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Pimenta “queimosa”: a estrela ardente da Amazônia que dá show
Arquivo pessoal / André Mafra
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Na saga da descoberta de novos Sabores em muitos Destinos, tive o prazer, mais uma vez, de visitar a região da Amazônia paraense e, em uma terra com o Pará, não tem como voltar de lá sem novidades, não é mesmo?

Na última oportunidade que tive de estar nesse lugar incrível, produzi três textos que quero muito que você leia, caso não os tenha visto ainda. Neles, conto interessantes “causos” sobre o ciclo do cacau, do açaí e da mandioca, cujos subprodutos são de encher os olhos e salivar a boca, além de trazer a descrição de uma visita ao famoso e interessantíssimo Mercado Ver-o-Peso em Belém, a capital paraense. 

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A jornada, para quem mora em São Paulo, é longa. Para chegar ao meu destino, peguei um voo direto para Belém, que dura aproximadamente 3 horas e meia. Após 2 noites, fomos por via terrestre até a cidade portuária de Mocajuba, onde funciona um vibrante mercado de rua. De lá, pegamos um pequeno barco até a Vila Quilombola e Ribeirinha de Mangabeira, às margens do largo Rio Tocantins. 

foto de uma parede com cerâmica, sacos de farinha e o nome "Sejam bem v-indos ao mercado municipal de mocajuba" em letras azuis.

Foto: Arquivo pessoal/ André Mafra

Imersão cultural e gastronômica na Amazônia paraense

A organização da Vivência Ribeirinha, como da última vez, estava a cargo de Jane Glebia, fundadora do Instituto Laurinda Amazônia (o nome foi dado em homenagem à sua avó). A idealizadora do projeto, cuja vivência estava em sua décima segunda edição, organiza grupos duas vezes por anos para visitar a comunidade onde nasceu, em janeiro e julho.

Depois de ter ido no início do ano, quando há uma grande abundância de frutas, resolvi bisbilhotar neste meio do ano, para ver as formações de praias fluviais, quando os rios estão mais baixos, mas não menos impressionantes, permitindo ao viajante desfrutar desses paraísos de água doce do verão paraense.

barco viajando em um rio com vista para a mata ciliar.

Foto: Arquivo pessoal/ André Mafra

Desta vez, foram programadas para o nosso pequeno grupo, visitas a comunidades quilombolas vizinhas, como a de Uxizal, com uma caminhada floresta adentro de 12 quilômetros de ida e mais 12 de retorno. Foi bem desafiante. Vale ressaltar que completar o percurso só foi possível devido aos precisos mergulhos em maravilhosos igarapés, que refrescaram meu ânimo para persistir.

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Fomos também à comunidade quilombola de Porto Grande e, por fim, à de São Benedito do Vizeu. Esta última jornada foi conduzida pela Dona Joana, tia de Jane Glebia, que magistralmente nos levou a passos largos, mesmo com pernas curtas e sandálias de dedo, deixava para trás pés como os meus, equipados com botas que poderiam vencer o Everest no invernoaté a vila onde nasceu seu marido, o Senhor Firmino Rodrigues.

Sua voz grave, talvez de antigo locutor de rádio, seguramente foi a responsável por capturar o coração da Dona Joana décadas atrás, levando-o de São Benedito para a vila vizinha de Mangabeira. 

foto de uma estrada carrossável com árvores ao redor.

Foto: Arquivo pessoal/ André Mafra

Após nos refastelarmos com água gelada e um saco de laranjas colhidas para descascarmos à sombra, fui vasculhar o quintal e reparei que, no centro, havia um pequeno jardim onde concentravam-se ervas e temperos. Lá no meio, estava a estrela deste artigo: a pequena e charmosa pimenta chamada na região de “queimosa” ou “queimosinha”, nome bastante explicativo para descrever umas de suas maiores qualidades.

Trata-se de um arbusto pequeno, por volta de 1 metro de altura, que pode chegar a, no máximo, a 1,80 metros, e que concentra pimentas do tipo capsicum, ou seja, em formato de frutos, bem redondinhos. Os maduros, de cor marrom-avermelhada e menos de 1 centímetro de diâmetro, pareciam joias brilhando no dia ensolarado da comunidade.

folhas verdes de uma planta com pequenas pimentas em formado redondo ao redor do pé.

Foto: Arquivo pessoal/ André Mafra

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Confira uma receita de molho de pimenta com a “queimosinha”

Chegando a São Paulo, fui buscar, afinal, qual era essa pimenta e, com auxílio da tia e bióloga Fernanda Mafra, que vive na cidade de Guaranésia (onde boa parte da “Mafrada” mora), descobri que se tratava da pimenta olho-de-peixe vermelha, do tipo capsicum chinense, bem típica da bacia amazônica. Antigamente, seu cultivo tradicional se dava em tribos indígenas e, atualmente, é feito por pequenos produtores familiares, como o Seu Firmino. Por causa do aumento da demanda de consumo, como relata o Slow food Brasil, justifica-se a necessidade de sua conservação.

Foto de uma pimenta vermelha com folhas verdes ao redor e uma cumbuca de coco ao fundo. Amazônia

Foto: Arquivo pessoal/ André Mafra

Que tal uma sugestão de preparo de um bom molho de pimenta com a nossa queimosinha? Se não encontrar este tipo específico, pode usar outra pimenta bem forte, como a cumari-do-pará, que é mais fácil de achar, ou a malaguetinha. Vamos lá:

Ingredientes

  • 6 pimentas queimosinha (olho-de-peixe vermelha) 
  • 6 pimentas dedo-de-moça sem sementes
  • 4 tomates grande maduros, picados com casca e semente
  • 1 cebola grande picada
  • 30 ml de vinagre de maçã
  • 50 ml de azeite 
  • 1 dente de alho ou 2 folhas de pau d´alho
  • 50 ml de tucupi
  • sal a gosto
  • 2 colheres (café) de açúcar
  • 2 colheres (sopa) de colorau
  • 2 folhas de louro

Modo de preparo: bata tudo no liquidificador e reserve. 

Gostou? Faça o seu e depois me conte os resultados! Nada melhor do que fazer experimentos com pimentas. Se você não está habituado/a, tente que não vai se arrepender. Lembre-se de sempre usar luvas para manusear pimentas.

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