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Veja os cuidados na hora da doação às vítimas de enchentes no Rio Grande do Sul
Foto: Joel Muniz/Unsplash (imagem ilustrativa)
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Laila Favaro, de 33 anos, acompanhava a tragédia das enchentes causadas por chuvas no Rio Grande do Sul em maio de 2024 pelo noticiário, mas foi apenas ao chegar na região que pôde ter uma noção melhor do tamanho da crise. “Estava muito difícil ficar sentada no sofá, assistindo à tragédia. Fiquei alguns dias pedindo doação de roupas e compras de mercado, até que falei para meu marido que não estava aguentando ficar em São Paulo, sem poder fazer mais”, lembra.

Seu marido, Glauco Junior, sinalizou que também gostaria de ajudar estando presente no local. Juntos, o casal pediu alguns dias de folga no trabalho e fizeram as malas. “Quando chegamos no Rio Grande do Sul, bastaram alguns quilômetros rodados debaixo de muita chuva para que pudéssemos perceber o tamanho da tragédia que estava acontecendo”, recorda Laila.

Nos dias que ficou pelas cidades de São Leopoldo e Canoas, Laila observou quais são as maiores necessidades de doações que as pessoas vítimas das enchentes estavam precisando.

O que doar às vítimas das enchentes no RS

Laila aponta quais são as maiores necessidades de doação. “Eles precisam de voluntários para os abrigos, principalmente para os maiores, como a ULBRA. São muitas pessoas e os abrigados acabam trabalhando como voluntários em todos os setores e o tempo todo, o que não é ideal”, explica.

É preciso de roupas, principalmente de frio, como calças e blusas de moletom. “Tem muita calça jeans e jaquetas, mas as pessoas estão dormindo no chão. Dormir com essas roupas é muito desconfortável e não aquece o corpo”, explica. Além disso, há necessidade de tênis e botas, toalhas de banho e de rosto, cobertores mais grossos ou edredons, roupas íntimas e meias, nos tamanhos adulto e infantil.

Neste momento, o RS também precisa de itens essenciais à sobrevivência. Quem explica isso é Douglas Alonso Gonzalez Medeiros, do grupo coordenador do Movimento Cultura de Doação.

Ele indica que nas doações não pode faltar água potável, alimentos não perecíveis, como arroz, macarrão e leite em pó. Entre produtos de higiene, as pessoas precisam de papel higiênico, sabonete, shampoo, escovas de dente. Por fim, dos produtos de limpeza, há pedidos de doação de desinfetante, água sanitária, sabão em barra, entre outros.

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ONGs estão atualizadas sobre as necessidades de doação

Para selecionar os produtos para doação, é importante acompanhar quais são os pedidos mais recentes das organizações que estão atuando diretamente nos locais atingidos pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Carol Farias, ativista pela generosidade radical no Dia de Doar, indica alguns canais para se manter atualizado.

“A Central Única das Favelas (Cufa) está atuando na região, e a Ação da Cidadania também está fazendo um trabalho muito legal. Essas instituições são ágeis na hora de comunicar que tipo de doações estão precisando com mais urgência”, aponta.

“É importante acompanhar esses canais para que a gente saiba que tipo de item a gente pode direcionar da nossa doação. Eu acho que não tem um produto certo ou um produto errado, e sim aquele que naquele momento está sendo necessário e solicitado por quem está atuando”, aponta a ativista.

Cuidados que devem ser tomados na hora de doar

Douglas Alonso dá algumas dicas para o preparo e envio das doações que facilitam o recebimento e a distribuição:

  • Na hora de preparar a embalagem, é importante optar pelas mais resistentes. Não use sacolas de papel, pois molham e rasgam com muita facilidade;
  • Ajude as equipes de campo separando as roupas por tipo, gênero e tamanho (exemplo: escreva na embalagem “calça masculina 46/G”);
  • Identifique todas as embalagens com o seu conteúdo (comida, roupas, produtos de higiene);
  • Não coloque alimentos, produtos de higiene e roupas em uma mesma embalagem. Pode parecer mais fácil, mas as chances de sua doação não chegar ao destino são grandes. Isso sem contar o risco da contaminação dos produtos.

Doação em dinheiro é mais rápida e pode ajudar mais

Para Carol Farias, a melhor forma de garantir rapidez e qualidade na entrega da doação é através da doação em dinheiro. “Se a doação for em forma de recursos financeiros, esses recursos vão ser aplicados para a compra de materiais sem um custo logístico tão alto. O gasto para levar caminhões para esses lugares pode ser revertido em recursos para a cultura e o comércio local”, explica.

De acordo com a ativista, o caminho da doação é tão longo que um PIX, chega muito mais rápido e garante as mesmas soluções. “As mesmas necessidades serão atendidas e a pessoa que doou diminui o curso de operação e logística”, aponta.

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Doe apenas o que estiver em boa qualidade

É muito importante, na hora de selecionar a doação, garantir que os itens estejam em bom estado. “Doação não é lixo. Nós não doamos para limpar o guarda-roupa, ou para se desfazer daquilo que não queremos mais. Nós doamos porque alguém precisa comer, se vestir, tomar banho, andar. Tenha isso em mente”, aponta Douglas.

Quando for doar, é importante ver se tudo está em boas condições de uso. Se for preciso, lave, limpe e organize antes de embalar e enviar seus donativos.

Lembre-se: as doações não podem parar

Estamos enfrentando a maior catástrofe climática e social que o Rio Grande do Sul já vivenciou. “A quantidade de pessoas impactadas já ultrapassam 2 milhões, e a de desalojadas passou de 500 mil”, aponta Nívio Lewis Delgado, presidente da Federação das Fundações e Associações do Rio Grande do Sul.

Para ele, toda ajuda é necessária e toda solidariedade das cidadãs e cidadãos brasileiros é muito bem-vinda. “Principalmente nesta hora de acolhimento das vítimas e de reconstrução de um estado forte que sempre apoiou todas as unidades da federação”, complementa Nívio.

E não se sabe por quanto tempo a crise vai durar. Muito provavelmente, para sempre. Isso porque as desigualdades se aprofundam nesse tipo de ocasião. Para Laila Favaro, que está de volta em São Paulo após sua passagem pelas cidades gauchas, a ajuda e doações não podem parar.

“O meu medo é cair no esquecimento e o movimento parar. Infelizmente, a situação é muito delicada e não vai ser da noite para o dia a recuperação. Então, não podemos parar e achar que já doamos o suficiente. Esse é só o começo”, finaliza a voluntária.

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