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Descubra como ser vegano e por que isso pode mudar a sua vida
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“Eu sou vegana por mim e por você antes de saber que isso tinha um nome”, conta Alana Rox, nova colunista mensal de Vida Simples. Ela estará conosco sempre no primeiro domingo do mês. Com a trajetória marcada por questões de saúde envolvendo a alimentação, Alana nos mostra como o autoconhecimento ajuda a criar uma forma mais respeitosa de relação com o mundo.

Nasci vegetariana em Santa Catarina numa família gaúcha comedora de carnes. Mas, desde bebê, nunca consegui (por instinto) comer nenhum bicho, nem nas papinhas. Chorava, vomitava de horror. Apanhei, fiquei de castigo, forçaram até meus 12 anos, nada funcionou. Mas eu comia ovos e derivados de leite, que mais tarde descobri ser a fonte de vários problemas de saúde que eu tinha desde muito cedo. Sempre tive bronquite, sinusite, muita rinite, amigdalite crônica e muito refluxo.

A partir dos 12 anos, comecei a ter muita enxaqueca e ela era o gatilho para minhas crises de ansiedade e pânico que tive por mais de 10 anos. Só quem tem sabe o horror e a prisão que isso é.

Eu sempre ia em médicos, e nunca me perguntavam o que eu comia, só me entupiam de remédios.

Eu não vivia, eu sobrevivia

Quando minha mãe tinha 42 anos, ela sofreu três derrames cerebrais graves, com muitas sequelas devastadoras. Eu até então achei que tinha herdado a enxaqueca e alguns problemas de saúde dela, já que compartilhávamos de alguns males, só que eu ainda tinha sintomas piores. Pensava, brincando: “herdei a enxaqueca, mas o olho azul que era bom… não” rs.

Na época, eu estava no meu auge da crise de ansiedade. Um dia, na porta da UTI onde ela estava internada, nosso neurologista me fez a pergunta que mudou a minha vida para sempre: “Será que algo que você come não gera a enxaqueca e então todo o horror das crises de pânico que você sofre?”. Na hora fui reativa e disse: “Não! Eu sou vegetariana, sou saudável, não deve ser isso”.

Fui para casa tomar o ansiolítico e torci para que fizesse efeito rápido em minhas células. Em seguida, fui jantar e entendi que tudo que eu estava comendo faria o mesmo caminho do remédio: minhas células todas.

O despertar para uma nova alimentação

E esse foi o início de um despertar para estudos e descobertas. Comecei a estudar fisiologia humana porque queria entender como meu corpo funcionava.

Os animais nascem sabendo instintivamente, mas nós, humanos, não. Estudei o poder dos alimentos e de sua química natural. Quanto mais eu me aprofundava, mais apaixonada eu ia ficando pelo Universo como um todo. Porque tudo está conectado.

Até então, eu não sabia o que acontecia com os animais e com o meio ambiente para que aqueles alimentos que eu estava acostumada a comer chegassem a minha boca, e que ainda me faziam tanto mal.

Mudei para São Paulo há 17 anos por causa da música, eu era cantora e compositora. Estava sozinha, por minha conta, sem família e não podia ficar doente. Tinha pouco dinheiro para me manter, mas queria me alimentar e usar no meu corpo apenas o que me fizesse bem. Queria que me alimentar com prazer, mas tinha que me fazer bem na boca e no meu corpo todo. Tinha que me gerar benefícios além do prazer. Não podia me fazer mal, e mal para mais ninguém.

Virei vegana. Tirei tudo que fosse de origem animal: ovo, leites, derivados, tirei também açúcar, glúten e qualquer industrializado. Em 1 semana meu corpo já era outro.

Não tive mais crises de rinite, enxaqueca. Em 1 mês comecei a sentir coisas que nem sabia que eram possíveis. Meu sono, disposição, minha pele, cabelo, unhas, tudo melhorou muito. Meu raciocínio ficou mais rápido e claro. Minha memória que era péssima, melhorou muito. Comecei a ter descargas de serotonina (intestino limpo e desinflamado) que eu chamava de êxtases de felicidade. Parecia que eu ia acender como uma lâmpada.

Na verdade era assim que eu deveria ter me sentido desde que nasci. Mas meu corpo ficava se defendendo de mim mesma desde sempre.

Se seu corpo sofre, é o alarme que algo você está fazendo errado. 70% das doenças modernas são causadas pela alimentação. As pessoas não estão doentes, estão envenenadas. Eu estava.

Tornar-me vegana não mudou apenas minha saúde, mudou meu comportamento, atitudes, sentimentos, conexão com o mundo. Tornou-me uma pessoa mais empática, amorosa, leve e consciente.

