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Festas de Natal: o que fazer quando as relações familiares nos trazem dor?
Gus Moretta
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Meu ofício me coloca de frente para as maiores angústias que nosso psiquismo humano pode experienciar. Decidi, enquanto psicanalista, que não tiraria férias na última semana do ano. Comemorando ou não as festas de Natal, é impossível passar “batido” pelo clima, ao mesmo tempo, nostálgico, caótico e paradoxalmente esperançoso do final do ano. Somos empurrados para reuniões familiares que podem trazer uma gama de sentimentos conflitantes, desde estranhamento, confusão, ansiedade e até a revivescência de traumas de infância.

Para muitos de nós, a família pode ser um lugar de dor e aprisionamento, ainda que seja um grande tabu assumir isto.

Cuidado com as expectativas para as festas de Natal

Ainda assim, para finalmente nos sentirmos pertencentes e amados, podemos esperar algum tipo de acolhimento, reparação, fechamento ou validação de coisas que ficaram pendentes na nossa história. A romantização das relações familiares nesta época atinge patamares publicitários nunca alcançados.

É reforçando a ideia de que se viemos de um lugar “bom”, também somos “bons”. Este é um pensamento simplista e por isto, infantil, mas que carregamos em nós de alguma maneira. Como lidar com o luto daquilo que colocamos lá no alto do pedestal, seja por fantasia ou por expectativa social, e que nem sempre se manifesta como tangível nas nossas relações familiares?

Família nem sempre é de sangue

Se antes podíamos apenas garantir sobrevivência física e emocional dentro da família, as novas formas de interação e comunicação nos apresentam oportunidades de estar com pessoas que partilham de nossos valores, ideais e até de neuroses parecidas. Por isso o maior movimento de pessoas percebendo que nem sempre os que partilham do mesmo sangue são famílias: porque há maiores chances de fazer laços fortes e seguros com outras pessoas.

Claro que para isso, precisamos estar minimamente fortalecidos e integrados psiquicamente. As pessoas mais dependentes da família que machuca, em geral, são as pessoas mais danificadas por estas relações familiares, e por isso ainda sentem que precisam provar seu valor para serem finalmente vistos e reconhecidos.

É possível mudar as relações familiares

É preciso todo um movimento de tomada de consciência para sustentar novas dinâmicas de relações, para podermos nos sentir apoiados e realmente pertencentes. Nem sempre são nossos cuidadores e nossa família que irão fazer algum movimento de mudança, então ele precisa vir de nós.

A mensagem de esperança pode vir com o luto, a tristeza, e também com a coragem de olhar para a verdade de nossos relacionamentos iniciais. Afinal, a verdade pode ser dolorida, mas ela também pode ser bastante libertadora.

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