Saiba priorizar

Poucos dias antes de escrever esse texto que você lê agora, assisti ao documentário A Última Floresta (2021), dirigido por Luiz Bolognesi. Nele, vê-se o pajé Davi Kopenawa a empreender enormes esforços para manter viva a cultura espiritual e cotidiana de um grupo Yanomami que ainda se mantém isolado na Amazônia, em uma região próxima à fronteira com a Venezuela, embora seja ameaçado constantemente pelo garimpo ilegal e pelos smartphones que fascinam os jovens integrantes da aldeia.

O que mais me inquietou ao longo do filme foi notar como aquelas pessoas fazem suas tarefas com nada de pressa. Pelo contrário, demonstram saber priorizar o que de fato importa em suas existências, realizando a cada dia o que sentem necessidade e vontade. Do meu lado, bastou o fim do longa-metragem para me lembrar das inúmeras demandas que o dia seguinte me exigiam, boa parte delas amparadas em um sentimento de urgência. Mas será mesmo que tudo é urgente? Será que não podemos viver de maneira um pouco mais apaziguada com as infindáveis tarefas cotidianas?