Para Luiz Carlos Simonetti, aposentado de 80 anos de idade, o contato com os diferentes idiomas é natural e promove o seu envelhecimento saudável. De origem italiana, ele fala o idioma desde criança. E isso foi um facilitador para os aprendizados que viriam em sequência: francês, inglês e espanhol.
Falando quatro idiomas a nível nativo, além do português, Luiz não pretende parar por aí e já tem como foco continuar os estudos de alemão. Além disso, ele mantém a prática em um clube de poliglotas de São Paulo.
Esse homem de família estrangeira, que trabalhou em Nova York para a Organização das Nações Unidas e que viajou pelos cinco continentes, permanece fazendo nessa fase da vida uma sequência do que já era feito. Isso porque o que era significativo para ele antes continua sendo na sua oitava década de vida, e de tal modo que ainda há propósitos a cumprir.
Para a médica geriatra Louise Montesanti, essas características são fundamentais para um envelhecimento saudável. Elas trazem movimento, em especial, para a mente. “É importante que a estimulação seja feita de uma forma que tenha sentido para aquela pessoa”, declara. “Atividades intelectuais que despertam uma sensação de bem-estar, são essenciais.”
A médica explica que para manter a mente ativa na fase idosa, o importante é fazer atividades que tenham significado com a rotina e a história de vida das pessoas. E vai além: é fundamental que se trabalhe esse estímulo ou atividade. “Não é só, por exemplo, ler um livro, mas também comentar sobre ele com outras pessoas e ter um espaço de troca literária. Isso acaba sendo mais positivo”, exemplifica.
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Como manter uma mente em envelhecimento na ativa
Sabe a história do caça-palavras para manter a mente ativa e prevenir doenças neurodegenerativas como o Mal de Alzheimer? Não é que isso não funcione, mas talvez não seja efetivo para todas as pessoas.
O mesmo vale para outras atividades como jogos e leitura. Louise explica que se a pessoa não tinha o hábito de realizar essas práticas antes, elas pouco ajudarão no processo de manter a mente saudável no processo de envelhecimento.
Segundo ela, as atividades que podem ser adotadas são personalizadas. “É interessante que a pessoa tenha um estilo de vida que ela possa se olhar e reconhecer o que para ela é prazeroso. Ela pode ter um cardápio para ela continuar executando essas coisas”, reforça.
Não que atividades novas não possam ser introduzidas. Entretanto, a especialista recomenda que o ideal é ampliar o repertório a partir das vivências anteriores.
Cuidar do corpo é uma forma de cuidar da mente
Além disso, durante o processo de envelhecimento, a prática de atividades físicas podem trazer benefícios também para a mente, defende a geriatra. “Substâncias produzidas durante o exercício acabam impactando o cérebro, o que traz benefícios sociais e cognitivos”, ela explica.
As substâncias que fazem parte desse processo são várias, entre elas estão a dopamina, serotonina e noradrenalina, responsáveis por regular a sensação de bem-estar, o sono, o apetite, o prazer e o humor. Essas substâncias podem auxiliar também na atenção e na motivação. Seus benefícios ainda se estendem para o tratamento e prevenção da depressão.
Ou seja, a prática de atividades físicas estimula a memória, o raciocínio, a concentração e a flexibilidade cognitiva, fortalecendo a capacidade de solucionar problemas.
Para viver e envelhecer melhor
A geriatra destaca que nem sempre uma expectativa de vida mais longa significa mais qualidade de vida. Para que as duas ocorram juntas, em um envelhecimento com autonomia e bem sucedido, é importante ter bons hábitos nos seguintes pilares:
- Alimentação;
- Atividade física;
- Sono reparador;
- Manejo do estresse;
- Relacionamentos;
- Uso não abusivo de substâncias recreativas.
Segundo a especialista, hábitos saudáveis dentro desses pilares podem acrescentar mais anos, com qualidade de vida, à expectativa de vida. E isso faz toda a diferença.
Juntamente com esses elementos, é importante ter um propósito. Segundo Louise, isso faz as pessoas se cuidarem mais. “Pessoas que têm um propósito acabam realizando boas escolhas de vida para que consigam realizá-lo. São pessoas que se cuidam mais, se alimentam melhor. Elas não deprimem porque têm um estímulo para continuar fazendo suas atividades, continuar vivendo”, conclui.
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