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A força do cavalo e das pessoas que ficaram sem lar no RS
O cavalo Caramelo, resgatado em Canoas (RS) durante as enchentes que atingiram o estado gaúcho, em maio de 2024 (Foto: Corpo de Bombeiros/RS/Fotos Públicas)
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Talvez eu esteja um pouco atrasada para falar sobre este lindo filme que ganhou o Os­car de Melhor Curta de Animação em 2023: O Menino, a Toupeira, a Raposa e o Cavalo, disponível na Apple TV+.

Se você ainda não viu, vale a pena assistir. A história é de Char­lie Mackesy, ilustrador e autor britânico, e o filme (assim como o livro) conta a saga de um menino para chegar até sua casa.

À medida que seus passos avançam, co­nhecemos os amigos que ele encontra pelo caminho e as lições que aprende sobre bondade, coragem e esperança, em conversas simples e profundas. São 34 minutos de pura ternura.

Algumas falas e diálogos afagaram minha alma: “O que você acha que é sucesso?”, pergunta o menino. “Amar”, responde a toupeira; “Às vezes, me preocupo que to­dos percebam que sou comum”, desabafa o menino.

“O amor não precisa que você seja extraordinário”, diz a toupeira. Com sabedoria e candura, ela também afirma: “A maior ilusão de todas as ilusões é que a vida deveria ser perfeita”.

Lembrei-me desse filme quando vi o res­gate emocionante do cavalo Caramelo, sozi­nho em cima do telhado de uma residência em Canoas, ilhado pela tragédia climática do Rio Grande do Sul.

O bichinho simbo­lizou a ambiguidade daquele momento: ao mesmo tempo em que dele emanava o assombro perante a calamidade, também emergia a força da resistência.

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A importância do lar

Diariamente, todos nós enfrentamos nos­sas próprias intempéries. Reveses que nos colocam à prova, trazendo à tona medos, inseguranças, dúvidas, desespero e angús­tias.

Contudo, a capacidade de nos adaptar e superar as dificuldades nos torna mais fortes e mais preparados para enfrentar a vida.

Entretanto, sozinhos é muito difícil atravessar o caos. Precisamos uns dos ou­tros, da compreensão, empatia, amizade e solidariedade. E do amor.

O menino do filme busca um lar. Ao que um dos personagens lhe diz: “O lar nem sempre é um lugar físico, não é?”. Concordo. Lar é onde encontramos conexão, apoio e conforto, seja em um abraço ou em uma pa­lavra.

Nossos amigos gaúchos vão se abri­gar em novos lares físicos, não há dúvida. Mas, acima de tudo, vão encontrar força e esperança na mão estendida de cada pes­soa que ofereceu suporte e amor para que achem novamente o caminho de casa.

Como aprendemos com a saga do garoto criado por Charlie Mackesy, longe de ser si­nal de fraqueza, pedir ajuda significa se re­cusar a desistir.

Um dia você vai olhar para trás e ver quão bravo e corajoso você foi, povo gaúcho. Tal qual o cavalo Caramelo.

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Conteúdo publicado originalmente na Edição 268 da Vida Simples

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