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Impermanência
Suzanne D. Williams
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Impermanência: substantivo feminino; particularidade, característica ou estado do que é impermanente.

Essa palavra me dava arrepios, eu evitava até pensar nela desde que alguém um dia me disse: tudo é impermanente. Escorpiana que sou, com ascendente em touro e lua e em escorpião também, sou apegada. Não me apego a coisas físicas, mas a pessoas, momentos, formatos.

Sempre tive dificuldade em lidar com mudanças, imprevistos e tudo que não estivesse sob meu controle. Há uns 15 anos eu estava numa livraria e vi a capa de um livro da Zíbia Gasparetto: Ninguém é de Ninguém. Eu sofri só com o título da capa e tratei de ficar bem longe daquele livro, e é claro que a vida se encarregou de me ensinar da forma mais dolorosa: separações, divórcio, perdas, mudanças e mais mudanças: de casa, de cidade, de vida, de profissão, de missão, de propósito, de pensamentos, de sentimentos.

Meu ego virou do avesso. Algumas vezes. Sabe quando você entra no mar, a onda te leva e você consegue finalmente levantar, vem outra onda e te leva de novo? Essa fui eu por muito tempo, praticamente um treinamento Karatê Kid com o Seu Miyagi.

A única certeza que a gente tem nessa vida é que tudo realmente é impermanente, nada na natureza se mantém da mesma forma, nem uma rocha, nem os rios, nem os mares. A semente já brota dentro de um ciclo de nascer e morrer. A borboleta é o exemplo mais perfeito de ciclo de transformação e talvez por isso seja um dos meus seres de poder. A transmutação.

Aquele momento da dor em que não enxergamos saída, quando estamos dentro do casulo escuro, seguido da beleza, leveza e libertação. Quanto mais a gente aceita que tudo é mutável e nada estável, mais valor a gente dá para o momento presente, para as pessoas que estão do nosso lado, para a nossa própria evolução.

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Quando está tudo bem, na fase calmaria, contas pagas, emprego estável, família em paz… De repente algo acontece. A vida vem, te puxa o tapete para gerar movimento de evolução. Alguém fica doente ou bate o carro, perde-se o emprego, e não entendemos por que isso aconteceu conosco.

É a nova fase do “game” de evolução da vida. Hora de novos desafios, novos caminhos, novos aprendizados que só acabam a hora que o game terminar nessa encarnação. Pense em alguém que você se relacionou no passado, consegue se imaginar com a mesma pessoa hoje? São pessoas tão diferentes hoje que teriam que se apresentar novamente, e você achou que não sobreviveria sem ela na época com seu coração em caquinhos.

Quantos melhores amigos de infância você fez pelo caminho que hoje não fala mais com tanta frequência? Foram importantes na fase que você estava vivendo, e o afeto por eles não mudou, vocês apenas são pessoas diferentes hoje e tudo bem. Quantos “e viveram felizes para sempre” teriam se transformado se o filme tivesse continuado depois do fim? A verdade é que a gente vai embora. Um dia a gente vai.

Toda a importância que a gente se dá, vai junto. Fica o rastro de felicidade ou dor que a gente gerou. Ficam o carro, a casa, os cabelos, os apegos, as relações e vão com você os momentos, os aprendizados e as experiências. A gente tem que aprender a viver o presente estando o mais presente que conseguir ao momento. Parar de ficar olhando por celular, curtir as pessoas, a música que está tocando, a água no banho, a refeição que está fazendo. Parar de reclamar e agradecer mais.

Ontem eu estava no aeroporto, entrei numa livraria e dei de cara com o livro da Zíbia. Parei por uns instantes encarando aquela capa e ri. Pensei: que alívio que ninguém é de ninguém. Que liberdade linda que a gente tem de escolher o próprio caminho e de construir sua própria história. Enquanto houver amor, a gente fica, quando ele acaba onde você está e no que está fazendo, você pode ir embora ou ressignificar. Pisquei pra Zíbia em pensamento. Entrei no avião e voei pro meu destino seguinte.

*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples. 

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