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Idosos que praticam corrida relatam ganhos na saúde física e mental
Corrida pode ajudar no processo de envelhecimento saudável. (Foto: Lucas van Oort/Unspalsh)
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O advogado José Arnaldo Pereira dos Santos fez sua primeira prova de corrida, uma meia maratona, aos 48 anos. Hoje, aos 80, acumula inúmeras medalhas de competições. Mas, de acordo com ele, a saúde foi o principal ganho com a atividade física praticada ao longo desses anos.

A atividade física libera hormônios do prazer, como endorfina e serotonina. A pessoa sente bem-estar. O exercício também leva a pessoa a, naturalmente, pensar em uma alimentação melhor e a desenvolver hábitos saudáveis.

“Eu, por exemplo, parei de fumar quando fui fazer a minha primeira maratona. Foi mais um ganho que eu tive de saúde”, relata o corredor.

Quadro de medalhas de José Arnaldo. Quadro de medalhas de José Arnaldo (Foto: arquivo pessoal)

A corrida entrou na vida dele quando o futebol, que costumava praticar, saiu. O advogado, que sempre gostou de estar em movimento, começou a correr despretensiosamente aos fins de semana. Até que pegou gosto. A intensidade dos treinos cresceu, assim como o número de relacionamentos conquistados com a prática. Arnaldo conheceu pessoas que também corriam. Por influência delas, as provas entraram na vida dele.

“A primeira prova que eu fiz foi uma meia maratona, em São Paulo. Foi muito bacana correr em um sábado à tarde, saindo da avenida Paulista, passando pela 23 de Maio. Fiquei muito entusiasmado e gostei muito”, relembra, também recordando que participou dessa corrida depois de ser convidado por um amigo.

Corrida pode ser prazerosa

Quem também amou a dinâmica da corrida de rua foi a professora aposentada Orlanda das Graças Reis, 73, anos.

Ela começou no esporte há mais de quarenta anos, incentivada pela academia da qual fazia parte. “Nós tínhamos uma equipe. Nossas camisetas eram diferenciadas, com o nome da academia, os nomes das atletas. Era gostoso, muito animador. A partir daí, eu comecei a gostar das provas de ruas. De repente eu estava participando de todas, independente da academia”, relata.

Aliás, foram a atmosfera e a energia que Orlanda vivenciava nas primeiras provas que ela mais gostava e o que a levou a continuar no esporte.

“Eu achava uma delícia, agradava-me muito estar envolvida com o povo naquele ambiente de corrida. Era algo muito alegre e que me cativava muito. O prazer também era muito grande. O que mais me fazia estar lá no meio era o prazer de participar”.

Orlanda comemora o fim de mais uma competição de corrida. Orlanda comemora o fim de mais uma competição de corrida (Foto: Nassor Addaê/arquivo pessoal)

Mais do que o físico, a corrida traz benefícios para a mente

Para Arnaldo, manter-se em movimento é fundamental, não só pelo físico, mas também para a mente. O que o guia é a ideia de ter uma mente sã e um corpo são.

“Envelhecer praticando uma atividade física, seja caminhada, corrida ou natação, faz com que você consiga manter uma autonomia. É muito bom para o físico e para a mente. É muito saudável, eu procuro manter essas atividades, apesar da idade. Isso porque me faz me sentir bem melhor do que se eu estivesse inativo”, comenta.

Com Orlanda não é diferente. Para ela, inclusive, a principal beneficiada pela corrida é a mente. “Lá atrás eu dizia para os meus amigos e colegas que a atividade física fazia mais bem para a minha mente do que para o meu físico, e continua sendo assim. Essa balbúrdia do esporte faz muito bem para a minha mente. Melhora a minha qualidade de pensamento, o bem-estar comigo mesma, com minha cabeça. É nesse sentido que eu caminho”, declara.

Outro ponto é que, apesar de parecer um esporte individual, a corrida pode ser coletiva. Isso porque os grupos e as relações que se constroem entre os praticantes desse esporte também fazem muito bem. “É importante que a pessoa participe de grupos de corrida. Isso ajuda a formar um convívio social saudável, e estabelecer novas amizades. É uma atividade que traz muitos ganhos para as pessoas”, aponta Arnaldo.

