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Vai ficar tudo bem
Lina Trochez
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A primeira vez que fiz terapia foi para lidar com um medo muito grande que sentia: o medo de perder o emprego. Naquela época, eu tinha vinte e poucos anos, trabalhava em uma multinacional, recebia um ótimo salário para uma jovem da minha idade e, ainda, ajudava meus pais com algumas despesas da vida em família.

Eu, que havia começado a trabalhar com quinze anos, sabia que era competente e dedicada. E mais, sabia que era reconhecida em meu trabalho por essas características. Então, por que sentia tanto medo de ser demitida? 

Na terapia, descobri que parte desse medo veio de uma experiência traumática que vivi, no início da minha carreira. Era estagiária em uma empresa farmacêutica e, no final do meu período de experiência, meu estágio foi cancelado, sem que eu tivesse a menor pista de que isso estava para acontecer.

Mudanças

O mais difícil para mim foi processar a justificativa que recebi para o meu desligamento: “mau-relacionamento com a equipe”. Uau!!! Aquilo me acertou como um golpe! Eu nunca tinha ouvido, de colega algum, que tínhamos qualquer problema de relacionamento. Fiquei verdadeiramente abalada com a situação. 

Comecei a trabalhar na indústria farmacêutica para pagar a faculdade que cursava em Belém (PA). Com o encerramento do estágio, eu precisava, urgentemente, encontrar outro emprego — antes que os boletos começassem a acumular.

Ainda, tinha mais um agravante: para trabalhar nesse estágio, eu havia comprado um carro de segunda mão e faltavam muitas parcelas do financiamento para quitar. Eu realmente precisava resolver aquele problema o mais rápido possível! 

Um olhar mais positivo 

Poucas semanas depois, eu já havia participado de três processos seletivos. E, neles todos, fui questionada sobre o motivo de ter saído do meu último estágio. Tive de dar as mãos à minha integridade e contar a história que me contaram.

Para minha grande surpresa, quando recebi as devolutivas, descobri que fui escolhida para TODAS as vagas. Que incrível!!! Eu nem acreditava que depois daquele revés, teria agora três excelentes opções para escolher. E, assim, saí de um estágio, para o meu primeiro emprego com carteira assinada, com direito a carro da empresa e uma série de outros benefícios.  

Quando fui demitida, não era nem capaz de imaginar que todo aquele sofrimento não duraria tanto e que, logo em seguida, algo muito melhor aguardava por mim. Naquela época, eu tinha um olhar muito mais voltado para o lado negativo, pessimista.

Uma pesquisa de Daniel Gilbert (professor de psicologia da Universidade de Harvard), explica esse comportamento ao mostrar que somos naturalmente “maus previsores eficazes”, como ele define. Tendemos a achar que os sentimentos dolorosos durarão muito mais tempo e que afetarão mais a nossa vida, do que ocorre na realidade.

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Adaptação

Os achados de Gilbert mostram que, em média, não nos sentimos tão mal quanto esperamos e nos recuperamos bem mais rápido do que imaginamos. Afinal, nós temos algo muito poderoso a nosso favor: o nosso sistema imunológico psicológico. Ele faz com que nos adaptemos aos desapontamentos de uma maneira mais rápida e melhor do que esperamos.

Além disso, podemos, ainda, aprender a desenvolver um olhar mais positivo diante das adversidades. Lynda Wallace (professora do Wholebeing Institute Brasil), nos ensina como fazer isso. Uma prática simples para cultivar uma abordagem mais otimista, ela diz, é perceber quando estamos tendo uma reação pessimista. E então, temos três coisas a fazer: identificar, desafiar e reformular.

Aplicando na sua vida 

Agora, vamos praticar esses passos. Para isso, pense em alguma situação recente, em que você não conseguiu enxergar o desenrolar dos fatos de uma maneira otimista. A seguir: 

  • Procure identificar a sua reação, tomando consciência do que está acontecendo e diga para si: “Essa é uma reação pessimista”.
  • Desafie sua interpretação ou expectativa pessimista. Pergunte-se: “Eu realmente sei que isso é verdade?”.
  • Reformule sua reação de uma maneira mais positiva. “Como isso poderia ser melhor do que eu espero? O que poderia acontecer de bom a partir desse contratempo? O que posso fazer para isso acontecer?”.

Lynda, especialista em Psicologia Positiva, nos lembra que “algumas das melhores coisas da vida, nascem dos momentos mais difíceis”. E ela tem razão. Se eu não tivesse sido desligada daquele estágio e procurado terapia, minha vida não teria se desenrolado da mesma maneira.

E, se tudo que vivemos no passado nos traz até o momento presente, sou absolutamente grata por esse episódio doloroso. Foi graças a ele que, anos mais tarde, quando estava no auge da minha carreira, tive coragem de pedir demissão e mudar totalmente a rota da minha vida. Fiz uma significativa transição de carreira e me tornei terapeuta, coach e escritora. Tirei um ano inteirinho para viajar pelo mundo, com uma única mochila nas costas. Mudei para a Tailândia, me tornei mãe da Eva e lancei meu primeiro livro. Meu olhar, antes pessimista, passou a contemplar a vida com mais otimismo e apreciação. Como Lynda destaca: 

“Ter uma expectativa otimista, não é apenas esperar resultados positivos. Também devemos lembrar do nosso sistema imunológico psicológico. E que, mesmo quando as coisas não saem como esperamos, vai ficar tudo bem!”.

Eu creio nisso! E você?

*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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