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Como usar as redes sociais de forma saudável?
ROBIN WORRALL
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Neste artigo:

As redes sociais são ferramentas importantes para a humanidade no contexto digital atual. Se antes os laços sociais eram tecidos por meio de redes de vizinhos, amigos de bairro e comunidades dentro da própria cidade, hoje é também possível manter contato e nos comunicarmos com pessoas de diferentes localidades, estilos de vida e interesses por meio das plataformas digitais.

Embora saibamos muito bem os pontos positivos, também carregamos o ônus de viver em um mundo hiperconectado e que funciona quase na velocidade da luz. Os assuntos mais comentados do Twitter mudam a cada hora, a linha do tempo do Instagram parece infinita e, consequentemente…

O excesso de informação nos entrega de brinde a pressa por consumir e a ansiedade por não dar conta de tanta coisa.

Há quem busque manter uma relação equilibrada com as redes. É o caso de Jaron Lanier, cientista da computação pioneiro na criação de produtos na área de realidade virtual. Ele foi um dos entrevistados para o documentário Dilema das Redes (Netflix), que trata do perigoso impacto das redes sociais na democracia e na humanidade como um todo. Lanier é um ferrenho defensor da ideia de abandonar as mídias sociais justamente por todos os problemas psicológicos e sociais que elas podem causar pela forma como operam.

“Emoções negativas, como medo e raiva, vêm à tona mais facilmente [com o uso de redes sociais] e permanecem em nós por mais tempo do que as emoções positivas”, escreveu Lanier no livro Dez argumentos para você deletar agora suas redes sociais (Intrínseca), publicado no Brasil em 2018.

Existe um meio termo?

Entre dezembro (2022) e fevereiro (2023), decidi que me afastaria das redes sociais que mais utilizo, mantendo aplicativos essenciais, como WhatsApp e Telegram, por onde me comunico. A experiência de ficar fora foi satisfatória, mas também causou em mim saudades de saber o que meus amigos estavam fazendo ou de saber como anda a vida das pessoas que a gente tem relação, mas não estão por perto.

Enquanto isso, há outros usuários que aos poucos caminham para uma desconexão total. Em 22 de fevereiro, Dennis Siqueira anunciou a compra de um celular “de botão”, que irá substituir seu smartphone e será sua principal ferramenta de comunicação com outras pessoas. Isso mesmo, um simples celular com possibilidade de encaminhar mensagens SMS e fazer ligações via operadora de celular.

Ainda assim, as redes sociais online se tornaram tão presentes no cotidiano das pessoas que parece muitas vezes serem indispensáveis em suas vidas. Mesmo que consigamos, a lógica do mundo digital acabou por influenciar todo o nosso percurso de atividades. “Não seria exagero considerar que essas mídias segregam pessoas, levam-nas ao isolamento, gerando sensação de não pertencimento, abatimento, ansiedade e depressão”, explica o médico psiquiatra Nélio Tombini no livro Não deixe a vida te maltratar.

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O desejo de estar presente

O uso das redes sociais deu origem a diversos problemas, entre eles o FoMO (Fear of Missing Out), que pode ser traduzindo na ideia de um medo de estar ficando para trás e não acompanhar o ritmo das pessoas que você segue nas redes sociais.

Nesta situação, o ser humano, “por mais que se alimente das mídias sociais, está sempre vazio, sente um vácuo interior e se sente abandonado. Passa a viver com sensação de que sempre lhe falta algo e que essa falta será preenchida pelos outros, por meio das mídias sociais”, explica Tombini em seu livro.

A síndrome foi descrita pela primeira em 2000 e atinge boa parte dos usuários do mundo digital, especialmente a geração Y ou Millennial, que vai dos 18 aos 34 anos. Entretanto, acompanhar o ritmo frenético das redes e abdicar de outras atividades do cotidiano para navegar na web pode sair caro, como mostra o documentário Like. Produzido em 2018, o filme dirigido por Scilla Andreen entrevista especialistas de diferentes áreas para compreender os efeitos e consequências do uso abusivo de telas (especialmente de redes sociais) no cérebro humano.

Para manter o equilíbrio emocional e proteger a saúde mental dos impactos que as redes sociais podem nos causar, separamos algumas sugestões a seguir.

Dicas para manter uma relação saudável com as redes

1. Conheça seu corpo e seus sinais de alerta

O uso de redes sociais em excesso pode causar problemas psicológicos, mas também físicos, como, por exemplo, tendinite (causadas pelos movimentos repetitivos das mãos e o próprio peso do aparelho), dores na coluna (devido à má postura por períodos prolongados) e tensão ocular (pelo efeito da chamada “luz azul” na visão). Ao perceber alguma mudança em sua saúde, busca ajuda profissional.

2. Acompanhe o seu período de uso diário do smartphone 

Hoje há diversos smartphones que já vêm com a opção de acompanhar o tempo de uso do smartphone e ver quais são os aplicativos que mais demandam a sua atenção. Para quem não possui essa ferramenta, também existe a possibilidade de baixar diretamente da loja de apps aplicações que fazem isso.

3. Estabeleça horários de uso

Você pode estabelecer uma rotina de uso do celular, como, por exemplo, checar as notificações antes de ir para o trabalho, fazer isso novamente após o almoço e depois acessar os conteúdos das redes sociais que acompanha à noite, no máximo até uma hora antes de dormir. Essa é uma forma de evitar alguns impulsos.

4. Se afaste, se necessário, das redes sociais 

Faça o famoso “detox das redes” e experimente permanecer um tempo longe delas. Você pode estabelecer um período específico ou se afastar permanentemente. Todo mundo sabe onde o calo aperta, então é melhor abrir mão de algo que não nos faz mais bem do que insistir no uso.

5. Desative as notificações dos aplicativos

Uma forma de evitar ser fisgado fisgado pelas redes sociais é desativar as notificações, assim somos nós que controlamos quando iremos acessar as redes novamente e não o contrário.

6. Mantenha o celular longe do seu campo de visão durante períodos de concentração

Vai estudar ou precisa se concentrar em um projeto importante do trabalho? Deixe o celular dentro de uma gaveta, longe da sua vista, ou na mesa de um colega. Se está em casa, experimente guardar em outro cômodo ou em uma região mais difícil de acessar.

7. Equilibre atividades online com as offline

Encaixar o uso de telas entre os compromissos presenciais do dia a dia ajuda a visualizar melhor as tarefas fora do mundo digital. Se você vai para a academia às 7h15, tente encaixar entre às 6h e o horário de sair de casa para checar suas mensagens, mas nunca deixe de fazer uma atividade presencial porque passou tempo demais no smartphone.

8. Avalie quais aplicativos são importantes para você

Está muito sobrecarregado? Faça uma seleção de quais aplicativos você mais utiliza, seja por causa do trabalho ou de amigos. Assim, fica mais fácil desinstalar alguns que você utilizou poucas vezes e estão apenas ocupando espaço (na sua memória e na do celular).

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