Samskaras, do yoga, e a sua relação com a mudança

Deise Casado, assinante da Vida Simples, enviou para o Blog Você + Simples a sua experiência com yoga e seu aprendizado sobre samskaras. Para entender melhor o que significa e saber qual a relação de samskaras com a dificuldade que temos em mudar, leia o relato a seguir. Boa leitura!

Todos nós queremos ser pessoas melhores, mas há momentos em que, apesar do meu desejo, não consigo e acabo cometendo os mesmos erros novamente. Esse foi um motivo para eu adquirir um novo hábito: a meditação.

Depois de ler vários textos (inclusive aqui na nossa amada Vida Simples), assistir a talks , eu estava convencida do poder transformador da meditação.

Como uma mulher que assume diversos papéis (mãe, trabalhadora do Brasil, professora de yoga, amiga, filha, estudante, dona de casa) pensei qual seria o melhor horário para executar o meu novo hábito (manhã), e comprei uma almofadinha para me sentar.

No primeiro dia foi radiante, consegui acordar cedo para meditar e fiquei muito feliz. No segundo dia, eu fiquei com autopiedade de mim mesma após uma noite muito difícil com a minha bebê doentinha. Resolvi que não acordaria para meditar pois eu precisava dormir mais.

No terceiro dia eu tive que ir ao médico e acabei não meditando. E foi assim que o meu desejo de criar um hábito rolou ladeira abaixo…

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O que são samskaras?

Como nerd que sou, decidi que não adianta ficar estudando um monte de coisas se eu não colocar em prática meus conhecimentos. Apaixonada por yoga, recorri aos textos clássicos para entender o porquê eu ainda não tinha conseguido meditar.

Foi aí que descobri nos conceitos fundamentais do yoga o conceito de “samskaras”. Esta palavra em sânscrito significa “impressões profundas deixadas em nossa consciência”.

Podemos pensar em samskaras como uma estrada de terra: imagine uma estrada onde os carros sempre passam pelo mesmo lugar, deixando rastros (ou como diriam no Paraná, o carreador). Quando você está dirigindo, prefere seguir esses caminhos já marcados por serem mais “fáceis”/”previsíveis” de se percorrer.

O yoga já abordava isso (samskaras) há milhares de anos. Mas o conhecimento não significa nada sem aplicação, não é mesmo?! Aprendi em minhas aulas de Ciência da Felicidade (@horacio.toco) que Daniel Kahneman estudou tanto os comportamentos que até ganhou um Prêmio Nobel.

Ele explica nossos padrões de comportamento por meio de 2 sistemas: o pensamento rápido, intuitivo (chamado de “sistema 1”), normalmente baseado em nossas experiências prévias.

Muitas vezes pensamos que estamos fazendo escolhas quando na verdade estamos no “piloto automático” (ou, como dizem no yoga, dirigindo por samskaras).

Por outro lado, o pensamento lento, reflexivo e consciente (“sistema 2”), nos permite questionar essas impressões e tomar decisões mais conscientes.

Samskaras é o nosso ‘piloto automático’

E por que não consigo mudar tal comportamento que não gosto em mim? É porque muitas vezes estamos no ‘piloto automático’.

E como mudar? No dia a dia, podemos aplicar esses conceitos de várias maneiras. Por exemplo, quando confrontados com uma decisão importante, podemos pausar e refletir sobre nossas reações automáticas, questionando se estão sendo influenciadas por samskaras/velhos padrões.

Ao cultivar o pensamento lento/analítico/perguntar antes de agir, podemos nos libertar das amarras do passado e agir de forma mais alinhada com nossos valores e objetivos atuais.

Antes de optar por um fast food no jantar, reflita se realmente está fazendo uma escolha ou agindo no “piloto automático” (samskaras).

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DEISE CASADO (@deisecasado) Curiosa, tagarela, yoguini, viajante, mãe da Maria Clara e da Kapunka decidiu tornar a meditação um hábito e conseguiu graças ao conhecimento aplicado!

Este texto foi produzido por um membro assinante da Comunidade Vida Simples e publicado no blog Você + Simples.
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