Perder alguém que amamos não é fácil, envolve memórias, lembranças de momentos felizes e a saudade por não ter mais essa pessoa ao nosso lado. Digerir tudo isso leva tempo, apoio emocional, ajuda profissional em boa parte dos casos e muitas estratégias que nos levam a buscar um equilíbrio emocional necessário para que essa caminhada seja menos dolorosa, que possamos sentir a perda, ao mesmo tempo em que se busca compreendê-la e superá-la.
Os rituais ao redor do mundo adotam peculiaridades e elementos culturais importantes para identificar como cada lugar lida com o luto. Na China, por exemplo, as pessoas passam até sete dias com cerimônias, vestimentas específicas em cores brancas, preto e azul. Já no México os dias 1 e 2 de novembro são aqueles em que os mortos teriam uma permissão divina para voltar à terra e por isso celebra-se a vida de de quem já se foi, reúnem-se os familiares e as casas são preparadas com incensos, velas e flores.
No islamismo o luto é lidado com maior discrição, as pessoas assumem um comportamento mais introspectivo, buscam o equilíbrio emocional, tentam não deixar as emoções tão aparantes e esperam o conforto divino para lidar com a perda. Apesar das diferenças entre como se vive o luto, uma coisa é semelhante em todos os rituais: precisamos de tempo, seja para um ritual fúnebre ou para lidar com os sentimentos decorrentes do luto.
Entre uma das ferramentas utilizadas para processar a perda de uma pessoa querida está a arte, seja a pintura, a música, a cerâmica ou a escrita. Isso vai depender das habilidades e interesses de cada pessoa, embora a aproximação com os elementos artísticos possam nos levar a um processo de imersão em autoconhecimento e ressignicação do luto.
Reunimos nesta matéria cinco conteúdos que abordam as vivências com o luto e que podem inspirar caminhos possíveis para quem passa por esse sentimento. Se você, leitor, tiver mais indicações como essas, sinta-se à vontade para compartilhar nos comentários.
Yoga no luto (livro)
Em “Yoga no luto: uma ajuda na minha travessia”, Graziella Guedes de Campos relata como o Yoga, um sistema de ensinamentos que vai muito além do que um treino físico, contribuiu para que ela pudesse se reencontrar diante do luto. Durante a pandemia da Covid-19, a escritora perdeu o pai e passou a viver essa fase dolorosa da vida que é perder alguém que amamos, especialmente quando não esperávamos que isso fosse acontecer.
Um dos caminhos encontrados por Graziella foi o Yoga, que, como conta, vai muito além do tapetinho e da prática diária, provocando uma imersão de autoconhecimento, de contato consigo mesmo e encontro com a sua essência. “Queria que as pessoas vissem como é possível entender e transformar o luto”, conta a escritora, que instiga outras pessoas a ressignificarem o luto em suas vidas.
Sobre dizer adeus (podcast)
Pensar e falar sobre o fim (qualquer fim) é sempre difícil. Isso porque o fim nos lembra a morte — a única certeza que temos e também aquilo que mais evitamos lembrar. Mas as perdas e os encerramentos são inevitáveis na vida e precisamos compreendê-los e ressignificá-los nesse processo.
Enquanto isso, as tecnologias de conexão nos prometem ligações e relações, mas será que nos entregam mais aproximação ou afastamento? E será que mais nos ajudam ou atrapalham na hora de fazermos despedidas? São esses e outros questionamentos que são feitos no episódio “Sobre dizer adeus” do podcast Float Vibes, apresentado pelos psicanalistas André Alves e Lucas Liedke.
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A morte é um dia que vale a pena viver (livro)
Sobre a arte de ganhar existem muitas lições, mas e sobre a arte de perder? Ninguém quer falar a respeito disso, mas a verdade é que passamos muito tempo da vida em grande sofrimento quando perdemos bens, pessoas, realidades, sonhos.
Saber perder é a arte de quem conseguiu viver plenamente o que ganhou um dia.
Em 2012, Ana Claudia Quintana Arantes deu uma palestra ao TED que rapidamente viralizou, ultrapassando a marca de 1,7 milhão de visualizações. A última fala do vídeo, “A morte é um dia que vale a pena viver”, se tornou o título do livro que, desde seu lançamento em 2016, vem conquistando um público cada vez maior.
Uma das maiores referências sobre Cuidados Paliativos no Brasil, a autora aborda o tema da finitude sob um ângulo surpreendente. Segundo ela, o que deveria nos assustar não é a morte em si, mas a possibilidade de chegarmos ao fim da vida sem aproveitá-la, de não usarmos nosso tempo da maneira que gostaríamos.
Invertendo a perspectiva do senso comum, somos levados a repensar nossa própria existência e a oferecer às pessoas ao re dor a oportunidade de viverem bem até o dia de sua partida. Em vez de medo e angústia, devemos aceitar nossa essência para que o fim seja apenas o término natural de uma caminhada.
Elena (filme)
Elena viaja para Nova York com o mesmo sonho da mãe: ser atriz de cinema. Deixa para trás uma infância passada na clandestinidade dos anos de ditadura militar e deixa Petra, a irmã de 7 anos. Duas décadas mais tarde, Petra também se torna atriz e embarca para Nova York em busca de Elena. Tem apenas pistas: filmes caseiros, recortes de jornal, diários e cartas.
A todo momento Petra espera encontrar Elena caminhando pelas ruas com uma blusa de seda. Pega o trem que Elena pegou, bate na porta de seus amigos, percorre seus caminhos e acaba descobrindo Elena em um lugar inesperado. Aos poucos, os traços das duas irmãs se confundem, já não se sabe quem é uma, quem é a outra. A mãe pressente. Petra decifra. Agora que finalmente encontrou Elena, Petra precisa deixá-la partir.
Como lidar com o fim? (vídeo)
Neste vídeo, a psicanalista Maria Homem, pesquisadora e professora da FAAP, apresenta questionamentos e respostas sobre o que é a morte, a perda e os processos de luto que enfrentamos em nossas vidas. Além disso, a professora aborda as relações entre os indivíduos e a coletividade, a intercalação entre os seres humanos e os processos naturais de perda, renovação e criação de vínculos e conexões.
“Isso é elaboração do luto, é você saber aceitar a perda do objeto e ao mesmo tempo o que você conquistaria desse objeto para carregar consigo?” Questiona a psicanalista. Para ela, quando passamos por alguma perda, passamos a repetir comportamentos e traços que eram do outro, apreendemos expressões, formas de falar e desejos inacabados.
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