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O que é atenção plena ou mindfulness?
Atenção plena traz plenitude e felicidade (Foto: Stephanie Greene/Unsplash)
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Já ouviu falar em atenção plena? Talvez o termo “mindfulness” também seja comum aos seus ouvidos. É uma prática que prioriza a atenção e a consciência no momento presente. Mas se você acha que para por aí, saiba que vai além.

Segundo Solange Viana, instrutora e trainer de mindfulness, o estado de atenção plena gera uma espécie de consciência sutil, que permeia tudo que está acontecendo ao redor. Desse modo, as pessoas se tornam mais sensíveis e perceptíveis ao que parece ser invisível, às sutilezas de cada momento. Ela descreve que não há uma régua para medir esse estado, mas que é uma escolha interna sobre onde colocar sua atenção, de forma que a intenção é sempre trazer a atenção e o foco para o momento presente.

Além desse foco no momento presente, há mais elementos envolvidos. “Compreendo a atenção plena como uma maneira de receber nossas experiências com uma presença amorosa, que nos permite reconhecer e aceitar nossos pensamentos, sensações e emoções com muito mais gentileza”, explica a especialista.

“A prática regular da atenção plena nos permite cultivar uma consciência mais ponderada, sem nos prender nem rejeitar o que surge, mas observar com compaixão e curiosidade.”

Sendo assim, a prática exige que estejamos sempre alinhados no caminho da aceitação plena e atenta, onde a compaixão e o equilíbrio emocional têm um papel fundamental. Isso porque eles se unem para a criação de uma relação mais harmoniosa com o interior e exterior de cada pessoa.

Uma prática de compaixão e conexão

Dani Wang, autora do livro Consciência Plena, destaca que a prática do mindfulness é uma técnica e uma habilidade a serem desenvolvidas, o que ocorre em paralelo a outras questões.

“Mindfulness não é mindfulness se não houver o tema da compaixão e da bondade amorosa. Se não, torna-se apenas um treinamento de foco e deixa-se de lado a beleza do mindfulness, que é a amorosidade e a compaixão à humanidade, com um olhar generoso e humilde a tudo”, pontua.

Solange faz coro ao mencionar que a atenção plena vai além da auto-observação. Ela destaca a prática do ‘inter-ser’. Trata-se de um conceito relacionado “à noção de interconexão de todos os seres e fenômenos”, destaca a instrutora. Além disso, o inter-ser ajuda na percepção e na valorização da interdependência de todos os seres – um fato que não merece ficar de fora da prática da atenção plena.

Atenção plena permite a aceitação

Ancorar a atenção melhora a consciência do presente, o que pode elevar a felicidade das pessoas. É o que defende Solange. Isso ocorre porque a prática permite maior aceitação e fruição de cada momento.

“A aceitação não é ser subserviente, mas ter compreensão. Ela nos permite desfrutar mais plenamente de nossas vidas. Ajuda também a reduzir o desejo constante de mudança, trazendo assim uma maior tranquilidade interior e satisfação com a vida. Para mim, experimentar paz na mente e no coração, que é uma consequência da ausência de sofrimento, é um sinônimo de felicidade”, explica Solange.

“A prática de mindfulness nos traz lucidez e nos fortalece, ajudando a evitar ou amenizar quadros de ansiedade e ou depressão futuras. Também é uma excelente forma de fazer ‘reparação de danos’, quando a pessoa já encontra-se diagnosticada nestes estados”, acrescenta.

Com a prática constante da atenção plena, “viramos protagonistas. As rédeas de nossas escolhas e comportamentos estão em nossas mãos”, conclui a instrutora.

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Um caminho para mais felicidade

Dani Wang também fala sobre a aceitação que o mindfulness traz. Segundo ela, estar presente no momento permite com que as pessoas não se apeguem a histórias que não existem, ou ao futuro (que também não existe), e só com essa pequena virada de chave já é possível abrir-se para viver mais feliz.

Ela destaca ainda que essa felicidade não pode ser confundida com uma positividade tóxica. “Nós observamos, aceitamos e acolhemos a realidade como ela é. Nem sempre a realidade é linda ou envernizada, mas cultivando a atenção plena, a gente aceita a raiva, o ciúmes, a inconformidade. E aceitamos com um olhar mais neutro, mais amoroso, mais acolhedor. Então fica muito mais fácil mudarmos o nosso estado interno e ter mais inteligência emocional. Nós convidamos a felicidade a estar mais presente no nosso dia a dia”, declara.

A aceitação não se aplica somente a questões individuais, ela pode e deve englobar as relações. Para Dani, isso permite entender e observar melhor as emoções e palavras. Com isso, é possível se aproximar mais das pessoas e aceitá-las como são.

Como praticar a atenção plena

A atenção plena é uma prática contemplativa que nos ensina a estar presente. “Qualquer coisa que a gente faz com presença, com consciência, nós vamos fazer bem, nós vamos fazer com alinhamento, com o nosso coração, com a nossa essência, com a nossa verdade”, declara Dani.

E para chegar nesse estado, como qualquer outra habilidade, é preciso treinar a atenção plena. Solange aponta algumas práticas. A primeira é a regularidade: é melhor praticar poucos minutos todos os dias do que muitos minutos esporadicamente. A constância vai auxiliar no estabelecimento da rotina. Além disso, é preciso também não se cobrar tanto e entender que a distração faz parte do processo.

Solange destaca ainda as nove atitudes do mindfulness, essenciais para o desenvolvimento da atenção plena:

  1. Paciência
  2. Confiança
  3. Não julgamento
  4. Aceitação
  5. Mente de principiante
  6. Gratidão
  7. Deixar ir
  8. Não esforço
  9. Generosidade

Para iniciantes, Dani Wang recomenda uma técnica básica com três passos simples: o primeiro é o uso de áudios guiados. Existem bons aplicativos de meditação plena, além de vídeos no Youtube e podcasts em plataformas de streaming como o Spotify, O segundo passo é começar a praticar em tempos curtos. Por último, aumentar o tempo de meditação conforme se progride na técnica, até educar a sua atenção para que esteja focada no momento durante a maior parte do tempo.

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