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Desânimo no trabalho não é sinal de fraqueza. É sinal de inteligência
(Foto: Divulgação) Com o tempo, muitos tropeços e silêncios, entendi uma outra coisa: o desânimo não é fraqueza. É um alerta
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Sabe aquela sensação de peso logo cedo, ao abrir a agenda e pensar: “não sei se tenho energia pra isso hoje”? Mesmo quando tudo parece estar indo bem, esse sentimento pode surgir. E, às vezes, permanecer.

Por muito tempo, associei esse estado à falta de força. Me cobrava por estar assim. Achava que precisava “me puxar mais”, “parar de reclamar”. Em dias mais duros, questionava se era medo, se era fuga. Ou até um sinal de algo mais sério, como depressão.

Com o tempo, muitos tropeços e silêncios, entendi uma outra coisa: o desânimo não é fraqueza. É um alerta.
Nosso corpo e nossa mente têm uma sabedoria própria. Quando percebem que a energia está sendo desperdiçada, ignorada ou desvalorizada, entram em modo de proteção. Como investidores experientes que avisam: “Não dá pra continuar colocando energia aqui”.

Essa reação tem nome: inteligência emocional autônoma. Longe de ser preguiça, ela é um mecanismo de autopreservação.

E o mais curioso? Pode surgir mesmo quando tudo parece certo por fora — empresa com boa cultura, lideranças cuidadosas, processos bem definidos. Porque o que funciona para o coletivo, pode já não fazer sentido para você.

O que a palavra desânimo revela sobre esse estado?

Do latim desanimus, a palavra une “des” (negação) e “animus” (alma, ânimo). Literalmente: afastamento da alma. É o corpo avisando que algo se desconectou. Que o que antes preenchia, agora esvazia. Que é hora de escutar com mais cuidado.

Quando o desânimo aparece?

  • Desalinhamento de valor: quando você entrega muito, mas não o que esperam — ou não da forma esperada. Esse desencontro silencioso mina a motivação.
  • Excesso de urgência: quando tudo vira incêndio pra apagar e você perde o acesso ao que te dá sentido.
  • Mudanças internas: às vezes, você mudou por dentro — mas o trabalho continua igual. E o que antes encaixava, agora aperta.

Nem sempre é sobre um ambiente tóxico. Nem sobre você estar “fraco”. Às vezes, é só a vida pedindo uma nova direção.

O que a ciência diz sobre isso?

A teoria do cérebro preditivo mostra que, em contextos desgastantes e pouco recompensadores, o sistema nervoso freia a ação como forma de autoproteção.

Já a teoria da autodeterminação aponta que nossa motivação depende de três pilares: autonomia, competência e pertencimento. Quando um ou mais deles está em desequilíbrio, o desânimo aparece como resposta adaptativa — não como defeito.

O que fazer com esse chamado?

O desânimo é como um amigo direto. Não alivia, mas também não mente: “Algo precisa mudar”.

E aí vem a escolha: resistir mais ou escutar melhor?

Talvez não seja sobre fazer mais força.
Mas sobre fazer mais sentido.

Talvez o desânimo seja só isso:
Um pedido de pausa.
Um convite à reinvenção.
Um chamado para voltar a si.

Para transformar esse momento em potência, experimente essas perguntas:

Para entender o que está acontecendo com mais profundidade:

  • O que eu tenho feito que me esgota mais do que me nutre?
  • O que costumava me animar e perdeu o brilho?
  • Há alguma parte de mim que está sendo silenciada nesse ambiente?
  • Que tipo de reconhecimento ou conexão estou precisando — e não estou encontrando?
  • O que esse desânimo está tentando me proteger de sentir?

Para mapear suas motivações e possíveis caminhos:

  • O que eu ganharia se nada mudasse?
  • E o que estou perdendo ao manter tudo como está?
  • O que faria valer a pena tentar algo novo agora?

A chave não está só na pergunta, mas em como você se escuta.

Com tempo.
Sem julgamento.
Com espaço para pausa.
E com uma escuta que não quer corrigir — apenas compreender.

Talvez essa fase seja só isso: um lembrete de que sua alma ainda está aí. E que é hora de reencontrá-la.

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