O que é atenção plena ou mindfulness?
Prática une compaixão e equilíbrio emocional para criar relação mais harmoniosa com pensamentos, sensações e escolhas
Já ouviu falar em atenção plena? Talvez o termo “mindfulness” também seja comum aos seus ouvidos. É uma prática que prioriza a atenção e a consciência no momento presente. Mas se você acha que para por aí, saiba que vai além.
Segundo Solange Viana, instrutora e trainer de mindfulness, o estado de atenção plena gera uma espécie de consciência sutil, que permeia tudo que está acontecendo ao redor. Desse modo, as pessoas se tornam mais sensíveis e perceptíveis ao que parece ser invisível, às sutilezas de cada momento. Ela descreve que não há uma régua para medir esse estado, mas que é uma escolha interna sobre onde colocar sua atenção, de forma que a intenção é sempre trazer a atenção e o foco para o momento presente.
Além desse foco no momento presente, há mais elementos envolvidos. “Compreendo a atenção plena como uma maneira de receber nossas experiências com uma presença amorosa, que nos permite reconhecer e aceitar nossos pensamentos, sensações e emoções com muito mais gentileza”, explica a especialista.
“A prática regular da atenção plena nos permite cultivar uma consciência mais ponderada, sem nos prender nem rejeitar o que surge, mas observar com compaixão e curiosidade.”
Sendo assim, a prática exige que estejamos sempre alinhados no caminho da aceitação plena e atenta, onde a compaixão e o equilíbrio emocional têm um papel fundamental. Isso porque eles se unem para a criação de uma relação mais harmoniosa com o interior e exterior de cada pessoa.
Uma prática de compaixão e conexão
Dani Wang, autora do livro Consciência Plena, destaca que a prática do mindfulness é uma técnica e uma habilidade a serem desenvolvidas, o que ocorre em paralelo a outras questões.
“Mindfulness não é mindfulness se não houver o tema da compaixão e da bondade amorosa. Se não, torna-se apenas um treinamento de foco e deixa-se de lado a beleza do mindfulness, que é a amorosidade e a compaixão à humanidade, com um olhar generoso e humilde a tudo”, pontua.
Solange faz coro ao mencionar que a atenção plena vai além da auto-observação. Ela destaca a prática do ‘inter-ser’. Trata-se de um conceito relacionado “à noção de interconexão de todos os seres e fenômenos”, destaca a instrutora. Além disso, o inter-ser ajuda na percepção e na valorização da interdependência de todos os seres – um fato que não merece ficar de fora da prática da atenção plena.
Atenção plena permite a aceitação
Ancorar a atenção melhora a consciência do presente, o que pode elevar a felicidade das pessoas. É o que defende Solange. Isso ocorre porque a prática permite maior aceitação e fruição de cada momento.
“A aceitação não é ser subserviente, mas ter compreensão. Ela nos permite desfrutar mais plenamente de nossas vidas. Ajuda também a reduzir o desejo constante de mudança, trazendo assim uma maior tranquilidade interior e satisfação com a vida. Para mim, experimentar paz na mente e no coração, que é uma consequência da ausência de sofrimento, é um sinônimo de felicidade”, explica Solange.
“A prática de mindfulness nos traz lucidez e nos fortalece, ajudando a evitar ou amenizar quadros de ansiedade e ou depressão futuras. Também é uma excelente forma de fazer ‘reparação de danos’, quando a pessoa já encontra-se diagnosticada nestes estados”, acrescenta.
Com a prática constante da atenção plena, “viramos protagonistas. As rédeas de nossas escolhas e comportamentos estão em nossas mãos”, conclui a instrutora.
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Um caminho para mais felicidade
Dani Wang também fala sobre a aceitação que o mindfulness traz. Segundo ela, estar presente no momento permite com que as pessoas não se apeguem a histórias que não existem, ou ao futuro (que também não existe), e só com essa pequena virada de chave já é possível abrir-se para viver mais feliz.
Ela destaca ainda que essa felicidade não pode ser confundida com uma positividade tóxica. “Nós observamos, aceitamos e acolhemos a realidade como ela é. Nem sempre a realidade é linda ou envernizada, mas cultivando a atenção plena, a gente aceita a raiva, o ciúmes, a inconformidade. E aceitamos com um olhar mais neutro, mais amoroso, mais acolhedor. Então fica muito mais fácil mudarmos o nosso estado interno e ter mais inteligência emocional. Nós convidamos a felicidade a estar mais presente no nosso dia a dia”, declara.
A aceitação não se aplica somente a questões individuais, ela pode e deve englobar as relações. Para Dani, isso permite entender e observar melhor as emoções e palavras. Com isso, é possível se aproximar mais das pessoas e aceitá-las como são.
Como praticar a atenção plena
A atenção plena é uma prática contemplativa que nos ensina a estar presente. “Qualquer coisa que a gente faz com presença, com consciência, nós vamos fazer bem, nós vamos fazer com alinhamento, com o nosso coração, com a nossa essência, com a nossa verdade”, declara Dani.
E para chegar nesse estado, como qualquer outra habilidade, é preciso treinar a atenção plena. Solange aponta algumas práticas. A primeira é a regularidade: é melhor praticar poucos minutos todos os dias do que muitos minutos esporadicamente. A constância vai auxiliar no estabelecimento da rotina. Além disso, é preciso também não se cobrar tanto e entender que a distração faz parte do processo.
Solange destaca ainda as nove atitudes do mindfulness, essenciais para o desenvolvimento da atenção plena:
- Paciência
- Confiança
- Não julgamento
- Aceitação
- Mente de principiante
- Gratidão
- Deixar ir
- Não esforço
- Generosidade
Para iniciantes, Dani Wang recomenda uma técnica básica com três passos simples: o primeiro é o uso de áudios guiados. Existem bons aplicativos de meditação plena, além de vídeos no Youtube e podcasts em plataformas de streaming como o Spotify, O segundo passo é começar a praticar em tempos curtos. Por último, aumentar o tempo de meditação conforme se progride na técnica, até educar a sua atenção para que esteja focada no momento durante a maior parte do tempo.
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