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Como superar o fim de um relacionamento quando ainda há amor?
Anthony Tran
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Neste mês, nosso conselheiro anônimo respondeu à carta de Teresa. Ela passou por um “término saudável”, segundo suas palavras, mas ainda sofre com a presença do amor e a ausência da outra pessoa. Afinal, o que fazer para superar o fim de um relacionamento e seguir em frente? Veja a resposta do Caro Estranho.

A seguir, você confere a carta de Teresa e, depois da resposta do colunista, uma explicação de como você pode enviar sua carta. Aproveite a oportunidade para dar vazão a dúvidas que estejam rondando sua mente neste momento. Sua carta poderá aparecer respondida por aqui.

Teresa ainda ama e sente falta da presença diária

Caro Estranho,

Há algum tempo, terminei um relacionamento de cinco anos. Foi um término saudável, após uma longa e madura conversa. Até hoje, temos muito carinho e respeito pela participação de um na vida do outro. Porém, qualquer lembrança dói, e a solidão, mais ainda.

Concordamos em manter a antiga amizade, mas compreendemos também que é necessário algum distanciamento para nos desapegarmos. Ainda que eu cuide de mim, esteja inteira e quase refeita, sinto falta daquela presença diária e de poder estar com alguém.

Da minha parte, ainda há amor. Da outra, esse sentimento se transformou em uma admirável gratidão. Tenho certeza de que não há mais volta, e temos plena consciência de que o nosso tempo juntos acabou. Eu só gostaria de ouvi-lo para tentar aplacar o que sinto.

Obrigada,

Teresa

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O amor não habita uma casa só

Cara Teresa,

“Esqueçamos com generosidade aqueles que não nos podem amar.” O conselho não é meu, e sim do poeta Pablo Neruda. É fato que já escrevi antes que somos incapazes de esquecer um amor. Contudo, a chave desse verso está na palavra generosidade. É ela que contém a verdade por trás da poesia. Ou seja, você sabe que essa pessoa não pode mais amá-la, não é mesmo? Então, minha cara, o que lhe resta agora é lançar um olhar generoso sobre esse passado. É isso que nos sugere o autor.

Acho admirável que vocês tenham entrado em um consenso e, juntos, encontrado um ponto de equilíbrio entre o amor e a amizade. Porém, isso não tornou o fim menos doloroso, certo? Portanto, não se esqueça de ser generosa consigo mesma, Teresa. Até porque não se pode minimizar o que aconteceu. Tenha com você a paciência que teria com uma amiga. “Amar é breve”, também escreveu Neruda. “Esquecer é demorado.” Por isso, dê espaço e tempo para o sofrimento, mas não se apegue a ele e, muito menos, ao objeto dele.

A arte de esquecer alguém com generosidade

Por que digo isso? Porque não sou um adepto da ideia do amor romântico, minha cara. Tampouco, incentivo a personalização de um sentimento tão complexo e insondável. Consegue entender? Se for para sofrer, que seja pelo amor em si, e não por alguém. De forma alguma, quero menosprezar o que você viveu com ele. Apenas quero que você perceba que, apesar de ainda amar essa pessoa, não é ela que lhe faz falta neste momento. Ou melhor, o problema não é a ausência específica dela, mas de alguém. E você tem consciência disso, concorda comigo? Basta voltar à carta.

Está mais do que na hora de superarmos a ideia romântica de que há um único e verdadeiro amor para cada um de nós.

É certo que ninguém neste mundo é descartável, e que todos temos medo de mudar. Entretanto, para seguir em frente, você deve se dar conta de que, ao longo da vida, o amor não habita uma casa só. Com o tempo, aquela mesma estrutura que sustentou um relacionamento saudável de cinco anos se transformará na base de uma nova construção. Diferente da anterior. Você tem se saído muito bem. É assim que esquecemos alguém com generosidade.

Um grande abraço,

Estranho

Como enviar a sua carta para o Caro Estranho?

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