COMPARTILHE
‘Medianeira’: meu livro sobre perdão, cura, aprendizados e memória
A visita à cidade inca de Machu Picchu é uma das menções no novo livro de Patrick Santos, "Medianeira" (Foto: Eddie Kiszka/Unsplash)
Siga-nos no Seguir no Google News
Neste artigo:

Quem me lê aqui em Vida Simples há mais de três anos, sabe que em 2018, deixei para trás uma carreira de sucesso no Jornalismo, um emprego bem remunerado e de muita visibilidade, para viver um período sabático.

Eu estava insatisfeito e precisava abrir espaço para que algo de novo surgisse no meu horizonte.

Depois de três décadas de um trabalho estressante, que culminou num burnout, resolvi melhorar minha qualidade de vida e buscar novos caminhos.

Conto como foi esse processo no meu primeiro livro, 45 do primeiro tempo – O que o sabático me ensinou sobre propósito de vida e carreira.

Passados quase seis anos, me vejo diante de outro desafio, contar num novo livro o que vivi e aprendi depois do sabático — as experiências e reflexões do período mais desafiador dos meus cinquenta anos recém-completados.

Em Medianeira – uma jornada sobre aprendizados, memória, perdão e cura, muitas certezas tidas como verdades absolutas ficaram pelo caminho, dando lugar a vivências e aprendizados que me fizeram ir fundo na aventura do autoconhecimento, no conhecimento do outro e na compreensão do mundo onde finco meus pés.

Um livro que sobrevoa histórias

Em 2019, inaugurei o meu podcast, 45 do primeiro tempo, dedicado a conversar com pessoas sobre temas sutis, etéreos, enigmáticos e pouco conhecidos.

Pessoas que tiveram a vida transformada pelo poder da fé, do autoconhecimento, da busca espiritual, do luto.

O livro que acabo de lançar é um voo panorâmico pelas mais de duzentas e cinquenta entrevistas feitas no podcast até a sua publicação, totalizando mais de um milhão de downloads.

Além das conversas que tive com médicos, filósofos, espiritualistas, religiosos, artistas, esportistas, astrólogos, empreendedores, trago também as minhas próprias experiências e reflexões desse período.

As entrevistas têm uma dinâmica própria, com liberdade de voo para qualquer direção, sem pautas pré-estabelecidas ou perguntas engessadas.

Não foram poucas as vezes em que, perdido em meus pensamentos e em minhas emoções, encontrei abrigo e, principalmente, respostas para muitas de minhas dores nos relatos de meus convidados.

É incrível como parece haver algo invisível que nos guia. Tudo o que chegava a mim na semana de gravação era exatamente o que eu precisava ouvir naquele momento.

Por sorte, algumas conversas se estenderam para cafés e encontros fora dos microfones.

Tempo para assumir minhas escolhas

livro Medianeira Patrick Santos

Capa do livro “Medianeira – uma jornada sobre aprendizados, memória, perdão e cura”, de Patrick Santos (Imagem: divulgação)

Durante muito tempo, pensei que, ao deixar para trás a rotina de mais de duas décadas no mundo corporativo, meus problemas estariam resolvidos.

Eu tinha certeza de que o que me afligia e estava me matando aos poucos era algo fora de mim. A culpa era de tal emprego, de tal pessoa.

Ledo engano.

Ao me colocar como um “ouvidor de histórias” no podcast, pude perceber que existem escolhas na vida e somos responsáveis pelo que carregamos ao longo de nossa jornada.

Principalmente quando conseguimos entender que a vida é movimento o tempo todo e está sempre nos empurrando um passo adiante. Apenas precisamos estar atentos ao seu chamado.

Os aprendizados que o livro traz

Uma especialista em liderança e novas relações de trabalho me fez perceber que somos o que pensamos e vivenciamos neste exato momento.

O passado só serviu para chegar aonde estamos. Não somos mais quem éramos ontem.

Quanto tempo desperdicei remoendo problemas que só existiam na minha mente.

Ouvi inúmeras histórias de cura que ampliaram minha visão sobre o poder da fé. Se é possível curar uma grave enfermidade através da força mental, o que é impossível?

Aprendi muito sobre a morte nas conversas com especialistas em cuidados paliativos.

Entrevistei pessoas que fizeram da peregrinação um caminho para o autoconhecimento até eu mesmo colocar uma mochila nas costas e fazer a mítica trilha Inca que leva a Machu Picchu. Conto no livro como foi essa aventura.

Você pode gostar de
Patrick Santos conta o que viveu na Trilha Inca
Burnout: cinco soluções para evitar o transtorno
Eu sou a soma das minhas escolhas

Revisando o jornalismo

José Saramago, escritor português vencedor do Nobel de Literatura, disse que “é preciso sair da ilha para ver a ilha”.

Nesses cinco anos de podcast, conversando com tanta gente sobre tanta coisa, pude revisitar meus 35 anos de trabalho no hard news, como é chamado o noticiário que acompanha os fatos mais relevantes do nosso dia a dia.

E ver quão doentes estão o jornalismo e os meios de comunicação atuais, cada vez mais fechados nos seus “mundinhos de certezas”.

Hoje, o que me guia é a vontade de me tornar um ser humano melhor, para mim e para os outros, com menos preconceitos e caixinhas mentais. Para isso, nada melhor do que trocar ideias com quem pensa diferente de nós, aprender com a experiência do outro.

Acredito que a força de um bate-papo sincero pode ser decisiva em nossa trajetória. Acredito no poder dos pequenos gestos que podem mudar o mundo.

Viajar para dentro de si

Finalizo esta minha coluna de hoje em Vida Simples lembrando que o livro que acabo de lançar não é a edição das 250 conversas que tive com os meus convidados até aqui, mas como essas conversas me transformaram.

O podcast continua até quando tiver que existir e, com ele, outras conversas virão. Só quis estendê-lo em um livro por considerar a marca de cinco anos importante e também por sentir que ele já estava escrito dentro de mim.

Cada um dos meus convidados deixou uma semente que, espero, possa germinar em cada um de nós. Como costumo dizer também aqui em minhas colunas, a grande viagem da vida é sempre para dentro de si.

Que Medianeira possa ser essa bússola em meio a tantas direções.

➥ Mais textos de Patrick Santos na Vida Simples
A maior crise de todas é a crise da direção
Por onde andam os vagalumes?
Um fato sobre propósito que quase ninguém comenta


Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião da Vida Simples.

0 comentários
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

Deixe seu comentário