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Exausta demais para escrever minha carta para o Papai Noel
Jonathan Borba
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Neste artigo:

Em vez de escrever uma carta para o Papai Noel, transcrevo aqui no caderninho da alma chamado cartas para mim mesma as palavras de Nizan Guanaes, adaptadas ao meu sentir. O texto/bafo/desabafo que publicou em sua coluna no jornal Valor Econômico conversou comigo e, me segurando pelos braços, deu uma necessária chacoalhada. Também exausto, Nizan foi assertivo ao dizer: “de agora em diante, ao invés de ser humano, seja só SER. Ser realmente o que você tem vontade de ser”.

Logo cedo tinha visto numa foto-publicação da amiga e poeta @biancaramoneda um guardanapo de vó. Bordado a mão, dizia “Só estou descansando um pouco de ter que ser”. Na legenda: “dentro de cada um de nós existe esse lugar onde podemos descansar dos nossos papéis. Descansar do TER para só SER. Onde abastecemos a paz”. UAU!

À flor da pele, exausta, chorei, suspirei, ri, sorri. Um coquetel de sensações, tudo junto e misturado. Fixei o olhar na singeleza da imagem e sussurrei a mim mesma: preciso pausar, descansar de ter que ser.  Dar um recesso a mim mesma.

Desejo não “ter que ser” nada

Por uns dias, desejo não ter que ser nada, apenas e simplesmente o que fizer sentido ou tiver vontade. Usar chinelo, ir de bicicleta na padaria, caminhar na praia. Passar café, deitar na rede. Fazer do tempo o que eu quiser. Jogar canastra nos dias de chuva, pular onda, beber cerveja gelada debaixo do guarda-sol.

Talvez tricotar as lãs coloridas que adorei/comprei e não tive tempo de tecer, quem sabe bordar umas fotografias também tá na lista de coisas bacanas, mas certo é que vou cantar minha playlist de músicas cafonas, descansar corpo e alma & celebrar as delícias de um tempo livre. Liberdade é coisa boa!

Nesse ano, viajei muito, presencial e imaginariamente, a trabalho e a passeio, na direção e na carona, por necessidade e por vontade. Tive de ser muitos papéis. Sem escolha, apenas tive de ser e ponto final.

Mergulhei em lugares que nem sabia existir; de hábitos, crenças, vegetações tão diversos de onde vivo. Abundantes de amor, se é que você me entende. Conheci pessoas cuja riqueza é serem genuínas, sem preocupar-se em ter que ser.  Coisa mais linda presenciar isso. Entendi que olhar com minhas próprias lentes é pura riqueza. Por vezes, pisei no freio, escutei, observei, percebi meu ritmo. O corpo fala. Segui a estrada, coisas da vida.

Em vez de carta para o Papai Noel, um recuo necessário

Preciso descansar um pouco de ter que ser. Acolher um recuo necessário. Só o dono da casa sabe onde ficam as goteiras, bora identificar as nossas. Elas estão ali, latentes, mas até para isso precisamos tempo e um generoso olhar.

A vida é valsa, um passo para frente, dá dois giros, um pé para lá, outro para cá. Sigo o baile.

Todo fim de ano eu escrevo uma cartinha para o Papai Noel. Mas, tal qual disse Nizan em sua coluna, “como estou exausta, estou com zero de saco, zero de paciência e zero de inspiração para manter essa tradição em 2023”, escrevo ESSA CARTA PARA MIM.

Beijos meus!

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