A autoestima é um fator que influencia na vida de todos. É através dela que valorizamos quem somos, temos confiança em nossas ações e determinamos o que queremos, sem julgamentos dos outros. Muitas vezes, ela funciona como uma motivação para sair de um relacionamento tóxico, enfrentar novos desafios como uma faculdade e até mesmo fazer uma transição de carreira. Por isso, é importante darmos atenção a ela desde a infância, que é quando temos a única oportunidade de criar uma primeira autoimagem sobre nós mesmos.
Crianças já nascem com autoestima, ou seja, não é algo que precisa ser moldado do zero. É nítido perceber que uma criança de apenas um ano está ansiosa para experimentar o mundo. Já a de dois quer subir, pegar, se servir e se vestir sozinha. Esse é o primeiro impulso do ser humano: fazer e acreditar que é capaz e quando os pequenos não conseguem, se frustram demonstrando chateação e irritação, por exemplo.
Entre zero e 7 anos, a criança está tomando consciência sobre a sua individualidade, percebendo, fase após fase, que não é uma continuação da mãe e sim um ser humano totalmente separado. O primeiro lampejo de consciência acontece em torno dos 3 anos e todo ambiente e educação que está permitindo que essa criança se desenvolva vai ser reflexo de como ela se enxerga.
A educação dos pais no dia a dia nesse primeiro setênio e a forma como eles se comunicam com seus filhos é o que vai potencializar e manter a autoestima intacta até a fase adulta, ou o contrário.
O que pode atrapalhar o desenvolvimento da autoestima nos pequenos?
Crianças são autônomas por natureza e até bebês tem o impulso de explorar a própria comida, engatinhar e andar. Nos primeiros sete anos, o impulso para a autoestima é enorme e o que pode atrapalhar para que essa formação aconteça de maneira plena e íntegra, desde que esteja num ambiente propício, é não permitir que a criança exerça a autonomia, dificultando sua independência e fazendo algo que ela mesma deveria estar treinando: tirar e colocar a própria roupa, tomar banho, se servir, calçar o sapato, levar o prato até a mesa…
A criança deve participar ativamente das tarefas da casa porque dessa maneira vai desenvolver seu caráter, personalidade e autoestima. Quando ela se sente útil para o mundo tem sua autoestima plena.
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A adjetivação das crianças
O comportamento e a forma como os pais falam podem enfraquecer a vontade e o impulso da criança de acreditar e fazer tudo sabendo que é capaz. Adjetivos como: chata, birrenta, mal-humorada, desatenta e estabanada vão construindo a forma como ela se vê, ainda mais quando reforçada pelo adulto.
Na infância, como em qualquer outro momento, há dias bons e ruins e trazer adjetivos para a criança é aprisioná-la em uma imagem que ela não é. A comunicação constrói a autopercepção dos pequenos e frases ditas repetidamente podem também condicioná-los a sempre pedir ajuda, novamente impedindo a autonomia.
Algumas frases que os pais devem evitar dizer para os filhos são:
- Você não consegue…
- Deixa que eu faço para você…
- Olha lá, fez besteira de novo…
- Como você é estabanado…
- Você é muito pequeno…
A autoestima está ligada diretamente à imagem formada na infância. Um adulto que ouviu repetidas vezes quando criança que é tímido, por exemplo, pode ter dificuldades de colocar sua voz no mundo.
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Incentivando a autoestima na infância
Um grande caminho para estimular a autoestima na criança é permitir que ela experimente e dar tempo de treinamento. O sentimento de satisfação por conseguir fazer algo por si próprio, como servir um copo de água sem derramar, é o mesmo que vai basear toda sua vida, porque ela carrega consigo que é útil e importante, se transformando em um adulto que recebe críticas e sabe diferenciar que aquilo é sobre quem está dizendo e não sobre ela, reconhecendo seu valor e distinguindo um erro da sua essência.
Os pais também devem compreender que erros são temporários e nas crianças são passos de aprendizado. Então, precisam reconhecê-lo e substituir o adjetivo que provavelmente usariam nessa situação por foco em solução. É hora de ajudar seu filho a se recompor e propor ações para resolver o que está acontecendo.
É muito importante que o foco do desenvolvimento da autoestima das crianças não fique apenas nelas. O adulto é o grande exemplo de humanidade que o pequeno se baseia e, a forma como ele dirige a si mesmo na frente das crianças, lida com desafios, fracassos e erros também está educando a autoestima na infância.
*ALINE DE ROSA (@alinederosa) é formada em educação parental e pesquisadora especializada no desenvolvimento infantil integrado. Começou pesquisando sobre desenvolvimento integrativo em 2015 e foi expandindo seu trabalho através das redes sociais – onde acumula mais de 200 mil pessoas, entre elas pais famosos como Tatá Werneck, Wanessa Camargo e outros – além de desenvolver cursos sobre educação e desenvolvimento infantil para pais, cuidadores e professores. Já são quase 5 mil alunos, entre pais e mães, professoras, pedagogas e profissionais da saúde, envolvidos nesse lindo projeto de mudar o mundo através de uma nova forma de educar as crianças.
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