavam sempre fartos ou, pelo menos, eu enxergava assim. Venho de uma origem muito humilde, mas nunca me faltou nada enquanto eu vivi na casa dos meus pais.
Existia uma regra quase sagrada para mim e meus irmãos: “Ninguém abre um pacote de biscoito sozinho”. Além disso, tínhamos que pedir permissão para comer a parcela que era nossa por direito. Dois biscoitos do pacote. Parece um detalhe bobo, mas crescemos dessa maneira.
Reproduzo as boas lições que aprendi
Hoje em dia tenho meus filhos, João Pedro e Miguel, e uma condição financeira bem mais tranquila. Mas, de certa forma, tentei transmitir essa visão para os meus “moleques”.
Não é fácil, porque, ao se ter a possibilidade, às vezes queremos dar para nossos filhos tudo aquilo que não tivemos antes. É ótimo que possamos fazer isso, mas também perigoso.
É necessário vigiar sempre, para não perder a noção e o valor de tudo. Dizer não quase nunca é fácil e, quase sempre, necessário. É nosso papel enquanto pais.
Insisto nessas ideias com meus filhos, na esperança de que sejam um bom aprendizado. Até um dia em que fui buscar o Miguel na escola…
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Exemplo transmitido por gerações
Depois da classe de teatro, onde sempre deixávamos com ele um lanchinho para fazer antes do início, ele entrou no carro e disse: “Papai, hoje aconteceu uma coisa que quero te contar. O meu amigo estava com fome e não tinha lanche, então eu dividi o meu bolo com ele, tá!?”
Ele me perguntou com orgulho e, ao mesmo tempo, com dúvida. Afinal, é uma criança em busca da aprovação dos “mais velhos”. Eu dei um sorriso, por fora e por dentro.
Meus olhos se encheram de lágrimas e meu coração transbordou de amor, porque, mesmo parecendo pouco, revela que nosso esforço e preocupação em demonstrar certos ensinamentos aos nossos filhos surtem efeito. Eles nos observam e nos escutam, nos copiam e adaptam à realidade deles a todo momento!
Até hoje me emociono ao contar essa história, pois, na semana seguinte, ele pediu um bolinho a mais, pensando no amigo da classe de teatro. São pequenas vitórias que nos motivam a seguir evoluindo como pais, educadores e seres humanos.
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Conteúdo publicado originalmente na Edição 265 da Vida Simples
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