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A arte de fazer nada
Vu Thu Giang
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Sou dona dos meus próprios passos. Penso ser isso um privilégio e, sendo minha própria chefe, significa dizer que todo dia é dia de trabalhar.

Se a vontade for trocar a noite pela manhã, trabalhar domingo e folgar na segunda, está tudo ok. No final das contas, me acerto comigo mesma.

A questão é: acionar o botão PARAR não é tarefa usual por aqui!

Cresci numa família na qual o trabalho é um dos valores mais importantes. Fazer nada era visto e entendido como coisa de quem é preguiçoso. Cresci, me envolvi em tarefas distintas e concomitantes, sem me auto permitir “fazer nada”. Eis aqui as tais crenças limitantes, aqueles pensamentos impositivos oriundos da infância que carregamos para vida e se tornam nossas verdades.

Aí, chegou a semana de pausa. Mini-férias, por que não dizer. Me refiro à pausa porque prefiro algumas folgas espalhadas pelo ano que um mês inteiro e acumulado, sem dizer que, sendo autônoma, descansar por trinta dias é tarefa impossível.

Mas, volto à pausa! O start para permissão veio antes de partir, aquele momento de arrumar a mala, ou as sacolinhas, como tenho hábito!

O que não poderia faltar nos meus 7 dias de descanso? Para todo dia e qualquer hora, livros – andava mesmo a fim de atualizar a leitura. Pros dias de chuva, baralho, afinal, os torneios de canastra são usuais na turma de casa.

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Eis a dúvida: para acalmar as mãos nos dias de folga, levaria tricô ou crochê? Costuras ou a caixinha de bordados? Na dúvida, levarei um pouco de tudo, pensei: agulha de tricô, de crochê, umas roupas de boneca pra bordar. Na hora decidirei a qual deles me dedicar.

Senti um sopro no ouvido:

“Leva nada, sua boba!”

“Faça nada!”

Como assim, “fazer nada”?

“Fazendo nada, oras!”

Um tanto contrariada, obedeci minha própria voz. Nada de agulhas, fios e tesouras na mochila. A ideia era pausar de verdade!

Pausa enseja suspender, descontinuar, descansar, demorar. Trocando em miúdos, tempo perfeito para FAZER NADA! Desejei fazer nada na minha semana de pausa, simples assim! Mas fazer nada seria a principal atividade do preguiçoso, certo? Decerto sim… Mas não sou preguiçosa e desejei fazer nada na minha pausa. Tudo bem? Ok, tudo bem, desde que faça sentido pra mim mesma.

E fez!

Uma semana sem compromissos, despertador desligado, sem a obrigação de produzir algo. Leituras descansadas na rede, caminhadas demoradas na beira da praia, sono esticado até o corpo acordar ou à tarde, se desse vontade.

Culpa alguma invadiu meu sossego. Sem constrangimentos desejei a quietude. Me entreguei ao ócio. Logo eu, uma faz-tudo confessa decide fazer nada! Exatamente, e assim foi: sem siricuticos de ansiedade, desfrutei tempos preciosos, e prometi repetir quando for possível!

E, antes de pensar que fazer nada seria um deleite preguiçoso, lembrei da frase de Carl Sandburg:

“O tempo é a moeda da sua vida. É a única moeda que você tem, e só você pode determinar como será gasta. Seja cuidadoso e não permita que outras pessoas o gastem por você.”

Beijos meus!

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