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    Transtorno afetivo sazonal: por que ele é tão comum no inverno?
    Alexandre Chambon
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    O Transtorno Afetivo Sazonal, também conhecido como depressão sazonal, é um conjunto de sintomas que provoca desânimo, falta de disposição, isolamento, além de alterações no humor. Suas principais causas são, especialmente, mudanças na incidência da luz solar com a transição das estações, seja no verão – com dias mais longos -, ou no inverno – com períodos de luz menores. Embora casos assim não sejam frequentes no Brasil, é comum que pessoas nas regiões Sudeste e Sul possam ser impactadas com o fenômeno durante o inverno.

    Essa mudança no padrão de incidência altera a produção de melatonina dos nossos olhos, que captam a luz e transmitem o hormônio para o cérebro”, explica o médico psiquiatra Alexandre Valverde. O ciclo funciona, segundo o especialista, de forma a acompanhar a luz solar. Ao longo do dia, há um acúmulo de melatonina que só é liberada ao corpo quando o sol se põe. É assim que o organismo compreende o fim do dia e nos avisa de que é o momento para descansar

    No entanto, os dias mais curtos do inverno provocam uma menor produção de melatonina pelo organismo, já que há baixa exposição ao sol. “Esse funcionamento leva a uma disfunção no funcionamento cerebral e pode acarretar em um quadro que se assemelha à depressão”, destaca Valverde. 

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    Transtorno Afetivo Sazonal: como prevenir?

    Embora as causas do Transtorno Afetivo Sazonal (TAS) ainda não sejam claras, a psicoterapeuta Helen Mavichian destaca que as alterações na incidência de luz solar é a mais presente. Conhecida como “padrão sazonal do tipo inverno” dentro do Manual Diagnóstico de Transtorno Mentais – DSM-5, o TAS é um especificador aplicado ao transtorno depressivo maior, conforme explica a especialista.

    “Acredita-se que a diminuição da luz solar possa realmente afetar os ritmos circadianos do corpo, reduzindo a produção de serotonina, o neurotransmissor associado ao humor e ao prazer, sendo a falta dele causador de estresse”, destaca. Além disso, fatores genéticos e histórico familiar também podem contribuir na incidência ou intensidade do transtorno. Segundo Helen Mavichian, é preciso seguir alguns cuidados preventivos:

    1. Pratique exercícios físicos regulares;
    2. Mantenha uma rotina consistente;
    3. Mantenha-se conectado socialmente;
    4. Crie um ambiente acolhedor e saiba administrar o estresse.

    Além disso, o psiquiatra Alexandre Valverde explica que o uso de medicamentos antidepressivos, a depender do quadro, são aconselhados. Sessões de terapia também são parte do tratamento e, em casos onde a incidência de luz for mínima, pode ser utilizada a fototerapia, placas de luz que expõem o corpo à iluminação semelhante à radiação solar. 

    O TAS pode ocorrer também no verão?

    Sim. Embora não seja tão comum, os dias mais longos e as altas temperaturas podem impactar de forma negativa nas emoções. Assim como a baixa incidência de luz pode prejudicar o ciclo circadiano, longos períodos de luz podem levar o corpo a experiências emocionais desfavoráveis ao bem-estar.

    Além disso, Alexandre Valverde alerta que a luz artificial, quando utilizada por longos períodos, pode trazer problemas à produção de melatonina, já que, como alguns modelos – especialmente LED – mimetizam o padrão da luz solar, há uma interpretação do corpo de que ainda é dia. “Confunde nosso cérebro, causando insônia, dor de cabeça e perturbações.”

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    Principais sintomas do Transtorno Afetivo Sazonal

    Embora sua incidência seja mais comum em países temperados durante invernos mais rigorosos, isso não significa que seja inexistente no Brasil. Por isso, há sempre profissionais especializados em saúde mental que auxiliam pacientes acometidos pelo transtorno. Segundo Helen Mavichian, os sintomas mais comuns se manifestam em diferentes áreas da vida.

    • No humor: ansiedade, apatia, descontentamento geral, desesperança, mudanças de humor, perda de interesse ou prazer nas atividades, raiva, solidão ou tristeza;
    • No sono: excesso de sonolência, insônia ou privação de sono;
    • No comportamento: choro, irritabilidade ou isolamento social;
    • No corpo: alterações do apetite, fadiga ou inquietação.

    Ela explica que, apesar do transtorno ser mais comum em adultos, crianças e adolescentes também podem apresentar sintomas do TAS. “As baixas temperaturas e a falta de oportunidades para atividades ao ar livre durante o inverno podem afetar o humor e o bem-estar das crianças”. Por isso, ela explica que pais e cuidadores precisam estar atentos às mudanças no comportamento dos pequenos.

    “Esteja ciente de possíveis mudanças de comportamentos, humor, irritabilidade, isolamento social, falta de interesse em atividades anteriormente apreciadas e/ou outros sinais de dificuldades”, orienta a psicoterapeuta.

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    Cuidar de si é o melhor caminho

    Para o especialista em Felicidade e Psicologia Positiva, Rodrigo de Aquino, é no inverno que ficamos mais retraídos e com menor contato social. “As pessoas param de ter contato com a natureza e também com outros seres humanos. O verde e a luz do dia trazem para a gente uma sensação de bem-estar e vitalidade”, explica. Ele relembra, inclusive, que também é importante levar em consideração os valores culturais de cada lugar

    No entanto, embora o auxílio profissional seja essencial, Aquino destaca que as estações do ano serão sempre recorrentes. Assim, o melhor caminho é tirar proveito do que cada uma tem a nos oferecer. “É normal haver uma oscilação de humor entre as estações. A gente está mais disposto no verão, mas há um desânimo no inverno, por exemplo”, destaca.

    “Felicidade é um movimento”, esclarece o profissional. “Quanto mais recluso dentro de casa a gente está, menos felicidade iremos desenvolver ao nosso redor”, enfatiza. Por isso, o conselho de Rodrigo de Aquino é que, no inverno, apesar das baixas temperaturas, é importante manter programas com amigos, vizinhos e fomentar atividades que tragam prazer e bem-estar

     

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