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O poder de ver as pequenas alegrias da vida
Divulgação/ Couple of Things
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Este não é um texto sobre “hashtag gratidão”.

Por alguns anos, usar a palavra “gratidão” no lugar do “obrigada” virou moda. Parecia que todo mundo em todo lugar estava grato por algo a todo instante. Do dia pra noite, o hype era dizer, escrever, vestir camisa, twittar e postar a tal da “#gratidão”.

Só de ouvir alguém fazendo essa troca de vocábulos me fazia virar os olhos e bufar. Pensava: pronto! Aí vai a banalização de mais uma palavra. Todo mundo falando, mas ninguém nem para pra pensar no porquê da gratidão.

Anos se passaram desde o “boom da gratidão”, mas meu ranço em relação à palavra segue firme. Porém, pra minha surpresa, recentemente me descobri uma grande hipócrita. 

Ao mesmo tempo em que tenho aversão a ela, passei a notar tantas pequenas alegrias no meu dia que passo muitos minutos da minha rotina apenas agradecendo (o universo, a pachamama, uma força maior quem sabe?) por elas.

Reclamar virou padrão.  Já agradecer, não

O trânsito é um inferno, o trabalho tá cansativo, a academia é um saco, esse homem não é o ideal, vai chover, o pão de queijo tá frio, o café veio adoçado, o vestido tá apertado, a louça suja tá acumulando, a criança tá chorando, o deadline é hoje, o dinheiro vai acabar…

Verbalizar a nossa insatisfação é quase que um ato natural – e, convenhamos, muitas vezes extremamente prazeroso e viciante. Parece que nunca estamos contentes ou saciados com o que está na nossa frente. 

Precisamos de mais, queremos o que não temos, desejamos o que perdemos e, em paralelo, criticamos e reclamamos dos fatos, das atividades, das situações e de tudo e todos que nos der na telha. Afinal, reclamar é um ato gratuito, né?

O que me chama atenção nisso é o fato de que gastamos energia, tempo e disposição pra por defeito em tudo, mas não temos o costume de fazer o exato oposto disso, que é elogiar. Ou de nos sentir gratos pelo que temos.

Quem só vê problema pode deixar de encontrar soluções

Não me considerava uma pessoa otimista, muito menos uma pessoa que presta atenção nas banalidades do dia a dia. Reclamava, como boa parte das pessoas. E muito. 

Não sei se foi o amadurecimento, se foi a vida minimalista na estrada, minha busca pelo autoconhecimento ou o combo de tudo isso… Só sei que percebi ser uma pessoa que inconscientemente olha para o mundo com um viés positivo

Esta visão de mundo – que finalmente entendi ser algo natural da minha personalidade – passou a ser também uma decisão racional minha: eu escolho como olhar para as coisas, pessoas e situações ao meu redor. E ao escolher, vejo o copo meio cheio.

Entendi que procurar ver beleza nas coisas mais triviais – assim como também buscar achar saídas para os mais diversos problemas – é o que me faz viver dias repletos de esperança. 

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Meu despertador toca diariamente às 4h44 da manhã – gosto do número repetido e de acordar cedo. Nem sempre estou animada (ou meramente disposta) pra me exercitar a essa hora. É uma luta mental comigo mesma pra sair da cama.

Mas escolho pensar no privilégio que é ter saúde, possuir um par de tênis pra correr, ter esse tempo pra mim e poder sair sozinha na rua – com pernas e braços a mostra. Este simples pensamento é o que me faz ganhar a batalha contra a autossabotagem e me impulsiona pela porta a fora, rumo a “sessão de endorfina da madruga”. 

Saio (muitas vezes) me arrastando, mas vou agradecendo por cada passo que dou, cada pio de passarinho que escuto, cada gota de suor que cai, cada parte do meu corpo que está funcionando pra que eu esteja ali, correndo, sem dor. 

E deste momento do meu dia em diante, sempre que me deparo com algo que me desestabiliza – fisicamente ou emocionalmente – tento observar os fatos. E, a partir deles, procuro focar no que me motiva, inspira ou me faz bem. Busco valorizar os privilégios que tenho.

Recomeços

Por exemplo: esta semana, recebi dois “nãos” de projetos que eu queria muito que acontecessem. Fiquei arrasada. Passei uma tarde me lamentando sobre o fracasso; a falta de sorte, de talento, de timming; o desespero financeiro etc.… Até fui ler o texto que Leo escreveu sobre como se levantar depois de um não aqui.

No dia seguinte, decidi começar do zero – deixando a reclamação e o pessimismo pra trás e focando agora em buscar novas oportunidades, abrir caminhos, criar novas propostas. 

Nem sempre consigo ser otimista, mas só de criar o hábito de fazer este exercício já me faz respirar mais tranquila. Me faz sorrir mais. E me leva a enxergar novas perspectivas. Muitas vezes, bem mais positivas e leves.

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Não posso (nem quero) controlar o mundo ao meu redor. Surpresas – boas e más – acontecem a todo o instante, quer eu queira ou não. 

Mas posso sim guiar o rumo dos meus pensamentos pra seguir um caminho que me leve a florescer. Procuro ser uma narradora que traz esperança pra minha  própria história, impactando – se for possível – positivamente a vida de quem cruza o meu caminho. 

E focar nas pequenas alegrias da vida, que geralmente estão dançando bem na minha frente, me faz estar muito mais presente no momento e consciente que há sim beleza em tudo. Basta só eu me lembrar de procurá-las. Sem esquecer de agradecer por cada uma delas quando as encontro.

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DIANA BOCCARA vive há oito anos na estrada, com seu par de malas, acompanhada pelo seu marido Leo Longo, com quem divide seus dias e o trabalho no duo  Couple of Things. Autora do livro “Mínimo Essencial”, filmmaker, minimalista, vive pelo mundo filmando séries como “What If Collab” (disponível no Amazon Prime Video),  ABITAH  e  “A Volta Ao Mundo em 80 Videoclipes” (ambas disponíveis na Globoplay). Suas histórias já foram contadas nos palcos do TEDx e SXSW. No instagram, o casal divide um pouco mais dos bastidores de uma vida itinerante. E aqui na Vida Simples, eles compartilham aprendizados que uma vida com menos excesso lhes trouxe. 

*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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