A gastronomia brasileira é constituída por uma série de influências culturais que vão desde a culinária dos povos originários, como o tucupi preto, pimentas e farinha de mandioca, passando por diversas outras tradições alimentares mundiais.
Apesar da diversidade, algumas tradições são invisibilizadas e até mesmo negligenciadas pela cultura alimentar mais conhecida, como o típico “arroz com feijão”. Isso porque, mesmo após mais de cinco séculos resistindo no território que hoje é o Brasil, a cultura alimentar dos povos originários teve sua influência reduzida ou substituída por tradições culinárias da Europa e Estados Unidos, principalmente.
Aos poucos, surgem espaços dedicados a preservar a cultura, memória e alimentação dos povos tradicionais, como o Biatüwi, a primeira casa de cultura indígena do Brasil, em Manaus, ou a chef Kalymaracaya, uma mulher indígena do Mato Grosso do Sul que coloca a cultura dos povos originários no centro da alimentação.
Na edição 245, Vida Simples aborda o tema dos produtos nativos, hábitos ancestrais e técnicas de preparo dos alimentos que contam histórias e tradições da alimentação ancestral no Brasil.
Reunimos, então, cinco restaurantes de cada região do país que resgatam a cultura indígena e mantêm uma alimentação e espaços que respeitam a ancestralidade e os alimentos tradicionais, como a mandioca, peixes, frutos da floresta, beiju, entre muitos outros.
Nordeste: Dona Mariquita (Bahia)
Criado em novembro de 2006, o Dona Mariquita tem como proposta resgatar as comidas típicas regionais servidas nas feiras livres da Bahia, comida de rua e comida de raiz.
Numa viagem às origens do povo brasileiro, Dona Mariquita resgata receitas e ingredientes originais, trazendo do recôncavo baiano mariscos, sementes e folhas, mesclando as influências indígenas, africana e sertaneja na busca ao verdadeiro sabor da nossa história.
Onde: Rua do Meio, nº 178, Salvador/BA
Contato: (71) 3334-6947
Sudeste: Casa do Tucupi (São Paulo)
A Casa do Tucupi é um dos primeiros restaurantes acreanos da cidade de São Paulo, fundado pela arquiteta Amanda Vasconcelos, que se mudou de Rio Branco para a cidade paulista em 2011. “A ideia de abrir o restaurante nasceu porque comecei a sentir muitas saudades da comida da minha casa. Em 2015, eu resolvi fazer um evento para apresentar a gastronomia do meu estado, mas ainda não pensava de forma profissional. O evento deu muito certo e nisso nasceu a Casa do Tucupi”, contou Amanda à Vida Simples.
O espaço serve comidas típicas como tacacá, que leva tucupi – uma espécie de caldo que é extraído da raiz da mandioca -, camarão, goma de tapioca, jambu e opções veganas. Além da alimentação, há exposições de arte indígena que podem ser apreciadas pelas pessoas que visitam o local.
O restaurante se define como um espaço que serve “uma comida saborosa, não apenas pelo cuidado na escolha e preparo dos excelentes ingredientes, mas porque o que nos alimenta por aqui é a cultura. Saberes de muitos povos que chegaram antes de nós, que lembraremos sempre que possível.”
Onde: R. Maj. Maragliano, 74 – Vila Mariana, São Paulo
Contato: (11) 94241-2232
Centro-Oeste: Iacina Gastronomia (Distrito Federal)
O Iacina Gastronomia é um restaurante com sabores nortistas e nordestinos localizado na cidade de Brasília, com pratos voltados especialmente para a culinária paraense. O estabelecimento surgiu da parceria de Bárbara e Mônica, duas gastrônomas, com o objetivo de aproximar os nortistas que vivem em Brasília para as comidas tradicionais da região, além de atrair outros públicos.
Iacina significa, em tupi, borboleta dourada, que é considerado o símbolo mais lindo da crença. Ambas são da religião do Candomblê e procuram juntar o respeito, a ancestralidade e o conhecimento. Em entrevista à Vida Simples, Mônica afirmou que “nossa ligação pelos mais velhos, os ancestrais, está na minha concepção de entender que, sem eles, eu jamais poderia fazer essa comida minimamente íntegra para ressaltá-los.”
“Enfim, minha trajetória como cozinheira e paraense é fazer as pessoas sentarem na minha mesa e comer o peixe frito igual do Ver-O-Peso [mercado público em Belém, um dos mais antigos do país], tomar o açaí com gosto de açaí, porque vem de Belém”, conclui.
Entre as principais comidas estão a moqueca, pato no tucupi, bolinho de macaxeira, caldeirada, risoto de jambu e maniçoba.
Onde: SHIN QI 09/10 – Canteiro Central – Lago Norte, Brasília
Contato: (61) 99623-2799
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Sul: Sabores da Amazônia (Santa Catarina)
O Sabores da Amazônia é um espaço regional criado por Carliane Siqueira, nascida e criada na floresta amazônica. A chef contou para a Vida Simples que a ideia de abrir o espaço de alimentação regional surgiu porque “sou da floresta e, vivendo tão longe, sentia muita falta da culinária. Queria que todos tivessem a oportunidade de conhecer.”
Além da gastronomia, o espaço também oferece produtos do artesanato da Amazônia e pratos como o tambaqui grelhado com baião de dois e farofa, sorvetes de tapioca, castanha, cupuaçu, açaí e taperebá.
Onde: Rua 2050, 40 – Centro, Balneário Camboriú
Contato: (47) 99256-0165
Norte: Tribal Restaurante Indígena (Pará)
O Tribal Restaurante Indígena está localizado em Alter do Chão, um dos distritos pertencentes à cidade de Santarém, no oeste do Pará. O restaurante se propõe a ser um espaço de vivência e experiência por meio do paladar, com a valorização, história e cultura dos povos indígenas.
Entre os pratos tradicionais estão o bolinho de piracuí, moquecas, tucunaré e pirarucu com arroz de jambu.
Onde: Tv. Antônio Agostinho Lobato, 1-39 – Centro, Santarém
Contato: (93) 99189-2019
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