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Sem “felizes para sempre”: conheça os três grandes paradoxos da felicidade
Priscilla Du Preez
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Fim de filme e a famosa frase surge na tela: “E viveram felizes para sempre. Fim.”. Esse padrão nos filmes de Hollywood e novelas implantou uma crença perigosa no inconsciente coletivo: a de que é possível sentir felicidade permanente ao atingir objetivos grandiosos. E como o conto de fadas não se concretiza, muitos vivem o “infelizes para sempre…”. Essa é a grande cilada que você precisa tomar cuidado para não cair.

Lembro de ser criança e, ao ver isso, pensar: “Mas eles tiveram problemas a vida toda e nunca mais vão ter? Essas brigas e problemas de família só acontecem na MINHA família? Ninguém vai se separar, nem passar perrengue? Não vão ter uma crise de identidade? Ninguém vai ficar seriamente doente? Ninguém vai morrer? Será que eles não vão morrer de tédio?”

A ideia de “felizes para sempre” é uma ilusão

Esses finais aparentemente inocentes alimentam a perigosa ilusão da felicidade constante. Ainda que as áreas da nossa vida estejam como a gente planejou (o que é muito difícil neste mundo imprevisível), a gente ainda lida com conflitos do mundo externo e, principalmente, do nosso universo interno.

Quer ver só?

Pense em uma coisa que você queria muito e conseguiu conquistar. Um diploma, um carro, uma família, um trabalho ou até aquele brinquedo quando você era criança. Qual a sensação que você teve quando esse seu sonho foi realizado? Ficou feliz? Ainda está feliz com isso?
Passou, né? O prazo de validade da felicidade expirou.

É que a alegria não faz morada, ela visita. Não tem a ver com o tamanho dos sonhos ou com a fase de vida. Isso acontece porque a vida é fluída e aquilo que nos torna felizes muda ao longo das nossas vidas.

A busca pela felicidade evolui com a idade

Talvez na adolescência sua maior felicidade era ter uma paixão correspondida, ou fazer uma viagem incrível (e cheia de perrengues!) com seus amigos. Depois, aos 25 anos, você passou a acreditar que aquela grande promoção era tudo o que você precisava. E aí, aos 35 ou 45 anos, você já considera que ter saúde, família e/ou impactar pessoas te traga mais satisfação do que os seus sonhos do passado.

Quando buscamos a felicidade e pensamos que a alcançamos, seu significado muda. E começamos a persegui-la novamente.

E calma, não é que a felicidade seja algo ruim. Longe disso! Aliás, todos os seres humanos querem ser felizes! O problema é a frustração pela utopia que nossa mente cria. Vou explicar melhor…

O conceito de felicidade é definido pela cultura de um povo

Como pesquisadora das emoções, vou te contar onde mais eu me surpreendi com a felicidade genuína: no Quênia, país africano, eu vi a ideia da felicidade associada com o carpe diem, com o desfrutar do que se tem hoje. Tem a ver com sentir necessidades preenchidas, as mais simples.

Quanto mais a cultura estimula a gente a não se sentir preenchido, mais infelizes ficamos.

Aqui no ocidente, nós ainda associamos a felicidade com a ideia de termos sucesso e realização pessoal. Já no leste asiático, as pessoas associam a felicidade com a ideia de comunidade, harmonia social.

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Os três paradoxos da felicidade

Para a felicidade ser resultado das suas escolhas e você não cair em armadilhas, você precisa conhecer os 3 paradoxos sobre a felicidade:

1º paradoxo: você não fica feliz tentando ser feliz

A ideia da felicidade é uma utopia que nos faz acreditar na perfeição e nos deixa frustrados toda vez que algo não acontece como o planejado. E como diria um amigo meu: “a expectativa é a mãe da decepção”. Expectativas não satisfeitas geram uma insatisfação constante.

A felicidade é consequência de uma realização interna, de quando você faz algo que gera o senso de utilidade. Ela surge como um agradável efeito colateral de quem alimenta uma vida com sentido, não só para si, como para os outros!

2º paradoxo: querer ser feliz pelos outros pode te deixar mais solitário

Um estudo de pesquisadores de Oxford mostrou que as pessoas que perseguem a felicidade vivem mais sozinhas e solitárias.

Na busca obstinada pelos objetivos que supostamente trariam felicidade, uma pessoa é capaz de se perder em seus próprios pensamentos, adotando uma postura egoísta. Por consequência, ela fica mais solitária e se sente menos conectada com outras pessoas. Resultado? Insatisfação.

3º paradoxo: ser feliz o tempo todo não te faria bem

Conhece a expressão “bobo alegre”? A alegria te deixa menos atento aos riscos e detalhes. Pense nas vezes que você estava curtindo tanto um momento, que foi inconsequente e desconsiderou os riscos da situação… a sensação de felicidade pode ter consequências desastrosas!

SAIBA MAIS: A busca pela felicidade pode ser mais simples do que você imagina

A importância de aprender com todas as emoções

Todas as emoções são importantes, inclusive as emoções mais negativas, que nos fazem ter:

  • um pensamento mais crítico;
  • uma análise mais sistemática;
  • mais empatia pelos outros;
  • mais memória de aprendizados;
  • poder de argumentação;
  • propensão a corrigir falhas e
  • perseverança diante de desafios.

Os sentimentos podem ensinar coisas preciosas sobre nós e sobre nossas orientações de vida. Todos eles podem servir de bússola.

A felicidade é uma consequência, não um fim

Permita-se aprender com todos os momentos, sem expectativas de uma vida perfeita e sem desafios. Isso trará a maturidade necessária para você sentir paz constante nas suas escolhas, mesmo em momentos difíceis. Moral da história: a felicidade surge como consequência e não como fim.

Quer continuar aprendendo a acolher todas as suas emoções? Acompanhe meus conteúdos no Instagram (@paularoosch) e no LinkedIn (Paula Roosch). Te ajudo a ter uma relação mais saudável com todas elas, diariamente.

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