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Viagem de volta à infância
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Desde que a pandemia começou, eu tenho a sorte de estar mais próxima da minha sobrinha, Clara. Um dos momentos que mais gosto é quando saímos para andar no vale em frente à casa dos meus pais.

O vale sempre foi como uma extensão do nosso quintal. Junto com meus irmãos, primo(a)s e amigo(a)s, passei a maior e melhor parte da minha infância me aventurando, explorando, escorregando pelos barrancos com papelão, subindo em árvores, colhendo amoras e flores, fazendo piquenique.

Quando cresci, continuei a andar em frente ao vale com a minha cachorrinha ou durante minhas corridas. Mas o vale era só uma paisagem, tinha deixado de ser uma extensão do nosso quintal, tinha deixado de fazer parte de mim. Os passeios com a Clarinha me trouxeram de volta o prazer de andar pelo vale sem pressa, sem motivo. Vimos pela primeira vez os pica-paus que moram ali. Corremos, sentamos na grama. Colhemos amoras. (Amora, para mim, sempre vai ter gosto de infância – pode não ser a fruta mais saborosa, mas é a que me traz as lembranças mais gostosas). Entrei no seu mundo encantado, procuramos flores, ela consegue achar até as menorzinhas que passam despercebidas. É especialista em descobrir o encanto nas pequenas coisas, em enxergar a magia nas coisas mais simples. Acho que todas as crianças são.

Assim, eu tenho feito uma viagem de volta à infância através dos olhos da minha sobrinha. Resgatei o valor que essas pequenas coisas sempre tiveram para mim e entendi o quanto fazem parte de quem eu sou. O vale voltou a fazer parte de mim. Posso viajar e descobrir as paisagens mais incríveis, mas nenhum lugar vai ter a mesma importância na minha vida. Como Manoel de Barros escreveu: “Acho que o quintal onde a gente brincou é maior do que a cidade. A gente só descobre isso depois de grande. A gente descobre que o tamanho das coisas há que ser medido pela intimidade que temos com as coisas. Há de ser como acontece com o amor. Assim, as pedrinhas do nosso quintal são sempre maiores que as outras pedras do mundo. ”

Outro dia enquanto estávamos cantando, dançando e rindo muito, Clarinha foi correndo fechar a porta do quarto e eu perguntei o motivo. “Para a música não ir embora tia”, ela me respondeu. Para a alegria não sair pela porta. Como acontece todos os dias, ela na sua simplicidade me surpreende e me emociona. Me lembra que é preciso viver o momento presente e trouxe mais leveza para os meus dias. Estou reaprendendo a olhar um pouco o mundo com alma de criança. Clara me ajuda a reencontrar a menina que eu fui, aquela que encontra alegria nas coisas mais simples e enxerga o que importa de verdade. Como ela, quero ter a esperança de poder segurar a felicidade para que ela não vá embora.


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