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Mindful eating: comer consciente é comer melhor
Mindful eating ajuda a comer melhor (Foto: Pablo Merchán Montes / Unsplash)
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Você consegue lembrar o que comeu no seu último almoço e quanto tempo precisou para fazer essa refeição?

No estilo de vida contemporâneo é comum ter tanta pressa para continuar com as atividades do dia que nem se percebe as cores, os sabores e as texturas dos alimentos que compõem um prato.

Comer acaba se tornando uma obrigação a ser feita com rapidez. Entretanto, o ato de se alimentar pode ser algo prazeroso, além de recarregar as energias e conectar corpo e mente.

Mindful eating é uma prática que propõe a plena atenção ao comer. Nela, estão envolvidos a escuta ativa às necessidades e sinais do corpo, assim como às emoções e às sensações próprias do ato de se alimentar.

Com ela, é possível ter hábitos mais saudáveis relacionados à comida, que incluem tanto uma relação melhor com o alimento, quanto uma qualidade melhor na forma de se alimentar.

A maneira que você come é tão importante quanto o que você come

Luiza Bittencourt, advogada por formação, conhece bem a realidade da ansiedade e de usar a comida para tratar as emoções. Ela costumava fazer dietas para controlar a alimentação, o que não tinha efetividade.

Apenas após começar a praticar mindfulness – meditação para desenvolver atenção plena –, ela teve resultados positivos tratando ansiedade e estresse. Então, o que era um tratamento virou um estilo de vida, com as formações e aprofundamentos que Luiza fez, especializando-se depois em mindful eating.

Hoje, ela trabalha com a prática e conta como a consciência ao comer muda a relação com a comida e consigo mesmo. “Trabalhamos com a prática de autoamor e fica mais fácil a gente querer se cuidar mais sem neuras com comida. Também afeta muito a saúde do nosso intestino e da nossa digestão”, comenta.

Ela aponta ainda para a ligação entre saúde mental e do intestino. Segundo ela, o hábito contemporâneo de comer muito rapidamente, com uma mastigação ruim, prejudica a digestão e essa ligação entre cérebro e intestino.

Dessa forma, a mindful eating entra como uma prática para melhorar o como se come. “A prática não fala sobre o que você deve comer, mas como você deve comer na sua vida corrida. Ela busca maneiras de podermos encaixar o ato de comer com atenção plena de uma forma simples na nossa rotina”, declara a especialista.

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Comer com presença é comer melhor

Melissa Triska, psicóloga especialista em comportamento e transtornos alimentares, explica que começamos a comer antes de colocar o alimento na boca. Afinal, todo o processo de planejamento e preparação também fazem parte do comer.

“Mindful eating vem com essa ideia de que nós podemos investigar as razões que estão nos levando a comer, a perceber que o nosso corpo está precisando daquele alimento ou nutriente. Além disso, envolve sentir os sabores, os odores, os aromas e as texturas de cada alimento”, explica.

A especialista destaca também que essa prática promove um olhar mais gentil e amoroso para a comida e para a relação que as pessoas têm com ela. Além disso, a prática não está relacionada a um controle restritivo ao comer, mas sim comer presente, com consciência.

“É o que estou sentindo, experimentando, o que que está acontecendo dentro e fora de mim para que, então, eu seja coerente para me dar o que eu preciso efetivamente”, destaca.

Luiza Bittencourt também defende que a prática do mindful eating é uma forma mais leve de olhar para a alimentação e também para o autoconhecimento.

“Nós paramos para ouvir o nosso corpo, os sinais de fome de saciedade. Quando fazemos isso, vamos aprendendo a comer uma quantidade correta, que é boa para o nosso corpo e que funciona bem, sem excessos. E nós podemos comer tudo que gostamos sem julgamentos”, declara.

Dicas para começar a praticar a mindful eating

Para começar a praticar mindful eating não é preciso muito. Melissa aponta que a prática de plena atenção nasce com as pessoas, mas que vai sendo perdida. Desse modo, “não é algo que a gente precisa buscar do além, podemos acessar dentro de nós mesmos”, defende.

Algumas dicas podem ajudar a trazer a consciência e a atenção à mesa junto com a comida:

  • Antes de fazer qualquer escolha alimentar, pare alguns segundos e faça algumas respirações profundas. Nesse momento, escute o seu corpo e faça um escaneamento corporal.
  • Escutar o corpo ajuda a entender qual parte dele sente fome. Melissa aponta que o corpo tem ao todo nove tipos de fome, dos olhos, ouvidos, nariz, boca, estômago, tato, mente, coração e celular. A escuta permite identificar de onde a fome vem e se ela é física ou emocional, fazer essa reflexão enquanto se come também é interessante. Além disso, se o corpo fala que tem fome, ele também sinaliza saciedade, indicando que é hora de parar de comer.
  • Faça uma avaliação da sua fome. Luiza recomenda que antes de comer, as pessoas deem uma nota de 0 a 10 para a fome que estão sentindo, sendo 0 nenhuma fome e 10 fome muito grande. Isso também pode ser feito durante e após a refeição. Para ela, isso ajuda a identificar se o desejo de comer, é de fato, fome ou apenas uma vontade. Além disso, quando se está com um nível de fome entre 5, 6 ou 7 é possível comer com mais calma.
  • Observe o que está sendo colocado no prato. Isso ajuda a fazer escolhas mais coerentes e saudáveis de acordo com as nossas condições de saúde e objetivos do nosso corpo.
  • Pause os talheres enquanto come. Descansar os talheres entre uma garfada e outra permite que uma porção só vá à boca após a anterior ter sido inteiramente mastigada e engolida. Além disso, ajuda que a refeição seja feita com mais calma.

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