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O que desejo para minha filha, segundo o meu olhar de mãe
Bence Halmosi
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Quando falávamos sobre expectativas para nossos filhos, uma amiga me perguntou o que eu queria para minha filha no futuro. Sem pensar muito, respondi que queria que ela tivesse olhos vivos.

É possível ser feliz o tempo todo?

Acho que cobrar que minha filha seja feliz é uma cobrança etérea ou desmedida demais para ser feita. Quem é feliz todo o tempo? Por que ela teria que conseguir algum tipo de plenitude se a vida consiste em bater cabeça, alcançar, aproveitar brevemente o que alcançou e bater cabeça de novo? Ver a felicidade nas pequenas coisas é algo que podemos conquistar, mas não sei se ser “feliz para sempre” foi algo desenhado para os seres humanos ou é apenas uma idealização dos finais dos contos de fada.

Lembrei que em muitas fotos da minha infância eu tinha olhos tristes e assustados, acredito que esse olhar fazia parte de mim. Não sei se foi este o significado que dei para o meu olhar porque eu já sabia como me sentia e apenas precisava tangibilizar isso, ou se outras pessoas também percebiam, tão evidente que era para mim. De todo jeito, quando falei em olhos vivos, pensei em presença, em vivacidade que também existe nas emoções difíceis que a gente se permite sentir.

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Aprendi a esconder sentimentos na infância

Por muitos anos, escondi meu sofrimento de mim, precisei fazer isso enquanto criança. Meus olhos tristes apenas eram a janela de tudo que tranquei lá dentro a sete chaves, inacessível, porque entendia que não podia ser mais uma fonte de sofrimento para os meus pais, ainda que muito do meu sofrimento viesse deles.

Aprendi a chorar e a enraivecer pelas injustiças que vivi somente depois de adulta. E apesar de me assustar com meus grandes sentimentos, talvez meu olhar tenha ficado mais límpido.

O que desejo para minha filha

Quero que minha filha possa viver tudo que existe dentro dela e que os olhos reflitam essa vida interior, hora desafiadora, hora tranquila, mas quase sempre autêntica. Que ela consiga se aproximar de si o suficiente para não se temer, e em não se temer, que ela possa não carregar tristeza no olhar para sempre: que ela chegue e passe. Que a euforia também possa transparecer e ser vista, que o prazer possa trazer brilho aos seus olhos.

Desejo que o descanso acaricie suas pálpebras e que a segurança interna contorne de firmeza seu olhar vivo. Que a falta faça o olho tremer e o corpo se movimentar.

Não sei se é pedir demais, como o pedido da felicidade: autenticidade também é uma conquista árdua. De todo jeito, acho que mantenho o que disse, porque nada como o olhar da mãe para ajudar sua pequena a construir o seu próprio.

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