A força do cavalo e das pessoas que ficaram sem lar no RS
No editorial da edição 268 de Vida Simples, Luciana Pianaro comenta sobre a resiliência do povo gaúcho e do cavalo Caramelo em meio às enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul
Talvez eu esteja um pouco atrasada para falar sobre este lindo filme que ganhou o Oscar de Melhor Curta de Animação em 2023: O Menino, a Toupeira, a Raposa e o Cavalo, disponível na Apple TV+.
Se você ainda não viu, vale a pena assistir. A história é de Charlie Mackesy, ilustrador e autor britânico, e o filme (assim como o livro) conta a saga de um menino para chegar até sua casa.
À medida que seus passos avançam, conhecemos os amigos que ele encontra pelo caminho e as lições que aprende sobre bondade, coragem e esperança, em conversas simples e profundas. São 34 minutos de pura ternura.
Algumas falas e diálogos afagaram minha alma: “O que você acha que é sucesso?”, pergunta o menino. “Amar”, responde a toupeira; “Às vezes, me preocupo que todos percebam que sou comum”, desabafa o menino.
“O amor não precisa que você seja extraordinário”, diz a toupeira. Com sabedoria e candura, ela também afirma: “A maior ilusão de todas as ilusões é que a vida deveria ser perfeita”.
Lembrei-me desse filme quando vi o resgate emocionante do cavalo Caramelo, sozinho em cima do telhado de uma residência em Canoas, ilhado pela tragédia climática do Rio Grande do Sul.
O bichinho simbolizou a ambiguidade daquele momento: ao mesmo tempo em que dele emanava o assombro perante a calamidade, também emergia a força da resistência.
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A importância do lar
Diariamente, todos nós enfrentamos nossas próprias intempéries. Reveses que nos colocam à prova, trazendo à tona medos, inseguranças, dúvidas, desespero e angústias.
Contudo, a capacidade de nos adaptar e superar as dificuldades nos torna mais fortes e mais preparados para enfrentar a vida.
Entretanto, sozinhos é muito difícil atravessar o caos. Precisamos uns dos outros, da compreensão, empatia, amizade e solidariedade. E do amor.
O menino do filme busca um lar. Ao que um dos personagens lhe diz: “O lar nem sempre é um lugar físico, não é?”. Concordo. Lar é onde encontramos conexão, apoio e conforto, seja em um abraço ou em uma palavra.
Nossos amigos gaúchos vão se abrigar em novos lares físicos, não há dúvida. Mas, acima de tudo, vão encontrar força e esperança na mão estendida de cada pessoa que ofereceu suporte e amor para que achem novamente o caminho de casa.
Como aprendemos com a saga do garoto criado por Charlie Mackesy, longe de ser sinal de fraqueza, pedir ajuda significa se recusar a desistir.
Um dia você vai olhar para trás e ver quão bravo e corajoso você foi, povo gaúcho. Tal qual o cavalo Caramelo.
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Conteúdo publicado originalmente na Edição 268 da Vida Simples
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