“O ambiente de corrida, dos atletas reunidos, é alegre. Eu gosto de estar no meio da alegria. Faz bem para a minha mente. É um ambiente gostoso, que me faz sentir envolvida, e é um dos fatores que motiva a minha presença”, conta Orlanda.

Orlanda da Graças Reis foi pódio na corrida Vera Cruz, de 6 km, em Campinas (SP), em 2023. Orlanda da Graças Reis foi pódio na corrida Vera Cruz, de 6 km, em Campinas (SP), em 2023 (Foto: Nassor Addaê/arquivo pessoal)

Os benefícios da corrida

Além do surgimento de novas relações, do bem-estar e do prazer que Arnaldo e Orlanda mencionaram, uma atividade física como a corrida traz outros ganhos para a qualidade de vida.

Luana Oliveira Correia, geriatra, menciona alguns deles: “de uma forma geral, ela vai atuar direta ou indiretamente na prevenção e controle de fatores de risco para doenças crônicas. Como hipertensão, obesidade e doenças cardiovasculares. Isso porque melhora a saúde cardiovascular, a capacidade respiratória, atua no controle de peso, no fortalecimento muscular e ósseo”, exemplifica. Além disso, uma vida ativa impacta positivamente o fluxo sanguíneo e o metabolismo cerebral, além de promover neuroplasticidade.

Sendo assim, a saúde mental também é afetada. “A produção de endorfinas, liberadas após a realização de exercícios físicos, consequentemente diminui os riscos de depressão e melhora a qualidade do sono”, explica.

Tudo isso, segundo a especialista, melhora a qualidade de vida e traz longevidade. “Isso torna as pessoas fisicamente mais ativas, com maior independência funcional e com menor necessidade de cuidados médicos.”

Eles não querem parar

Para Orlanda, o futuro é continuar fazendo que faz. “Eu não consigo me imaginar não participando dessa vida de corrida. Eu quero estar sempre nas minhas corridinhas”, declara.

A corrida e o esporte, de modo geral, trouxeram para ela qualidade de vida e a possibilidade de se manter ativa nessa fase da vida, o que para ela é muito valioso.

É por isso que ela quer se manter na corrida, mesmo com problemas de artrose que afetam um pouco seu desempenho. “Enquanto viver, quero estar correndo. Antes, eu corria 10 km, agora eu só corro 6 km. Já diminuiu bastante, mas eu não quero diminuir mais”, relata.

Para a próxima prova, o plano é simples: terminar a corrida de acordo com o plano proposto. “É cumprir a meta, dar conta do recado. Fazer o percurso dentro do tempo estipulado pelos organizadores, e no final receber minha medalhinha. Quero cumprir meu percurso, metro a metro, sem faltar um. É o plano de sempre.”

Já Arnaldo não participa de provas desde 2019 e não tem um projeto em mente para a próxima corrida. A pandemia e a mudança para Osasco (SP) o afastaram dos seus antigos grupos. No momento, ele está criando novos relacionamentos. Entretanto, o esporte não deixa de estar presente na sua rotina. Corridas de 5 km ou 10 km ocorrem pelo menos duas vezes na sua semana e são intercaladas com a prática de natação.

José Arnaldo na meia maratona do Rio de Janeiro em 2019. José Arnaldo na meia maratona do Rio de Janeiro em 2019 (Foto: arquivo pessoal)

Envelhecer é um processo

Dessa forma, Luana destaca um ponto importante: o envelhecimento é um processo. Isso significa que leva tempo, e por isso é importante se cuidar e se planejar desde cedo para a fase idosa chegar bem.

“Para ter um processo de envelhecimento ativo e saudável, nós precisamos nos cuidar, cuidar da nossa saúde de forma precoce, pensando que não é da noite para o dia que nos tornamos uma pessoa idosa”, alerta a especialista.

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