O segredo para ter um relacionamento maduro
Quando o nível de exigência com o(a) parceiro(a) está muito alto, é hora de repensar a sua forma de ser e estar num relacionamento.
Quando o nível de exigência com o(a) parceiro(a) está muito alto, é hora de repensar a sua forma de ser e estar num relacionamento.
Neste mês de Dia dos Namorados, vejo que é importante falar sobre uma questão recorrente nos relacionamentos, que diz respeito às cobranças desrespeitosas e descabidas que muitos parceiros e parceiras fazem uns com os outros. Essas cobranças, geralmente, são uma tentativa de querer moldar o outro de acordo com as próprias vontades.
Alguns exemplos: “Ele fuma e eu odeio cigarro. Não suporto mais isso”; “Ela é muito passiva, queria que ela fosse mais ativa, que corresse mais atrás das coisas. Assim eu perco a admiração por ela”; “Ele está engordando, anda desleixado. Estou perdendo o interesse”; “Ela bem que poderia ser mais vaidosa. Eu adoro mulher vaidosa”; “Queria que ele fosse mais extrovertido, que conversasse mais com os meus amigos. Fico nervosa com isso”.
A lista de reclamações, muitas vezes, é longa, o que enfraquece o relacionamento, causa brigas e discussões e revela o quanto as pessoas estão distantes de saber se relacionar.
O namorado ou a namorada, o marido ou a esposa não são seres feitos para atender todo o seu roteiro de características de comportamento, de beleza, de gosto e de jeito de ser.
Quem está preso nisso está sendo imaturo e egoísta.
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O mundo não gira ao seu redor
Relacionamento tem muito a ver com alteridade, ou seja, com o lidar com as diferenças. Seria extremamente gratificante entrar num relacionamento já tendo, de antemão, consciência de que o outro é diferente e não está ali para atender todas as suas demandas.
Se o jeito que ele/ela é ou vive não te atrapalha, não te faz nenhum mal, por que ficar querendo que ele/ela mude? No caso do parceiro que fuma. Ele fuma perto de você? Se fuma, resolva isso conversando e cheguem num acordo de onde pode ou não fumar. Agora, se ele é fumante, ele é fumante. Achar que a parceira é muito passiva, ok, você pode até achar, mas isso não te diz respeito. Se as divisões daquilo que vocês compartilham estão em dia, então, se ela é passiva, não é da sua conta. Por quê? Porque isso não influencia na sua vida.
Se está perdendo a admiração, é porque ainda não entendeu que a química da relação está em outro lugar e não na sua listinha de desejos.
O outro tem engordado, qual é o problema? O problema é que você gostaria que ele tivesse outro biotipo, mas ele não tem. Simples assim. Você vai perder o interesse por isso? Tem certeza? Querer que ela seja mais vaidosa, você pode até querer, mas ela não é e isso não afeta em nada o relacionamento de vocês. Se anda irritada porque o outro não é extrovertido na medida em que você gostaria, vai cuidar do seu nervosismo. Ele está revelando o seu lado mimado, controlador e a sua dificuldade em aceitar as pessoas como elas são.
O que sustenta o relacionamento
Quando um casal se une, é importante ter em mente os grandes pilares de sustentação que mantêm a relação: fidelidade, companheirismo, parceria, vínculo, intimidade, carinho… Seja lá o que for, os itens desse ‘acordo’ precisam estar bem claros entre os dois ou entre as duas. Agora, os detalhes, como esses que foram falados acima, não entram nesse acordo. Por quê? Porque o outro é o outro, um universo próprio, completamente diferente do seu e vice-versa. E justamente por ser tão diferente, se você se apegar nessas picuinhas, estará se distanciando da rica oportunidade de aprender a se relacionar – além, claro, das brigas e desentendimentos.
Ao aceitar o outro como ele é e não querer modificá-lo, você acaba por se direcionar ao âmago do relacionamento, aquilo que os uniu.
Na maioria das vezes, isso quer dizer: “Eu me sinto bem com ele”, “Eu gosto da companhia dela”, “A gente tem conversas muito interessantes”, “Ele me faz bem”, “A gente tem uma troca muito legal”, “Não sei explicar, mas o jeito dela me faz querer ficar com ela”.
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Amadurecer faz bem
Muitas pessoas se afastam desse núcleo justamente porque ficam apegadas aos detalhes. Se isso está acontecendo, é importante parar, refletir e começar a ganhar a consciência de que o outro não tem obrigação nenhuma de ser como você gostaria que ele fosse e que pedir isso é pedir o impossível.
Faça o luto dessa fantasia e dessa vontade descabida e amadureça. Vai te fazer bem. Por quê? Porque amadurecer traz calma, traz paz. Porque você dá limites para o seu lado mimado e isso é muito organizador – psiquicamente falando.
Neste mês do Dia dos Namorados, que o núcleo sustentador do relacionamento seja relembrado. Se ele ainda não foi definido, que seja criado. Se você se distanciou dele, volte, fique aí. E que os imperativos de querer moldar o outro ao seu bel prazer, sejam descartados. Vai valer a pena.
Confira todos os textos da coluna de Keila Bis em Vida Simples.
KEILA BIS é psicanalista e jornalista ([email protected]) que adora compartilhar segredos do autoconhecimento para um viver sem neuras. Aprender a amadurecer para se relacionar bem é um deles.
*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.
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