Envelhecer nos pede autogentileza e boas companhias
Chegar à maturidade é uma experiência ambígua: você percebe o etarismo no cotidiano e, ao mesmo tempo, entende o poder de um abraço
No fim de março fiz aniversário. Dei apenas duas batidinhas e a porta dos 52 rapidamente se abriu. Com a sensação que me já aguardava por ali, me senti bem-vinda!
Logo na entrada avistei na parede uma coleção de pratos; neles havia resquícios de contos, viagens, conquistas, saudades. Uma vida estava ali! Seguindo a máxima “nos olhos certos tudo é arte”, ao apreciar seus detalhes de textura, cores e poeira, percebi alguns recompostos em caquinhos colados, compondo a beleza do conjunto.
Acho especial ultrapassar o portal dos novos ciclos. Aniversários têm ares de novidade, simbolismo de recomeço sem zerar o que há atrás. Os tropeços, os tombos e absolutamente todas as delícias da vida estarão ali, para sempre! Vários capítulos no livro A História da Vida da Gente. Eu sei, você sabe, todo mundo sabe, esse exemplar é único, não haverá outro igual no mundo.
A tal maturidade é uma experiência deliciosamente ambígua. Ao mesmo tempo em que você percebe e presencia o etarismo em suas cenas cotidianas, você entende o poder de um abraço, deseja estar cercado de pessoas que queiram estar com você, faz questão de ser presente em sua rede de afeto, aprende a dar valor ao modesto, às simplicidades do dia, a uma pausa para descansar, a um encontro para matar a saudade.
Demonstre afeto
As dores passadas vão ficando pela estrada, já se torna possível e menos complexo acomodá-las nas devidas gavetinhas, com livre acesso sempre que necessário. Importante mesmo é ter com quem contar, ter pra quem contar, sentir que você espalha coisas boas por aí. Comunicar o que sentimos passa a ser necessidade vital.
Ciente que você tem mais passado que futuro, a ordem é viver bem. “Daqui pra frente é só pra trás”, dirão os mais atentos. Pura verdade.
A percepção de gravidade dos problemas é mais nítida, bem como é necessário um olhar mais generoso consigo mesmo diante de situações de menos complexidade. Sem tempo para sofrer à toa!
Ideal, para mim, é focar naquilo que nos faz bem, logicamente, sempre que possível. É escrever nas primeiras linhas do nosso bloco de notas: parar de reclamar da vida; encarar os problemas. Na sequência, digitar: fazer coisas boas, conceder e receber gentilezas, deixar o coração transbordar, ser grato ao olhar para trás.
O que eu desejo? Conquistas simples e muito amor no caminho! Para mim, para você. A gente merece!
Beijos meus!
*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.
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