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Não deixe para depois: por que seu perfeccionismo te faz procrastinar?
Zohre Nemati
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Quando eu pensei em fazer uma transição de carreira, um dos fatores que me paralisava e me fazia ter muito medo de arriscar era o pensamento de que eu não estava preparada para iniciar aquela nova etapa. Mesmo com muitos cursos, estudos e com alguma prática, eu duvidava que seria capaz de fazer o que faço hoje. Inventei mil desculpas para postergar a minha decisão. Meu perfeccionismo estava me sabotando.

Depois de 10 anos de experiência, faculdade, pós, MBA e muito investimento, mudar de carreira parecia uma grande loucura. Mesmo com a clareza do meu propósito, eu não me sentia confiante em sair da área ambiental para empreender na área de desenvolvimento humano. Achei que, no mínimo, eu precisaria conquistar 1.000 certificações, fazendo os melhores cursos do mundo…

Essa busca pelo perfeccionismo custava caro, não só no sentido literal. Além de exigir viagens internacionais e cursos pagos em milhares de dólares, a insegurança me causava dores digestivas horríveis! Eu me sentia incapaz de lidar com o novo desafio à minha frente e o sonho parecia cada vez mais distante.

Até que um dos meus mentores na época falou algo que me fez entender o quanto meu perfeccionismo era sabotador:

— Paula, você já tem o necessário para ajudar os outros. Comece com isso, tente com isso. Aos poucos, você vai melhorando e buscando as especializações necessárias.

UAU! Então eu já poderia ajudar pessoas? O que eu sabia já tinha valor? Eu já tinha valor? Lembro de sentir um imenso alívio, como se quilos de autocobrança tivessem sido tirados dos meus ombros.

E se você carrega esse peso, quero te ajudar também.

O que tem a ver o perfeccionismo com a procrastinação?

Eu encarava meu perfeccionismo como uma qualidade que me fazia caprichar mais nas coisas. Só que isso não é a definição de perfeccionismo…

Perfeccionismo não é querer atingir padrões altos e sim irreais.

Brené Brown define que o perfeccionismo é a crença de que, se vivermos perfeitos, parecermos perfeitos e agirmos perfeitamente, poderemos minimizar ou evitar a dor da culpa, do julgamento e da vergonha.

Mas adivinha só? Por sermos seres imperfeitos em um mundo inconstante, o perfeccionismo sempre leva à frustração e auto crítica.

Ao almejar a perfeição no que faz, você demora muito mais para chegar em um resultado final aceitável. Muitas vezes, você nem começa a fazer o que planejou, sabotando e procrastinando seus objetivos.

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Preste atenção no ciclo perigoso de conclusões que sua mente pode cair: você começa a ter o pensamento de que ALGO não está bom o suficiente, que te faz questionar que talvez você não tenha as HABILIDADES necessárias para fazer aquilo… e então você fica a um passo de assumir que o problema é VOCÊ, um “desastre ambulante” (ou qualquer outra mentira que sua mente te contar)!

Uma das minhas mentoradas passou anos postergando o início de uma nova profissão, apesar de muitos cursos e estudos que tinha em sua bagagem. Só depois de desconstruirmos várias crenças limitantes, ela conseguiu assimilar que precisaria entrar em movimento para se tornar boa na nova escolha profissional.

Mais do que isso, ela conseguiu entender que não precisava tentar ser perfeita: ser boa já era o suficiente. Sabe aquele ditado que fala: “feito é melhor do que perfeito“? Existe uma grande sabedoria nele.

Esse é um ponto importante, especialmente para o gênero feminino. A pressão social faz com que as mulheres manifestem mais suas inseguranças na famosa Síndrome da Impostora. Uma pesquisa feita pela Universidade da Geórgia mostrou que 70% das executivas entrevistadas se sentiam uma fraude no trabalho.

Entender que o erro não define o nosso valor é libertador. Por isso, um dos maiores presentes que podemos nos dar é a permissão para errar.

Como lidar com a vontade de ser perfeito?

Se você se identificou com o padrão perfeccionista, tenha calma. Como uma perfeccionista em desconstrução, posso te garantir que é possível mudar!

Tudo começa na transformação de mentalidade, um processo chamado de reavaliação cognitiva. Como o comportamento perfeccionista alimenta o pensamento de que a pessoa não é boa o suficiente, existe uma crença bloqueando um comportamento mais construtivo e saudável.

Para transformar essa crença, a pessoa precisa assimilar que ela já tem valor o suficiente e um erro, falha ou falta de ação não irá mudar sua identidade. E o paradoxo da aceitação de Carl Rogers é que, quando você aceita quem você é, aí você cria espaço para mudar.

Mudança de mentalidade acontece com a mudança de hábito. Por isso, para mudar sua base de dados, você precisa de prática. E vou sugerir uma prática a seguir para você começar.

Prática para começar a desconstruir o perfeccionismo

Hoje quero sugerir uma em contraintuitiva: haja com imperfeição, propositalmente. Vou dar um exemplo:

Uma aluna minha era muito perfeccionista e eu sugeri que ela fizesse algo de um jeito imperfeito, meia boca mesmo.

Sabe o que ela escolheu mudar? Ao invés de usar a caneta marca-texto com régua para grifar seus livros, o que tornava a leitura um processo mais lento e rígido, ela passou a marcar o livre à mão livre, de forma torta e supostamente imperfeita.

Bem simples, né? Para ela foi uma grande evolução.

O mais legal é que, como resultado, ela começou a fazer outros hábitos sem se sabotar, por se permitir tentar mais. Uma pequena mudança de hábito desafiou o sistema de crenças.

E você, o que pode tentar fazer com mais leveza e menos rigidez, permitindo-se errar mais?

Conte consigo para errar. Acolha-se. Prometo que o mundo não vai acabar e que o movimento vai te levar mais longe!

E siga minhas páginas para aprender mais. Conte comigo também para continuar evoluindo.

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