Como ser vegano

O veganismo vem crescendo a cada ano, numa progressão exponencial avassaladora. Hoje, todos conhecemos algum vegano na família ou em nosso círculo de amizades. As prateleiras dos mercados estão cheias de produtos veganos.

O vegano é aquele que tira dos seus hábitos de consumo tudo que venha como origem a exploração animal.

Não consumimos animais, nem seus derivados, nem mel, nem vestuário com lã ou couro, nem cosméticos ou produtos de higiene ou limpeza com ingredientes de origem animal ou testados em animais.

Parece complicado pensar diferente por que fomos colocados a vida inteira com hábitos moldados por nossa família e pela sociedade, influenciada por uma indústria que fatura “zinzilhões” com a exploração animal.

Ah… Mas se sempre foi “assim”, por que mudar?

Porque o “assim” não deu certo.

Um mundo à beira do colapso

Após a revolução industrial, a exploração animal se tornou um massacre em série, de seres que deveriam ter os mesmos direitos que nós humanos a viver nesse Planeta (afinal, somos todos terráqueos). O consumo de água, a poluição, a devastação das florestas.. São gerados por cada atitude individual nossa das escolhas que fazemos todos os dias no nosso prato e no que consumimos.

Em 1926, éramos 2,5 bilhões de pessoas. Hoje, menos de 100 anos depois, somos quase 8 bilhões. Ficou inviável.

A pecuária é a maior devastadora das florestas e meio ambiente devido à produção de soja e milho para ração de animais considerados de consumo. Quase 90% da produção de alimentos do mundo vai para os animais de produção.

Se você reduzir em 50% o consumo de animais e derivados, 2 bilhões de pessoas terão o que comer. Se conseguimos alimentar 300 bilhões de animais por ano (entre terrestres e marinhos), por que não conseguimos alimentar 7,6 bilhões de pessoas?

Muitos não sabem porque não é escancarada na TV, mas a produção de ovos mata tanto ou mais galinhas do que a produção de frango. A indústria de laticínios mata ou é tão ou mais cruel e devastadora que a indústria da carne. Mas isso não vê na TV.

Nos últimos 50 anos, mais de 60% dos animais silvestres desapareceram da Terra. Segundo os ambientalistas, não temos mais 20 anos neste planeta. O limite de exploração chegou.

O que nós, seres humanos, podemos fazer

Qual a função do ser humano aqui? Estamos tão desconectados da natureza que não nos sentimos parte dela. Os animais têm essa inteligência instintiva e sabem o que precisam comer e quando, em que fase da planta se alimentam dela. Acordam junto com o sol, se recolhem quando o sol se põe. Tudo na natureza, dentro de um ecossistema, tem uma função em um equilíbrio harmônico.

E o ser humano? Qual nossa função aqui além de explorar, sujar, poluir, usar, matar e explorar seres inocentes?

Nós não precisamos ser os algozes. Podemos ser os guardiões deste planeta. Não é porque algo foi legalizado por tantos anos que isso é moral ou ético.

Hoje temos tantas opções disponíveis no mercado para substituir o que você está acostumado a comer. Mas você nem precisa substituir se não quiser.

Tudo que você precisa está na feira: legumes, verduras, cereais, grãos, sementes, frutas. E de tudo isso dá para fazer tortas, massas, pães, doces, bolos e o que mais amar comer. Sua saúde e seu bolso agradecem. O planeta e os animais principalmente.

Minha jornada com você

Parece complicado? Vou mostrar aqui, todo mês, um caminho para facilitar sua vida e desmistificar esse estilo lindo de viver que pode ser tão transformador em sua vida para deixá-la mais leve, saudável e feliz.

A alimentação é um agente de transformação que pode melhorar tudo em sua vida. Pode ser difícil se você pensar apenas em você. Ficará fácil se pensar nos animais e no coletivo.

Ninguém é vegano por si, mas pelo outro. Por empatia, compaixão e consciência. Toda vez que penso se algo está certo, penso: e se fosse comigo? A resposta fica fácil.

Sei que pode não ser simples mudar algo tão enraizado em você, mas acredite: vale a pena cada esforço. Não existe prazer maior do que saber que está fazendo a coisa certa. E ainda receber saúde de volta.

Eu vou estar aqui todo mês pra te ajudar. Vai ser uma linda jornada.


ALANA ROX (@alana_rox) é autora dos best-sellers Diário de Uma Vegana e Diário de Uma Vegana 2, além de apresentadora de duas temporadas do primeiro programa vegano de TV do mundo, no canal GNT. Empresária, palestrante, sócia e chef do premiado restaurante Purana em SP. Também atua como embaixadora da ONG de proteção animal Mercy For Animals e embaixadora da Baims, marca de maquiagens veganas e sustentáveis. Alana é, principalmente, uma ativista através de um discurso amoroso, consciente e coerente.

*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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