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O pior conselho na hora da dor
(Foto: Priscilla Du Preez/Unsplash)
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Neste artigo:

Você já passou por uma situação muito dolorosa e, ao buscar consolo de pessoas queridas, acabou ouvindo conselhos como “fique bem”, ou “pense positivo”?

Pois é, por melhor que tenha sido a intenção da pessoa, esses conselhos não ajudam muito na hora da dor, certo? Então o que fazer nesses casos? Vou contar uma história real para explicar.

Recentemente, uma grande amiga estava passando por uma fase muito difícil, sofrendo crises de pânico e sentindo uma ansiedade constante.

Ela compartilhou que tinha medo de contar para os outros o que estava vivendo, justamente por ouvir julgamentos disfarçados de conselhos, como “tenha mais fé” ou “ore mais”.

E não vou negar: o meu impulso era falar algo mágico para ela, que fosse capaz de “tirar o sofrimento com a mão” e ajudá-la a se sentir melhor.

Mas eu precisava praticar o que ensino. Como especialista em inteligência emocional e empatia, sei que frases como “isso vai passar” ou “fique bem” podem sugerir que a pessoa deve suprimir suas emoções, invalidando seu sofrimento.

Pior ainda: ao dar um conselho, colocamo-nos em um pedestal invisível de sabedoria, como se soubéssemos lidar melhor com aquela situação. Isso só adiciona mais culpa ao complexo turbilhão emocional do outro.

Por isso, mesmo que você tenha uma boa intenção ao aconselhar, é fundamental ter consciência do efeito rebote das palavras.

E você deve estar se perguntando: qual é, então, a melhor coisa a se dizer a alguém que está passando por uma grande dor emocional?

O melhor conselho na hora da dor

Por experiência própria, não gaste muita energia tentando aconselhar. Pelo menos, não sem antes se mostrar disponível e dizer algo como “eu estou aqui” e “desabafe o quanto quiser”.

Invista sua energia em escutar verdadeiramente o outro. Retribua com olhares, sorrisos verdadeiros e empatia. Isso ajudará a pessoa a sentir que seus sentimentos são acolhidos e a entender melhor o que ela mesma pode fazer para superar a fase difícil.

Foi exatamente isso que fiz com minha amiga. Eu a ouvi e a tranquilizei, dizendo que não precisava se preocupar em parecer repetitiva, pois eu a escutaria quantas vezes fosse necessário.

Confesso que, na hora, não percebi o impacto dessas palavras, que depois ela revelou que fizeram muita diferença.

Saber que tinha alguém com quem contar, sem prazos ou condições para seu sofrimento, foi fundamental para que ela planejasse seus próximos passos.

Hoje, fico feliz em dizer que ela não tem mais crises de pânico e lida melhor com a ansiedade, pois conseguiu aprender lições importantes dessa fase difícil.

Sim, o conselho como “vai passar, é só uma fase” seria verdadeiro, mas não seria útil.

As emoções precisam de espaço para serem ouvidas. E o paradoxo é que, quando criamos esse espaço, elas enfim podem partir. Cumpriram sua missão.

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