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Dicas para melhorar sua relação com o doce no dia a dia
Muitos de nós estabelecemos uma relação desequilibrada com o doce (Unsplash)
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Caminhe pela sua memória até os momentos mais especiais da sua vida. Com certeza havia um bolo, uma sobremesa ou um doce, que ao fechar os olhos você ainda consegue sentir o gosto.

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Temos quilos e quilos de lembranças açucaradas. Milhares delas são felizes. Mas não todas. Quem nunca se apoiou numa barra de chocolate para vencer algo difícil ou comeu um docinho para alegrar um dia vazio?

Quando puxamos pela memória, nos damos conta de que o açúcar é tão importante para nós que ultrapassa o terreno dos alimentos.

O problema é que, em vez de adoçar nossas vidas, essa relação pode se tornar tóxica. Quando isso acontece?

O doce na introdução alimentar da criança

Para ter a resposta, precisamos voltar no tempo. Nossa história com o açúcar começa cedo, com o leite mater­no, que é doce. Tirando ele, deveríamos ficar longe das iguarias adocicadas por um bom tempo.

“A introdução alimentar, dos 6 meses até os 2 anos, deveria ser zero açúcar, para que o bebê consiga aprender o sabor dos alimentos in natura”, enfatiza Camila Alves, nu­tricionista e conselheira do CRN-3 (Conselho Regional de Nutricionistas 3á Região).

Mas não é o que acontece. Geralmente temos um encontro com o açúcar antes da hora. E aca­bamos criando um paladar viciado nele, que carregamos para a vida adulta.

Algo natural na nossa cultura, em que doce virou comida de criança. “Nós crescemos debaixo desse guarda-chuva. Nos almoços de domingo da casa da minha avó, meu pai punha açúcar no vinho para que as crianças pudessem beber. É um traço da nossa cultura pós-revolução agrícola”, analisa Fabiolla Duarte, educadora alimentar e criadora do site Colher de Pau.

O açúcar ganha um peso tão grande na in­fância que vira até moeda de troca com as crianças. Quem nunca ouviu a frase “Se você não comer tudo, não tem sobremesa”? E aí o açúcar virou prêmio ou punição.

Relacione-se bem com a comida

Só que, quando crescemos, descobrimos que doce faz mal. É quando passamos a travar uma batalha com a nossa vontade de um lado e a “proibição” de outro.

Nela, são grandes as chances de acabarmos comendo com exagero e rápido, a tempo de chegar o arrependimen­to. É uma guerra não muito fácil de ser ven­cida.

Pois, como mostrou uma pesquisa realizada por cientistas da Universidade de Queensland, na Austrália, os efeitos do açúcar no cérebro são parecidos com os provocados por drogas como a cocaína.

Para ressignificar a relação com o açú­car, primeiro é parar de ver na comida um campo de batalha.

“Ser zero açúcar não é sinônimo de ser saudável”, frisa Camila. Um dos grandes erros que cometemos, se­gundo Fabiolla, é estipular o “dia do doce”.

Pois acumulamos uma semana inteira de ansiedade e corremos o risco de comer não só por um dia, mas por todos os outros em que nos privamos. Depois, em vez do sabor agradável do açúcar, fica o gosto indigesto da ressaca moral.

Mas, quando nos permitimos saborear com calma o doce que estamos com tanta vontade, extraímos todo o sabor a cada mordida. Porque a nossa atenção está ali.

Assim, não será preciso uma grande quan­tidade para ficarmos satisfeitos. E come­çamos a notar quando o nosso corpo pede açúcar ou se apenas queremos que ele dê um jeito em nossas emoções bagunçadas.

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Escute o seu corpo

doce A verdade é que não fomos educados a comer os doces de maneira saudável. Mas, aos poucos, é possível aprender (FOTO: GAELLE MARCEL/UNSPLASH)

Entender quando realmente estamos com vontade de comer doce é fundamental para não ingerirmos açúcar em demasia, por distração ou hábito. “Se tomamos vinho o dia inteiro, nos tornamos alcoólatras. Se ficamos o dia inteiro comendo açúcar, fi­camos diabéticos. Sendo assim, nosso organismo não suporta excesso de alteração de comporta­mento. E a expressão disso é o corpo fican­do adoecido”, analisa Fabiolla.

Se esse dese­jo tiver uma origem emocional, o melhor a fazer é aliviar o mal-estar de outras formas, como escrever, conversar com um amigo ou buscar terapia.

“E tem que ser gentil. Vá de­vagar. Se hoje não estiver dando conta das emoções, coma o bolo. Da próxima, tente novamente”, sugere Fabiolla.

Aprecie os doces dos afetos

Quando eu era pequena, a minha mãe sem­pre fazia bolo formigueiro nos aniversá­rios. Ainda hoje, quando me deparo com uma fatia com a doce cobertura de chocolate escorrendo pela massa fofinha, sou trans­portada para a mesa dos parabéns.

Os do­ces da nossa infância têm esse poder de nos fazer reviver momentos e trazer para perto quem amamos, mesmo quando não estamos mais aqui.

“Estamos perdendo um pouco essa relação do comer social. A gen­te não se permite, num encontro de famí­lia, comer algo que não seja ‘saudável, que faz parte ali daquela memória afetiva. Mas não vai ser o pedaço de bolo que a sua avó fez para você que vai te fazer engordar. É o que vai acontecer ao longo de todos os outros dias”, enfatiza Camila.

Por isso, os momentos doces que passamos com os avós, pais, irmãos, amigos são presentes de que não precisamos abrir mão.

Quando a gente entende que a nossa relação com o açúcar não tem que ser “tudo ou nada”, da­mos a ele o lugar que ele deve ter.  E saímos da ideia de dualidade entre prazer e culpa.

Ajuste o paladar ao doce sem exagero

O mais interessante é que a nossa relação com os doces pode evoluir e ficar cada vez melhor.

Isso inclui abandonar os alimentos industrializados, inclusive os salgados, que contêm açúcar, e ampliar o nosso paladar.

Podemos usar especiarias como a cane­la, para adoçar as receitas, além de frutas doces, como a tâmara, atemoia, damasco, ameixa. Ou comer frutas no lugar de uma sobremesa açucarada.

Trocar o açúcar refinado pelos mais na­turais, como o mascavo ou demerara, também nos coloca na direção de uma vida mais saudável. Assim como reduzir o açúcar das receitas e das bebidas, como o cafezinho.

“Às vezes nem sentimos a di­ferença. Dando tempo para o organismo se acostumar, o paladar vai se adaptando. Depois, nem conseguimos mais comer tan­to doce”, diz Camila.

Pode demorar algum tempo para chegarmos a esse estágio, mas o resultado vale todo o esforço.

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SIBELE OLIVEIRA não devora mais chocolates enquanto Faz outras coisas. Além de comer menos, agora ela sente o verdadeiro sabor deles.


Conteúdo publicado originalmente na Edição 230 da Vida Simples

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