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Como eu posso ser feliz?
Andressa Voltolini | Unsplash
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Para o instrutor de ioga e meditação Akash Barwal, encontrar um tempo para si e se dedicar a observar as próprias emoções ajuda na busca de algo maior na vida

Akash Barwal cresceu em Dubai, na costa do Golfo Pérsico. Era um jovem comum, que vivia com a família e apaixonado por esportes. Mas havia dentro dele uma inquietação que nunca o deixava em paz: a dúvida sobre a existência de um mestre espiritual vivo que pudesse guiá-lo. Aos 18 anos, numa viagem à cidade indiana de Bangalore, conheceu a Associação Internacional Arte de Viver e seu líder, Sri Sri Ravi Shankar.

Foi quando enfim teve a experiência que, até então, só conhecia através dos livros, a de reconhecer seu guru. Foi um momento especial, no qual Barwal sentiu que estava no lugar certo e na hora certa.

Há duas décadas, Akash se dedica à Associação viajando o mundo e ensinando ioga, meditação e a transformadora técnica de respiração criada por Ravi Shankar, o sudarshan kriya. Ela incorpora ritmos naturais específicos de respiração para harmonizar o corpo, a mente e as emoções. A técnica trabalha sentimentos negativos como raiva, frustração e depressão, trazendo mais relaxamento e calma, energia e foco. Hoje Akash vive no ashram da Arte de Viver, em Bangalore.  Foi de lá que conversamos, via Skype, sobre seu caminho e visão do momento em que estamos, de maneira leve e sincera.

Como diferenciar um professor espiritual autêntico de um charlatão?
Compaixão e paz interior não podem ser forjadas. Você pode ser um bom ator, mas não pode fingir tais coisas. No momento em que você está com uma pessoa iluminada, você sente. Não são as palavras, é através da presença do mestre que você pode sentir o amor, a compaixão e o conhecimento.

Dizem muito que a depressão e a ansiedade são o mal do século. Você concorda?
Sim, não são as doenças que são o grande problema do mundo, a maior epidemia hoje é a depressão. É surpreendente, porque é nos países mais desenvolvidos que estão os índices mais altos de depressão e suicídio. Isso nos deveria fazer pensar sobre o que a vida realmente é. As pessoas não estão satisfeitas porque não estão conseguindo lidar com questões simples da vida, e assim até mesmo coisas realmente pequenas podem irritá-las. A sabedoria de lidar com nossas emoções e com as questões do dia a dia não é algo ensinado no sistema educacional, e essa é uma parte bem importante da educação humana. Na vida, não é necessário que tudo aconteça do jeito que  queremos. E, quando nos é dado algo que não estamos esperando, precisamos saber como aceitar e encarar isso.

E, em relação a quem está bem, como encontrar o equilíbrio entre manter a paz interior e a revolta pelo que está acontecendo de errado no mundo, como as guerras e a desigualdade social?
As pessoas que são abençoadas por estarem um pouco mais equilibradas que as outras têm uma responsabilidade maior, porque são o que contrabalanceia a sociedade. É muito importante que as pessoas pacíficas e despertas não apenas se sentem em silêncio mas percebam que são parte do todo, do país e da natureza e que elas têm um grande papel, porque há uma porcentagem maior de gente que não está em paz. É responsabilidade de quem está no caminho levar essa consciência para os que não estão.

Olhando para o outro lado, o que existe de positivo na época em que vivemos?
Eu acredito que há luz em cada esquina. É realmente como me sinto atualmente. Nunca vi tantas pessoas querendo algo maior para sua vida. É como um ciclo, quando há tanto materialismo no mundo e as pessoas atingem um pico em que já viram de tudo e nada parece satisfazê-las, é natural que venham questionamentos: “O que eu realmente quero?”, “Como eu posso ser feliz?”, e é aí que a espiritualidade floresce. Fico muito feliz de ver que há tantos jovens buscando isso. Considero que este é um bom momento no mundo.

Como você pode explicar, a quem nunca praticou, por que a meditação é algo poderoso?
Eu gostaria de começar enfatizando a importância de dar tempo para si mesmo. Todos os nossos problemas surgem porque não cuidamos de nós mesmos. Ficamos tão ocupados com esse mundo, nessa loucura de passar o dia em compromissos, fazendo coisas, encontrando pessoas, isso e aquilo, que algo dentro de nós começa a ficar desequilibrado. O primeiro passo é perceber que você precisa dar a si mesmo algum tempo. E, no momento em que passa a fazer isso, algo se aquieta em você. Eu diria que tudo é bom, mesmo que você só possa dar uma pequena caminhada no parque, ou fazer coisas que ama.

E então, claro, não há dúvida de que a ciência mais antiga, a ioga, é muito poderosa. Isso porque ela conecta o corpo com a mente e ensina a estar em paz consigo mesmo. A meditação faz parte dessa ciência e é uma das mais belas formas de aliviar o estresse e ajudar você a estar presente. Depois de 20 anos de práticas de autodesenvolvimento e serviço aos outros, há algo de que sinta falta?

Você já chegou aonde queria?
Para começar, eu não vim para esse caminho para ganhar algo ou alcançar algum lugar. Desde o início, eu estava aqui sem expectativas. E é por isso, para mim, que estar aqui fazendo o que quer que eu faça se tornou mais importante que alcançar algum lugar. Eu estou aproveitando cada dia da minha vida, viajando, conhecendo pessoas… É lindo poder ajudar, trazer mudanças; não há nenhum questionamento sobre sentir falta de algo. Eu faço o que eu quero. Eu sou abençoado por ter liberdade de espírito, e é isso. Eu amo viver e respirar todos os dias.

A vida pode ser simples, comece hoje mesmo a viver a sua.

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